Quem disse que reposição hormonal é só para as mulheres? Essa terapia geralmente é indicada para homens a partir dos 40 anos, quando surgem os primeiros sintomas da andropausa, devido à deficiência na produção de testosterona. É isso mesmo. Assim como mulheres sofrem com a menopausa – e um dos sintomas é a baixa da libido – , os homens também podem sentir alterações no humor, perda de energia, baixa libido e da agilidade física.

No entanto, de acordo com um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a maioria (57%) dos homens nunca ouviram falar em andropausa e 71% desconhecem seus sintomas, mesmo que seja algo comum causado pela queda da testosterona. Também chamada de menopausa masculina, a andropausa é uma fase em que ocorre queda da produção de hormônios em homens a partir dos 40 anos, geralmente, e os impactos vão além do desejo sexual.

Segundo Hugo Gatto, especialista em implantes hormonais, a andropausa pode ser tão desconfortável quanto a menopausa, pois ambos são ocasionados pela baixa de hormônios que o corpo humano necessita para viver com qualidade. O médico explica que, durante esse período da andropausa, ocorre a diminuição da produção de testosterona, hormônio essencial para o comportamento sexual, mas que também cumpre outras importantes funções no organismo.

“A testosterona também está diretamente ligada a atividades metabólicas importantíssimas, como a produção de células do sangue, na medula óssea, na formação dos ossos, no metabolismo de lipídios e carboidratos e na função hepática, além da estreita relação nas alterações físicas e psíquicas dos homens associadas ao envelhecimento”, afirma.

A queda da testosterona no corpo pode levar não somente à diminuição da libido, mas à disfunção erétil, diminuição da energia, cansaço crônico, perda de memória e, até mesmo, diminuição da qualidade de vida. Em geral, quando é desencadeada a andropausa, pode ser indicada a terapia de reposição, já que a questão acrescenta irritabilidade e ganho de peso aos sintomas.

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Reposição hormonal: quando é indicada nos homens?

Um dos principais tratamentos para a andropausa, a terapia de reposição hormonal é indicada para todos os homens que apresentam os sintomas da condição e que não tenham contraindicação para o uso. No entanto, antes de recorrer à terapia, o paciente precisa comprovar a queda na taxa de hormônios e fazer uma análise com um especialista.

Hugo Gatto explica que a reposição é avaliada de acordo com sintomas e sinais clínicos relatados pelo indivíduo e seus exames bioquímicos, como os níveis de testosterona e outros hormônios no sangue. Quando realizada com acompanhamento de profissionais, a reposição hormonal masculina traz diversos benefícios, como a perda de peso, melhora da libido, aumento da densidade óssea e da massa muscular.

O médico finaliza explicando que a terapia de reposição hormonal pode possuir efeito colateral, mas uma prescrição correta tende a diminuir o surgimento de problemas. “Para um bom tratamento, sem efeitos adversos ou com os menores possíveis, as doses devem ser totalmente individualizadas e caminhar de acordo com a necessidade do paciente”, pontua Gatto.

Mesmo com todas essas informações, ainda existem muitos tabus relacionados à reposição hormonal masculina e à andropausa, como pontua Igor Barcelos, médico endocrinologista e metabologista

“A TRT, que é a terapia de reposição de testosterona, é indicada quando os níveis do hormônio estão baixos e não conseguem alcançar os níveis fisiológicos normais, que ficam entre 400 e 1.000. O objetivo desse tratamento é, justamente, melhorar a disposição, a energia, a libido, as ereções e fazer com que o homem voltar a produzir o que ele produzia de forma normal”.

O especialista indica que esse tratamento nos homens pode ser feito com gel, injetáveis e implantes hormonais (conhecidos também como chips hormonais), que possuem duração de seis a 12 meses, trazendo segurança, conforto e maior comodidade.

“Além disso, há quem pense que a testosterona aumenta o risco de câncer de próstata, o que não é verdade. Pelo contrário, sabe-se que baixos níveis do hormônio podem aumentar as chances do câncer na próstata”, conclui.

Principais sinais da andropausa

Os principais fatores que provocam a diminuição da libido são excesso de trabalho com poucas horas de sono, insônia crônica, que dificulta a produção de testosterona, estresse, hormônios que recebemos dos alimentos, alguns antidepressivos e ansiolíticos.

“A baixa produção desse hormônio pode levar a sintomas como diminuição da libido, fadiga, perda de massa muscular e óssea e alterações de humor. A reposição hormonal pode ajudar a amenizar esses sintomas e melhorar a qualidade de vida masculina”, afirma o médico Elias Assad.

Os principais sintomas são:

Disfunção erétil

Aumento da gordura corporal

Redução da fertilidade

Diminuição dos pelos corporais

Inchaço dos mamilos

Perda de massa óssea e muscular

Redução ou perda de libido

Dificuldade de memorização e concentração

Perda de força

Cansaço

Tristeza ou depressão em alguns casos

Sintomas aumentam insegurança e reduzem a autoestima

Clínica geral que atua com tratamento de reposição hormonal e ortomolecular, Márcia Umbelino explica que alterações hormonais, como a baixa da testosterona influenciam, não só na libido, mas também na dificuldade em ganho de massa muscular, na disposição física e no sono, e os atrapalham nas decisões, aumentando a insegurança e diminuindo a autoestima.
O tratamento realizado via implante pode auxiliar na prevenção de doenças como AVC, infarto, osteoporose, depressão, entre outras, mas é preciso acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com base em análise clínica e a realização de exames. Por isso, a médica alerta que a  reposição hormonal, com o especialista, é de extrema importância.
“Vejo muitos homens chegando ao meu consultório com efeitos contrários ao que desejavam, por realizar a reposição com quem não é especialista na área. São necessários exames para avaliar quais hormônios estão em falta, qual a dose necessária e se aquele homem necessita realmente da reposição”, afirma.

Nem sempre a reposição hormonal é o mais indicado

A médica ressalta que o tratamento para melhorar a libido não necessariamente envolve a reposição hormonal, pois diversos hábitos levam à baixa testosterona e queda da libido.

“A reposição é indicada em alguns casos e, mas o tratamento precisa ser global. Mudanças na alimentação, prática de atividades físicas, melhora do sono, regular o estresse, precisam estar incluídos no tratamento. Além disso, é preciso investigar doenças crônicas como diabetes, pressão alta, além da influência de outros hormônios no organismo. Em alguns casos, é possível estimular o aumento na produção da testosterona com suplementos e vitaminas”, detalha Márcia.
Ela cita estudos feitos no Japão, pela Universidade de Yamagata, que relacionam a baixa libido à longevidade. Então, homens com maior libido, envelhecem melhor e vivem mais. Segundo ela, o homem tem duas vias de desejo. “Até nisso eles são sortudos”, brinca a médica.

Mas, de acordo com a especialista, o homem não procura ajuda. Por uma questão social,  dificilmente os homens vão médico. Principalmente, se for para falar que está com alguma disfunção ou dificuldade em relações.

“Tenho visto, homens cada vez mais jovens  apresentar baixa libido, por alguma baixa na testosterona. Mas na maior parte das vezes, eles vêm incentivados pela parceira, ou acompanhados delas”, completa a médica.

Dá para mudar o estilo de vida e não fazer reposição hormonal

A boa notícia é que, além da reposição hormonal indicada por médicos, existem maneiras naturais de aumentar a produção desse hormônio no organismo, como explica Igor Barcelos, médico endocrinologista e metabologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – SBEM.

“Um estilo de vida não saudável é um dos principais motivos da diminuição de produção de testosterona pelo indivíduo. Por isso, coisas simples como uma boa alimentação ou dormir bem podem fazer diferença. Dormir pouco, por exemplo, não apenas ajuda a produzir o hormônio em menor quantidade, como aumenta o volume de cortisol e, consequentemente, eleva o peso do paciente”, explica.

Outras atitudes que podem colaborar para manter os níveis de produção são observar o peso do corpo – quanto mais uma pessoa obesa ou com sobrepeso consegue emagrecer, mais testosterona é produzido; evitar dietas muito restritivas, que podem afetar a produção natural do organismo; controlar as inflamações, já que altas taxas podem significar menos testosterona.

O paciente que perceba os sintomas e não consiga fazer o controle apenas a partir de uma melhora da qualidade de vida, deve buscar por um especialista. Uma vez que é detectada a necessidade de uma reposição hormonal, é preciso realizar uma série de exames para comprovar a deficiência dos hormônios. Em seguida, devem ser feitos alguns testes para excluir o câncer ativo de mama e de próstata.

Com Assessorias

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