Neste sábado, 20 de março, é comemorado o Dia Mundial Sem Carne. A data tem como objetivo conscientizar a população dos riscos da carne e de como, ao parar ou até mesmo reduzir o seu consumo, podemos contribuir para o meio ambiente e, principalmente nossa saúde. Não é de hoje que a carne e outros alimentos de origem animal passam a ser grandes “vilões” na nossa alimentação.

Doenças inflamatórias, alérgicas e neurodegenerativas se devem ao consumo do “inocente” alimento chamado leite. Já o consumo da carne se apresenta como um dos maiores males da humanidade, sendo responsável pelo surgimento de inúmeras doenças, com ênfase em várias formas de câncer.

O alerta é de Dirceu de Lavôr, médico que estuda há cerca de 40 anos a influência dos alimentos sobre a saúde. De acordo com Lavôr, especialista em clínica médica, professor e presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa em Saúde (IEPS), existe um número enorme de estudos de boa qualidade, atestando os malefícios gerados pelo consumo continuado do leite.

Ele explica que não é de hoje que temos notícias sobre o aliciamento a cientistas para a realização de pesquisas direcionadas a beneficiar empresas da área da alimentação. “O que afirmo vai de encontro ao interesse de muitos e, mais ainda, ao entendimento da população. Mas o fato é que o leite, assim como tantos outros alimentos, é posto como herói, mas na verdade são vilões da nossa saúde”, denuncia o médico.

Segundo ele, o leite é formulado para dobrar o peso dos bezerros recém-nascidos em cerca de 50 dias, assim como fazê-los aumentar até 150 kg em apenas 12 meses. Já o leite materno de humanos é composto por três vezes menos proteínas do que o leite de vaca, três vezes menos a quantidade de cálcio, três vezes menos magnésio, seis vezes menos a quantidade de fósforo, metade da concentração de potássio e bem menos gordura.

Cada espécie produz o leite de acordo com as suas necessidades. Essa desproporção traz malefícios para a saúde do ser humano, como o excesso desses componentes e o inevitável surgimento de desequilíbrios orgânicos”, explica o autor. Ele acrescenta que nos últimos anos tem aumentado a atenção para resíduos químicos, pesticidas clorados, antibióticos, herbicidas, hormônios exógenos e endógenos, que contaminam o leite e a carne. Tudo ingerido pelas pessoas.

Quanto à carne a situação não é diferente. Segundo o médico, mais do que qualquer outro alimento, ela pode constituir potencial veículo de contaminantes de natureza biológica, física ou química. “Sabemos que o tema é delicado também indo de encontro a toda uma cultura e indústrias do setor, mas como médico me sinto no dever de alertar a população. Os agravantes desse setor vão desde os absurdos da criação e do abate, passando pelo sofrimento animal até os malefícios na mesa do consumidor”, diz o indignado médico.

Para finalizar, Dirceu de Lavôr ressalta que entre as várias substâncias usadas para conservar ou dar melhor aparência às carnes se destacam os antibióticos e os nitritos, estes últimos comprovadamente cancerígenos. “Dentre os diversos alimentos que contém nitritos como conservante destacam-se os embutidos, como salsicha, linguiça, bacon, salame, presunto e mortadela”, exemplifica, concluindo que o consumo em excesso causa danos à saúde humana e é preocupante sob o ponto de vista toxicológico, uma vez que o nitrito é convertido em N-nitrosaminas, que têm ação carcinogênica após a digestão.

Movimento Segunda Sem Carne cresce no Brasil

A campanha “Meatless Monday”, conhecida no Brasil como “Segunda sem Carne”, foi originada inicialmente em 2003, nos Estados Unidos, e possui o intuito de incentivar as pessoas a reduzirem o consumo de carne ao menos um dia na semana. A prática se popularizou no país e ao redor do mundo, e já possui inúmeros adeptos em mais de 40 países.

Segundo o relatório do Instituto de Recursos Mundiais (WRI), cerca de 2 bilhões de pessoas consomem grandes quantidades de carne por dia. Tal ato pode levar a consequências sérias, como uma crise alimentar e uma catástrofe climática. Para o estudo, os países, em especial Brasil, Rússia e Estados Unidos, devem diminuir o consumo de proteína animal em 40% como forma de reverter esse cenário.

Comer carne em excesso traz inúmeros malefícios ao meio ambiente. A atividade pecuária está diretamente relacionada com as emissões de gases, por exemplo, liberando grandes quantidades de gás metano na atmosfera, que podem poluir até 21 vezes mais do que o gás carbônico.

Além disso, segundo relatórios do Banco Mundial, 91% das causas do desmatamento são causadas por essa prática, sendo 20% deste número referente à produção de grãos para alimentar os animais. O cerrado, bioma que compõe quase 25% da área do país, já teve mais de 50% de sua área devastada, segundo o IBGE. Quanto a Amazônia, a exploração do território se divide em pasto e cultivo de soja para alimentação do gado.

Uma pesquisa realizada pelo Ibope, em 2018, aponta que o número de vegetarianos vem crescendo no Brasil. Os dados indicam que 14% da população declara não comer carne. Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro este percentual sobe para 16% – estatística que representa um crescimento de 75% em relação a 2012.

Com o aumento da preocupação com as questões que envolvem o meio ambiente, englobando as condições de vida destinada aos animais, houve, simultaneamente, um crescimento da procura por uma alimentação que reduza a ingestão de produtos de origem animal como forma, inclusive, de adotar uma dieta mais saudável.

Retirar esses alimentos do prato por pelo menos um dia na semana pode trazer muitos benefícios para a saúde. Carnes, principalmente as vermelhas e processadas, podem aumentar os riscos de câncer, doenças cardíacas e outros problemas graves”, destaca Cyntia Maureen, nutricionista da Superbom , empresa que produz alimentos veganos e vegetarianos.

No entanto, a nutricionista reforça que, para que essa mudança ocorra de forma saudável, é fundamental saber como substituir e montar um prato equilibrado. “Para que a substituição ocorra da maneira correta, é preciso apostar em alimentos que sejam ricos em proteínas vegetais e complementar a refeição com vegetais e outros alimentos nutritivos, fontes de vitaminas e minerais. A lentilha, presente nas carnes veganas da Superbom, é um excelente exemplo de substituto da proteína animal”, indica.

De acordo com o Ibope, houve um crescimento rápido no interesse por produtos veganos/vegetarianos nos últimos anos. Mais da metade dos entrevistados, o equivalente a 55%, declara que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem e, 60%, comeria se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir.

Cyntia comenta que, nos dias de hoje, é possível encontrar coxinhas, steaks, hambúrgueres, “frangos”, salsichas e linguiças à base de plantas, sendo ótimas opções para quem busca diminuir a ingestão de carne sem deixar de lado o sabor e a qualidade.

Hoje em dia está muito mais fácil consumir alimentos saudáveis. Os produtos plant-based podem ser encontrados tanto em lojas físicas quanto em marketplaces, com um ótimo custo-benefício, por exemplo. Isso torna plenamente possível ter uma redução ou até mesmo uma remoção completa do consumo da proteína animal, com uma variedade de opções práticas, que, além de benéficas ao organismo, são muito gostosas”, finaliza a especialista.

O Brasil é um dos maiores consumidores de carne, ocupando a quinta posição no ranking mundial. A ingestão de proteína animal é vista como parte da cultura do país, cujos hábitos alimentares são passados de geração em geração e estimulados desde cedo.

Diferenças entre vegetarianismo, veganismo ou flexitarianismo

Estimativa feita pelo The Good Food Institute Brasil (GFI) em fevereiro de 2020 apontava que 14% da população brasileira se declara vegetariana. Já em dezembro do ano passado, o Ibope mostrou que durante o período de quarentena pelo menos metade dos brasileiros reduziram o consumo de carne.

Os motivos apontados para a mudança incluem o valor das peças nos supermercados, a busca por saudabilidade e a preocupação com o meio ambiente.Mas afinal quem são as pessoas que aderem a dieta sem carne? Entenda abaixo, em linhas gerais, quais as diferenças entre os nichos que estão ganhando cada vez mais adeptos.

À frente dessas mudanças no consumo estão os chamados flexitarianos, pessoas que procuram reduzir a ingestão de proteína animal, mas sem excluir totalmente do cardápio. Os vegetarianos são aqueles que não consomem qualquer tipo de carne, mas ainda ingerem produtos de origem animal como ovos e laticínios.

Já os veganos, além de excluir da alimentação qualquer produto de origem animal, também não consomem marcas que fazem testes clínicos em animais, independente do segmento que façam parte. A maior parte dos produtos encontrados nos mercados hoje é destinado para os flexitarianos que buscam alternativas de origem vegetal que emulem o sabor e textura da carne, na maioria das vezes usando como a proteína de soja como suplente.

Com Assessorias

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