Dados do 9° Boletim de Produção Hemoterápica Brasil da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) mostram que 57% dos doadores de sangue no Brasil foram homens e 42% mulheres. Mas, afinal, por que as elas doam menos que os homens? Existem ainda muitos mitos e verdades em torno dessa questão. Uma delas é em relação à menstruação. Afinal, a mulher pode doar sangue se estiver menstruada?
Essa é uma dúvida frequente para as mulheres. Renata Rizzo, da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), esclarece que a menstruação não é contraindicação para a doação. No entanto, condições como hipermenorréia (sangramento prolongado, acima de oito dias), ou quantidade excessiva (fluxo intenso), maior que 80 ml, durante o período menstrual, ou outras alterações menstruais devem ser consideradas na avaliação médica.
A especialista explica que “existe uma diferença entre os gêneros devido ao fato de baixo peso, hemoglobina/hematócrito abaixo do permitido, gestação, uso de medicamentos, entre outros motivos que são, em sua maioria, fatores relacionados ao sexo feminino”. O intervalo de doação para os homens é de 60 dias – no máximo 4 doações em 12 meses. Já as mulheres podem doar com intervalo de 90 dias – máximo de três doações em 12 meses.
Segundo a especialista, não é aconselhável doar sangue se a pessoa estiver com anemia. Taxas de colesterol e triglicerídeos não interferem. De acordo com a portaria do Ministério da Saúde, para doar é preciso preencher alguns requisitos como ter mais de 50 kg e ter entre 16 e 69 anos. O público entre 16 e 17 anos precisa de autorização de um pai ou responsável, e aqueles que tiverem idade entre 60 e 69 só podem doar caso já tenham doado alguma vez antes de completarem 60 anos.
Neste Junho Vermelho, mês de incentivo e conscientização sobre a doação de sangue, confira esclarecimentos sobre outras condições que podem impactar este ato por parte das mulheres.
Situações temporárias que impedem a mulher de doar:
Gravidez e Amamentação
As gestantes, mães que amamentam ou que tiveram bebê há menos de um ano não devem doar. O Ministério da Saúde proíbe a doação de sangue de gestantes e lactantes. Ao longo da gestação, o corpo apresenta um volume de 30% a 50% a mais de sangue. Não é recomendado, no entanto, que a grávida doe sangue, já que se trata de um período de vulnerabilidade, em que o organismo está concentrado no desenvolvimento do bebê.
“Durante o segundo mês de gravidez, as mulheres iniciam uma hemodiluição, o que significa que elas começam a ter aumento na produção de células vermelhas e desenvolvem um crescimento maior de plasma, sendo assim, elas tendem a desenvolver um quadro chamado de anemia fisiológica da gravidez”, explica o ginecologista Belmiro Gonçalves, membro da Comissão de Hiperglicemia e Gestação da Febrasgo.
“Por isso a Organização Mundial da Saúde (OMS), orienta que os médicos façam reposição de sulfato ferroso, já que gestantes costumam ter uma maior formação de células hematológicas. No pós-parto e durante o período de amamentação também há uma redução do ferro endógeno, fazendo com que a paciente consuma mais ferro, sendo esse também um momento não ideal para a doação”, completa o especialista.
Uso de Medicamentos
De acordo com a especialista da ABHH, cada medicamento será avaliado individualmente e em conjunto e sempre que apresentar alguma correlação com a doação de sangue, será registrado na ficha de triagem.
níveis de hematócrito/hemoglobina
Os valores mínimos aceitáveis do nível de hemoglobina/hematócrito são: Hb =12,5g/dL ou Ht =38% para as mulheres. A candidata que apresentar níveis de Hb igual ou maior que 18,0g/dL ou Ht igual ou maior que 54% será impedida de doar e encaminhada para investigação clínica.
Procedimentos e tratamentos de saúde
Alguns tipos de tratamentos, tatuagens, micro pigmentação, cirurgia, vacinas como a de Hepatite após 11 anos de idade, entre outros, também são motivos impeditivos à doação.