O inverno teve início oficialmente em 20 de junho e, apesar das temperaturas amenas registradas nas últimas semanas, segundo o último boletim do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há 69% de chances de o fenômeno climático La Niña ter início a partir do final de julho, o que deve ter impacto direto no clima de diversas regiões do país. Dito e feito: a meteorologia acertou. Depois de um ciclo de dias quentes atípicos para o inverno, o frio volta a dar as caras, colocando fim ao bloqueio atmosférico.
De acordo com a Climatempo, essa frente fria mais intensa é provocada pelo resfriamento do Oceano Pacífico equatorial, em razão do La Niña. A mudança no clima iniciou no último fim de semana e promete se intensificar, avançando do Sul em direção ao Sudeste. Com isso, as temperaturas caíram em vários estados brasileiros. No Rio de Janeiro, as temperaturas despencaram desde a tarde de segunda-feira (29).
Diante das quedas nos termômetros, é preciso ficar atento aos cuidados com a saúde para evitar doenças. Nos estados do Sudeste e Sul, por exemplo, há maior probabilidade de redução nos níveis de chuvas, o que pode afetar diretamente a saúde respiratória da população. Para o professor da Escola de Saúde do Centro Universitário Facens, Bruno Moneta, explica que as variações do clima típicas do período já podem ser observadas.
A Região Sudeste vem enfrentando estiagem, baixa umidade do ar e alta amplitude térmica, com noites e manhãs frias e dias quentes. Por esses motivos, as pessoas podem apresentar dificuldades respiratórias como secura e irritação nasal, reações alérgicas devido à poluição, aumento na produção e retenção de muco nas vias respiratórias, o que pode levar a infecções”, explica.
Isso ocorre, segundo o professor, devido ao ar seco, que desidrata as mucosas do nariz, garganta e faringe. A ocorrência de reações alérgicas também são comuns, de acordo com especialista, “o que pode acarretar no surgimento de rinite, sinusite, crises asmáticas e agudização de doenças respiratórias crônicas, principalmente em idosos”.
Além disso, o professor ressalta que as temperaturas mais baixas favorecem a disseminação de microorganismos, cenário que amplia a transmissibilidade de doenças virais respiratórias como gripe comum, H1N1 e Covid. Ainda de acordo com ele, “podem haver complicações de doenças virais, como sinusite e pneumonias”. Neste período é de extrema importância a ingestão adequada de líquidos para manter a umidade nas vias aéreas.
“Leva um casaco”: a dica das mães também é válida
O especialista reforça a importância de evitar a exposição prolongada a temperaturas baixas, ao sereno e à poluição, por isso, recomenda o uso de roupas adequadas para que o corpo não perca calor. Além dos cuidados nutricionais e com as vestimentas, ele também sugere cuidados adicionais nos períodos mais intensos de estiagem, como a lavagem nasal com soro fisiológico para mantê-lo úmido e hidratado.
O profissional reforça ainda a importância da alimentação balanceada e saudável e a prática de atividades físicas para manter a imunidade estável. “Devemos abusar de frutas cítricas ricas em vitamina C, alimentos ricos em glutamina – como carnes, peixes, ovos, laticínios, grão de bico, soja, lentilha e feijão – e alimentos ricos em ômega 3 e vitamina D”, enfatiza.
Também é importantíssimo evitar aglomerações, locais confinados e com baixa umidade e contato com pessoas com diagnóstico de doenças respiratórias transmissíveis. Caso tenha contato, é preciso usar máscara e higienizar as mãos”, comenta.
Umidificador de ar pode ser aliado, mas exige atenção
O tempo seco e a presença de muitas partículas de poluentes no ar podem agravar os problemas respiratórios. Por isso, manter o ambiente arejado e iluminado durante o dia é ideal, mas o uso de umidificadores de ar pode ser uma medida adicional benéfica se usado corretamente.
Quando o aparelho fica ligado por períodos longos, causa um excesso de umidade, o que pode trazer mais problemas do que alívio, uma vez que fungos e bactérias se proliferam em alta umidade”, explica.
O profissional recomenda que ao utilizar o aparelho, é preferível ligá-lo com antecedência de três a quatro horas antes de dormir para alcançar uma boa umidade no ambiente.
Se for necessário manter o equipamento ligado durante a noite, ajuste-o para a intensidade mínima e mantenha uma porta aberta para permitir o escape do excesso de partículas de água. Uma toalha de rosto úmida perto da cama também pode ajudar a melhorar a umidade do ar, enquanto as bacias com água são ineficientes”, acrescenta.
Atenção também deve ser dada aos aquecedores com resistência (calor seco) e aparelhos de ar condicionado na função quente, que são grandes vilões da umidade do ar. O professor ressalta que, nesses casos, o uso de umidificadores é imprescindível. “Manter o ambiente limpo, livre de poeira, e evitar cortinas e tapetes também contribuem para a saúde respiratória, especialmente para grupos de risco”, finaliza.
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Frente fria demanda cuidados específicos aos idosos
Com a chegada de dias mais gelados, é fundamental intensificar os cuidados com os idosos. As condições climáticas podem aumentar o risco de escorregões e quedas, tornando indispensável o uso de calçados adequados e a manutenção de ambientes livres de obstáculos para os idosos. Além disso, a baixa temperatura pode acentuar sintomas de doenças respiratórias crônicas, exigindo uma vigilância constante dos sinais como tosse persistente e falta de ar, para um diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
“É fundamental que, durante este período, familiares e cuidadores estejam atentos às necessidades específicas do idoso, proporcionando um ambiente seguro e confortável”, ressalta Jéssica Ramalho, cofundadora e diretora de Operações da Acuidar, rede de cuidadores especializados.
Para a especialista, essa atenção é essencial, uma vez que a recuperação de possíveis lesões por quedas ou de sintomas de condições respiratórias, é mais difícil no período. Diante desse cenário, confira alguns métodos evidenciados pela especialista, pensados no intuito de garantir o conforto dos idosos durante a estação.
- Prevenção de quedas
Os idosos estão mais suscetíveis a quedas durante o frio devido a uma combinação de fatores. Primeiramente, a diminuição da temperatura pode causar rigidez muscular e articular, reduzindo a flexibilidade e o equilíbrio. Além disso, a sensação gelada tende a aumentar a contração dos vasos sanguíneos periféricos, o que pode levar a uma diminuição do fluxo sanguíneo para os músculos das pernas, prejudicando ainda mais a estabilidade ao caminhar. A fragilidade óssea, comum em idosos devido à osteoporose, também contribui para o risco de fraturas em caso de quedas.
Para evitar esses incidentes, é essencial que os idosos usem calçados adequados, com solados antiderrapantes, e mantenham os ambientes domésticos livres de obstáculos. Vale ressaltar que incentivar a prática regular de exercícios físicos para manter a força muscular e o equilíbrio é fundamental para reduzir o risco de quedas durante o período frio.
Outra medida preventiva importante é garantir que os ambientes estejam bem iluminados, especialmente durante o inverno, quando os dias são mais curtos e a visibilidade pode ser reduzida. A instalação de corrimãos nas escadas e barras de apoio no banheiro também são recomendadas para proporcionar suporte adicional aos idosos.
2. Tratamento de condições respiratórias
Para os idosos, a cautela com doenças respiratórias e crises alérgicas durante o inverno deve ser maior, devido à uma maior vulnerabilidade. É fundamental que se mantenham bem aquecidos, utilizando roupas adequadas para o frio e evitando mudanças bruscas de temperatura. Ambientes bem ventilados e livres de poeira e mofo são essenciais para reduzir o risco de alergias respiratórias, que podem ser exacerbadas durante esta estação.
Junto a isso, é importante manter-se hidratado adequadamente, pois a mucosa das vias aéreas tende a ressecar mais facilmente durante o inverno, aumentando o risco de infecções.
Com Assessorias