Casos como o do jornalista Artur Xexéo, que morreu precocemente em junho de 2021, pouco depois de iniciar tratamento para combater um Linfoma Não Hodgkin, voltam a atenção dos brasileiros para a doença, que é um tipo de câncer que atinge o sistema linfático. Anteriormente, figuras públicas como os atores Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari e a ex-presidente Dilma Rousseff trataram a enfermidade.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que mais de 15 mil casos de linfoma tenham sido diagnosticados no Brasil, em 2020, entre Hodgkin ou não-Hodgkin, com aproximadamente cinco mil óbitos ocasionados pela doença. O linfoma deve afetar mais de 12 mil pessoas por ano, segundo as estatísticas do Inca referentes ao período de 2020 a 2022.

E a tendência é que se fale ainda mais sobre os “Linfomas Não Hodgkin”, pois, ainda de acordo com o Inca, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. As razões são desconhecidas e o linfoma é diagnosticado em pessoas de todas as idades, apesar de ser mais comum à medida que as pessoas envelhecem.

Mas do que se trata esse tumor? Para alertar a população sobre a doença, 15 de setembro é considerado o Dia Mundial da Conscientização sobre Linfomas.

“De maneira geral, é possível afirmar que o linfoma tem cura e as chances do paciente alcançar esse desfecho são bastante altas. Porém, a resposta ainda varia de acordo com as características da doença e do paciente”, explica a hematologista Juliane Musacchio, do Grupo Oncoclínicas no Rio.

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Sistema linfático, a proteção do organismo

Especialistas explicam que linfomas são conjuntos de tumores com origem nas células do sistema linfático, essencial para a proteção contra doenças. O sistema linfático é composto por órgãos, vasos, tecidos linfáticos e pelos linfonodos, que se distribuem em posições estratégicas do corpo para ajudar na defesa contra infecções.

Esse sistema produz e transporta os glóbulos brancos, células que combatem as infecções e participam do sistema imunológico. Existem 80 subtipos do Linfoma Não Hodgkin, porém, duas grandes classes: os linfomas de células B, com cerca de 90% de incidência, e os de células T, apenas 10% dos casos prevalentes e que acometeu Xexeo.

O linfoma ocorre quando as células normais do sistema linfático sofrem mutações e passam a se multiplicar sem parar, disseminando-se pelo organismo e se dividem em dois tipos: linfoma de Hodgkin (LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH). Ambos apresentam comportamentos, sinais e graus de agressividade diferentes.

A principal diferença está nas células doentes: o LH é caracterizado pela presença de células grandes e facilmente identificáveis no linfonodo acometido. Já o LNH não tem um perfil celular característico e possui vários subtipos.

Ele ressalta que linfoma não Hodgkin é mais comum que o linfoma de Hodgkin. “O linfoma não Hodgkin não é uma doença, mas uma categoria de câncer com alguns subgrupos divididos, primordialmente, em tipo agressivo ou indolente. A incidência aumenta com a idade, a média é de 67 anos”.

Sobre o outro tipo, o médico salienta. “O linfoma de Hodgkin pode acometer tanto crianças como adultos, mas é mais comum no início da idade adulta, especialmente na faixa dos 20 anos. O risco de linfoma aumenta novamente após os 55 anos. Em geral, a idade média do diagnóstico é 39 anos”, afirma o hematologista.

Tipos diferentes, sintomas semelhantes

Os sintomas dependem do tipo da doença, sendo os mais comuns: aumento dos gânglios, do fígado e do baço, febre, perda de peso e sudorese noturna.  E os menos comuns: envolvimento extraganglionar, ou seja, de outros órgãos como do sistema nervoso central, ou pulmão e pele, achados laboratoriais anormais e até mesmo quadros clínicos emergenciais como compressão da medula espinhal por alterações ósseas.

O hematologista Adriano Arantes, que atende no centro clínico do Órion Complex, esclarece que apesar dos dois tipos existentes de linfoma, os sintomas podem ser semelhantes.

“Como o aumento de gânglios linfáticos, perda de peso, febre e sudorese noturna, além de aumento de órgãos como baço e fígado”, detalha ele, afirmando que alguns diagnósticos podem demorar. “Paciente demoram a perceber ou procurar o hematologista pois podem estar assintomáticos. Pode-se fazer ainda um diagnóstico diferente, para doenças infecciosas, inflamatórias e neoplasias de outras origens”, conta.

Não existe prevenção para linfomas

Infelizmente, essa não é uma enfermidade que é possível se prevenir. “Não existe prevenção para linfomas, embora sabemos que algumas doenças como HIV aumentam em várias vezes a chance de se ter linfoma. O importante é conhecer sobre a doença e procurar um hematologista caso perceba aumento de gânglios (ínguas), perda de peso, febre de causa desconhecida ou suores noturnos”, explica o especialista, revelando que a doença pode ser curada.

“É possível cura, principalmente com os linfomas de Hodgkin e os linfomas não Hodgkin difuso de grandes células B. Os tratamentos dependerão do subtipo associados a características clínicas do paciente como idade, comorbidades, disfunções orgânicas”.

As chances de cura ou taxas de sobrevida são elevadas. Segundo ela, a avaliação inicial deve determinar o estágio da doença, identificar as comorbidades que podem afetar a tolerância à combinação de quimioterapia e/ou radioterapia e considerar as complicações do linfoma. As terapias podem variar para cada tipo e cada paciente.

Homenagem a Xexeo – O escritor Artur Xexéo foi homenageado no sábado (25/9) em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Ele morava no bairro que agora tem uma placa com seu nome e um resumo de sua trajetória. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), foi o idealizador da homenagem, que reuniu amigos, irmãos e o viúvo, Paulo Severo.

Com Assessorias (atualizado em 25/9/21)

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