Estima-se que um a cada seis homens terá câncer de próstata ao longo da vida. Este é o tipo de tumor mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele não-melanoma. A doença tem relação com o envelhecimento, fatores  genéticos e com o estilo de vida. Por isso, a orientação é para que os homens com mais de 50 anos conversem com os médicos sobre os exames de rastreamento. Tanto a incidência quanto a mortalidade por câncer de próstata aumentam significativamente depois desta idade.

Sondagem realizada em parceria pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer e a HSR Health revela que 81% da população acham que o histórico familiar é a principal condição relacionada ao câncer de próstata. Ter um parente de primeiro grau com diagnóstico de câncer de próstata aumenta a probabilidade de desenvolver a doença. Mas o fator de risco mais importante para este tipo de câncer é a idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Depois podemos destacar a história familiar, raça – homens negros tendem a desenvolver tumores mais agressivos –  obesidade, sedentarismo e dieta”, afirma o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer, integrante do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer.

Homens querem mais informações sobre a doença

A pesquisa Novembro Azul – A Visão de Homens sobre Prevenção e Tratamento traz ainda um resultado altamente positivo. Para 94% dos 500 entrevistados, com idade entre 18 e 65 anos, o câncer de próstata tem cura. Essas pessoas representam todas as classes econômicas. O estudo também quis entender quais hábitos, segundo os entrevistados, estariam mais relacionados ao câncer de próstata. Outros 47% colocam o tabagismo como fator causador da doença. O consumo de bebidas foi apontado por 34% da população.

A pesquisa também revelou o interesse dos homens sobre os tratamentos sobre a doença: 85% dos brasileiros citam a prevenção do câncer de próstata como um tema a ser mais divulgado. Informações sobre diagnósticos e tratamentos, ambos com 32%, são assuntos que também precisariam de maior divulgação. Dos entrevistados, 64% disseram que buscariam informações sobre terapias num possível diagnóstico de câncer de próstata.

Outro ponto abordado foi sobre quais informações o homem diagnosticado com câncer de próstata buscaria em primeiro lugar. Um total de 64% da população masculina teria interesse com maior brevidade em dados sobre tipos de tratamentos para a doença. Em seguida, vieram, na ordem, sucesso de cura (19%), o que é a doença (10%), efeitos colaterais (5%) e possíveis sequelas (2%).

O levantamento ouviu 500 pessoas, de 18 a 65 anos, de todas as classes sociais. O recorte sobre o câncer de próstata faz parte da sondagem “Outubro Rosa e Novembro Azul”, em outubro de 2019.

Lei dos 60 dias

O estudo quis saber o tempo máximo que as pessoas deveriam receber seu primeiro tratamento na rede pública após receber diagnóstico de câncer. A maioria da população menciona uma expectativa de, no máximo, 13 dias. Apenas 3% mencionaram 60 dias, conforme a Lei nº 12.732/12 (de 23/05/2013) para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Esse dado é bastante importante para o desenvolvimento de políticas públicas na área da Saúde, pois demonstra que as pessoas se dispõem a aguardar  quase duas semanas para iniciar o tratamento. Sessenta dias, como estabelece a lei atual, pode ser um tempo muito longo para uma doença estigmatizada pela agressividade, se não for cuidada a tempo”,  diz Bruno Mattos, diretor da HSR Health e responsável pela pesquisa.
Ele lembra que o Senado aprovou, na segunda quinzena de outubro de 2019, projeto de lei que altera o prazo de início do tratamento pelo SUS para 30 dias. Essa mudança será incluída na Lei 12.732, assim que sancionada pelo presidente da República.

Doença tipicamente de idosos

O oncologista e diretor da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Hézio Fernandes, explica que, à medida que uma pessoa envelhece, ela fica mais suscetível ao desenvolvimento de cânceres em geral. Por isso a idade é um dos principais fatores de risco do câncer de próstata. De acordo com o médico, nesse tipo de câncer, a imensa maioria dos homens é diagnosticada somente depois dos 60 anos.

No entanto, segundo ele, os maiores acessos a urologistas, campanhas de detecção precoce e maior sensibilidade dos métodos de diagnóstico têm contribuído para que haja um aumento de resultados, muitas vezes em homens mais jovens. É por isso que as inúmeras campanhas feitas são importantes.

Dr. Hézio adiciona outros fatores de risco para os quais o indivíduo deve estar atento: “obesidade e sedentarismo também podem contribuir para maior chance de desenvolvimento de tumores prostáticos.” Além desses, há também o histórico familiar e a exposição a substâncias químicas como fuligem e hidrocarbonetos.

A raça negra deve ficar atenta, pois é mais suscetível ao câncer de próstata. Alimentação saudável e um estilo de vida com prática de atividades físicas são fundamentais para evitar todos os tipos de cânceres. Deve-se evitar também o consumo de tabaco e ingestão de álcool em excesso”, acrescenta Edson Amaral, urologista da clínica Amor Saúde de Ipatinga (MG).

A importância do diagnóstico precoce

O exame preventivo é fundamental para o diagnóstico e tratamento precoce e deve ser realizado anualmente a partir dos 50 anos em quem não tem histórico familiar e dos 40 em quem já possui algum familiar com a doença. Hézio Fernandes alerta sobre a importância da realização de exames antes mesmo da aparição de algum sinal.

O diretor da SBC explica o problema do diagnóstico tardio como o fato de que “a enorme maioria dos sintomas relacionados ao câncer propriamente dito estão relacionados com a doença avançada.” Dessa forma, ele ressalta que jamais se deve aguardar o aparecimento de sinais para realizar exames, afinal, os melhores resultados de tratamento, inclusive de cura, são quando há a detecção do tumor em fases iniciais.

É uma doença silenciosa e assintomática, por isso grande parte dos homens é diagnosticado quando o câncer de próstata já avançou. Cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura”, completa Dr Edson.

Há uma estratégia para resolver esse problema, explica o médico, que seria o “screening”, que consiste em toque retal e dosagem do PSA, ou rastreamento de homens assintomáticos. O foco dessa técnica seria o de encontrar tumores em fases precoces para que seja promovido o tratamento curativo. O ideal, completa Fernandes, seria o início do rastreamento a partir dos 50 anos.

O tratamento do câncer de próstata pode variar, desde simples observação até o tratamento cirúrgico. segundo Dr. Hézio Fernandes, atualmente, novas drogas e estratégias de abordagem têm contribuído com maior qualidade de vida para os pacientes. 

Com Assessorias

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