Os prontos atendimentos pediátricos de todo o Brasil voltaram a ficar cheios — justamente agora, quando teoricamente deveríamos ver uma queda de casos respiratórios. Mas outubro e novembro de 2025 trouxeram um cenário totalmente fora do previsto: crescem os casos de influenzaaumentam as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças, e as curvas sazonais apresentam um comportamento completamente atípico.

Esse movimento tem sido monitorado por instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Nos consultórios, a cena se repete: crianças com febre persistente, tosse forte, nariz escorrendo, vômitos após tosse, dificuldade para respirar e complicações como otite e pneumonia.

E uma pergunta ecoa entre pais e mães:

“Por que meu filho está doente agora, se já estamos na primavera?”

A resposta envolve o comportamento viral, a imunidade da população, mudanças climáticas e, principalmente, o modo como voltamos a conviver — e circular — depois da pandemia.

A seguir, você entende por que isso está acontecendo, quais são os sinais de alerta, quando procurar atendimento e como proteger as crianças e os familiares vulneráveis neste fim de ano.

Por que tantos casos de influenza, vírus respiratórios e gastrointestinais agora?

Embora a influenza seja tradicionalmente mais forte no outono-inverno, a SBP, a SBI e a Fiocruz têm registrado picos fora de época desde 2022 — tendência que continua em 2024 e 2025.

Principais motivos:

1. Mudanças no comportamento viral

Com a menor circulação viral durante a pandemia, vírus como influenza, VSR e adenovírus encontram agora uma população — especialmente de crianças pequenas — com menos repertório imunológico recente.

2. Retorno às rotinas coletivas

Escolas, viagens, festas e ambientes fechados aceleram a transmissão. Pequenas elevações na circulação viral se transformam rapidamente em surtos pediátricos.

3. Mudanças climáticas

Primaveras mais frias e instáveis, além de aumento de poluentes, favorecem infecções respiratórias.

4. Baixa imunidade entre crianças pequenas

Grande parte das crianças menores viveu a primeira infância em ambientes reduzidos, o que contribuiu para o chamado déficit de repertório imunológico.

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Sintomas mais comuns observados nas crianças

  • Febre alta ou persistente.
  • Tosse seca ou produtiva.
  • Nariz entupido ou escorrendo.
  • Dor de garganta.
  • Vômitos pós-tosse.
  • Prostração.
  • Dores musculares.
  • Respiração rápida.
  • Chiado no peito.
  • Recusa alimentar.

Se notar febre persistente, dificuldade para respirar ou piora súbita, procure o Pronto Atendimento Pediátrico do Neocenter Felício Rocho. Estamos prontos para acolher sua família.

Sinais de alerta: quando levar ao Pronto Atendimento

A SBP indica atenção imediata se a criança apresentar:

  • Febre por mais de 72h ou que reaparece.
    Dificuldade para respirar (costelas marcando, respiração muito rápida, batimento de asa do nariz).
  • Chiado no peito.
  • Vômitos repetidos.
  • Desidratação.
  • Manchas pelo corpo.
    Sonolência excessiva ou irritabilidade intensa.
  • Qualquer piora súbita.

Como a doença se manifesta por faixa etária

Neonatos (0–28 dias)

  • Febre = emergência.
    Evolução rápida.
  • Observação hospitalar frequente.

Lactentes (1–12 meses)

  • Vias áreas pequenas → mais desconforto respiratório.
  • Queda de oxigênio e bronquiolite são mais comuns.

1 a 5 anos

  • Faixa etária mais afetada.
  • Complicações frequentes: otite, sinusite, pneumonia.

6 a 12 anos

  • Febre alta e tosse prolongada.
  • Grande transmissor escolar.

Adolescentes

  • Sintomas semelhantes aos adultos.
  • Risco maior em asmáticos e alérgicos.

Evoluções possíveis: quando deixa de ser “só viral”

  • Pneumonia viral ou bacteriana.
  • Otite média aguda.
  • Broncoespasmo/sibilância recorrente.
  • Sinusite.

Tratamento: o que realmente funciona

A SBP e a SBI reforçam:

1. Não existe tratamento milagroso para “cortar gripe

  • Antibióticos não tratam vírus.
  • Xaropes mucolíticos e descongestionantes não são recomendados para menores de 6 anos.

2. O foco é:

  • Hidratação.
  • Lavagem nasal.
  • Controle da febre.
  • Repouso.
  • Monitorar a respiração.

3. Antivirais

Indicação restrita e apenas após avaliação médica.

Prevenção: o que as famílias podem fazer agora

A primavera está diferente — e o fim do ano promete encontros, viagens e aglomerações.

  • Vacinação atualizada.
  • Evitar ambientes fechados durante surtos escolares.
  • Lavar as mãos com frequência.
  • Ventilar ambientes.
  • Manter a criança afastada da escola enquanto estiver transmitindo.

Fim de ano chegando: atenção redobrada com idosos e imunossuprimidos

Crianças pequenas, mesmo com sintomas leves, transmitem muito.

Recomendações:

  • Evite beijos em recém-nascidos, idosos e imunossuprimidos.
  • Se houver sintomas, reagende o encontro.
  • Prefira ambientes abertos.
  • Leve álcool em gel.
  • Mantenha as vacinas em dia.

O objetivo não é afastar a família — é proteger quem mais precisa.

Procure o PA se:

  • A respiração estiver difícil.
  • A febre ultrapassar 72 horas.
  • Houver chiado ou retração das costelas.
  • Houver vômitos persistentes.
  • Houver suspeita de pneumonia ou otite.
  • O instinto dos pais sinalizar preocupação.

O cuidado rápido reduz complicações e acelera a recuperação.

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