O Brasil está desde maio em estado de alerta por conta da ocorrência de casos de gripe aviária em pontos isolados do país. Como a doença não tem cura e não tem vacina para humanos, cresce nas instituições de pesquisa a busca pela descoberta de formas de diagnóstico e tratamento. Uma boa notícia vem da Fiocruz Amazônia, que vem trabalhando em pesquisas para o desenvolvimento de testes rápidos destinados à detecção do vírus H5N1, causador da gripe aviária.

Um dos estudos já se encontra em fase de testes, inicialmente com genes sintéticos e extrações de isolados de cultura, visando a padronização do ensaio, utilizando abordagens moleculares e imunológicas. Segundo o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Fiocruz Amazônia, os novos testes podem chegar a um tempo de espera pelo resultado inferior a 20 minutos.

“Buscamos deixar o ensaio pronto para padronização com amostras reais, a ser realizada em laboratórios com o nível de segurança biológica apropriado, caso venha a se tornar necessário”, explica o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Luis André Morais Mariúba, membro do Laboratório de Diagnóstico e Controle de Doenças Infecciosas na Amazônia (DCDIA), que conduz o estudo.

Estes ensaios permitem a detecção do vírus entre 15 e 20 minutos. A aplicação deste em amostras frescas poderá ser de grande contribuição para o enfrentamento atual da doença em granjas”, observa o coordenador do NIT da Fiocruz.

O pesquisador explica a importância do avanço das pesquisas nessa área, citando o risco cada vez maior de surgimento de emergências sanitárias mundiais a partir dos surtos já registrados da gripe aviária em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, onde foram relatados casos em aves.

A situação já preocupa as autoridades sanitárias de diversos países e o momento atual é de monitoramento e controle da doença. A proposta é de que os testes sejam utilizados por agentes de saúde durante emergências sanitárias”, afirma Maríúba.

O projeto de pesquisa visa o desenvolvimento de insumos para o diagnóstico de H5N1 utilizando anticorpos de galinha e ensaios moleculares. O pesquisador salienta que as pesquisas poderão avançar ainda mais. “Os ensaios até o momento já realizados são promissores, já estamos programando novos testes em colaboração com a Universidade de São Paulo”, antecipou.

Entenda a pesquisa da Fiocruz

Segundo ele, a equipe do laboratório trabalha em três frentes: produção de anticorpos extraídos de gemas de ovos de galinha (IgY); produção de anticorpos recombinantes scFv de origem galinácea; desenvolvimento de teste molecular rápido com detecção em fita com anticorpos scFv de origem galinácea.

Segundo o pesquisador, os anticorpos IgY foram produzidos com sucesso utilizando peptídeos baseados no antígeno H5. “Iniciamos os ensaios em fitas imunocromatográficas; os anticorpos scfv foram desenvolvidos contra os antígenos H5 e N1, e estão atualmente em análise quanto a sua especificidade à estes antígenos; os ensaios moleculares rápidos foram padronizados com sucesso, sondas específicas para a detecção do gene H5 foram desenvolvidas. Novas sondas também serão testadas, assim como buscaremos desenvolver fitas de origem nacional”, enumera.

Mariúba afirma que, em todas as frentes de trabalho (1, 2 e 3), são aguardados padrões a serem enviados por instituto internacional parceiro para melhor verificação da sensibilidade e especificidade dos insumos produzidos. Com contribuição dos resultados do projeto para o enfrentamento da H5N1, ele considera que, para uso imediato, é possível testar em campo o ensaio molecular rápido, por enquanto, utilizando as fitas imunocromatográficas internacionais.

Além de Mariúba, participam do estudo a pesquisadora Helena Laje, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e o pesquisador Felipe Naveca, além de alunos do Programa de Pós-graduação em Biologia da Interação Patógeno-hospedeiro, mestrandas Alice Alencar e Darleide Braga, a pesquisadora Juliane Glória (Fiocruz Amazônia) e empresa EZscience. A pesquisa é financiada pelo CNPq pela Chamada CNPQ/MCTI Nº 17/2023 – Pesquisas para Enfrentamento da Gripe Aviária H5N1.

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Fonte: Agência Fiocruz

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