O influenciador e apresentador Gominho, de 36 anos, revelou recentemente ter perdido cerca de 50 kg desde que iniciou um processo de reeducação alimentar, prática regular de exercícios físicos e o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida), conhecido como o “Ozempic dos ricos”.  Na contramão do sigilo de muitas celebridades, Gominho foi direto ao assunto em entrevistas e confirmou o uso da medicação com acompanhamento médico e que, desde então, sua relação com a comida mudou radicalmente.

A medicação chegou há pouco tempo no Brasil, mas já é quase item de luxo: custa entre R$ 1.500 e R$ 4 mil, dependendo da dosagem. Vídeos com a hashtag #mounjaro somam mais de 600 milhões de visualizações no TikTok, impulsionados por celebridades internacionais como Kim Kardashian e Elon Musk, e rumores de uso no Brasil por nomes como Naiara Azevedo e Fabiana Karla.

Mas será que o Mounjaro é tudo isso mesmo?

Rodrigo Schöder, médico nutrólogo com mais de 1 milhão de seguidores nas redes. explica como funciona a medicação e desmistifica o “milagre”. “Não é mágica, é ferramenta” – Rodrigo explica que o Mounjaro é, de fato, um medicamento aprovado tanto para diabetes tipo 2 quanto para controle de peso em pessoas com obesidade ou sobrepeso com comorbidades.

A tirzepatida foi aprovada originalmente para diabetes tipo 2 e, em 2024, recebeu indicação formal para ‘controle crônico de peso’ em obesidade e sobrepeso com comorbidades, tanto pela FDA quanto pela Anvisa. Portanto, hoje é sim um fármaco antiobesidade, embora continue a tratar distúrbios metabólicos de forma mais ampla”, afirma.

A perda de peso, segundo ele, “costuma aparecer após 4-6 semanas e atinge platô por volta de 9-12 meses. Sem reeducação alimentar e atividade física, o benefício diminui, e o peso tende a voltar após a suspensão”.

Menos fome, mais saciedade. Um dos motivos do sucesso da tirzepatida é sua atuação direta no centro da saciedade do cérebro. “É agonista duplo de GLP-1 e GIP. O GLP-1 retarda o esvaziamento gástrico e sinaliza saciedade ao hipotálamo; o GIP potencializa esse efeito, resultando em menor ingestão calórica”, explica Rodrigo.

Mas os efeitos colaterais existem — e não devem ser ignorados. “Nos estudos head-to-head (SURPASS-2), o perfil de eventos gastrointestinais — náusea, vômito, diarreia — foi semelhante ou discretamente maior com tirzepatida em comparação à semaglutida 1 mg (Ozempic). Não há evidência de que seja ‘mais leve’”, alerta.

O médico também reforça que “é medicamento de prescrição, contraindicado para menores de 18 anos, gestantes, lactantes, pacientes com pancreatite ou história familiar de carcinoma medular de tireoide, entre outras situações. Precisa de avaliação médica individual.”

Ferramenta e não cura definitiva – Outro mito que o especialista derruba é o de que o Mounjaro oferece resultados permanentes. “Sem manutenção farmacológica ou mudança de estilo de vida, 50-70% do peso perdido tende a ser recuperado em 1-2 anos. A tirzepatida é ferramenta de controle crônico, não ‘cura’ definitiva.”

Para quem, como Gominho, viu na medicação uma chance de ressignificar a relação com o corpo, o recado final é direto: “A gente não pode terceirizar 100% da saúde para um remédio. Ele ajuda, mas a base continua sendo alimentação, movimento e constância.”

Como manter o peso após Mounjaro e evitar o efeito sanfona sem depender da medicação

Mudanças no estilo de vida são fundamentais para preservar os resultados a longo prazo.
Mounjaro (tirzepatida) tem se destacado como uma solução eficaz para emagrecimento e controle do diabetes tipo 2. Seu mecanismo de ação reduz o apetite e melhora o metabolismo, resultando em uma perda significativa de gordura corporal. Entre os principais benefícios da medicação estão o controle glicêmico, a melhora da resistência à insulina e a redução do risco de doenças cardiovasculares. No entanto, a manutenção do peso após o tratamento depende de mudanças no estilo de vida, já que muitas pessoas enfrentam dificuldades ao interromper o uso do medicamento, correndo o risco de recuperar os quilos eliminados. “O mais importante não é apenas perder peso, mas entender como mantê-lo de forma sustentável”, afirma Felipe

Archangelo, médico especialista em emagrecimento da clínica Leger, em São Paulo. Embora a Mounjaro seja uma ferramenta eficaz, seu uso isolado não garante resultados duradouros. O maior desafio surge após o fim do tratamento, quando o organismo pode voltar a sentir mais fome e tentar recuperar o peso perdido. Para evitar o efeito sanfona, é essencial adotar hábitos saudáveis de forma contínua, como ajustes na alimentação, fortalecimento muscular com exercícios resistidos (musculação) associados ao aeróbico e acompanhamento metabólico e hormonal.

“A transição precisa ser planejada. Estratégias como o aumento gradual do consumo calórico, a priorização de proteínas e a manutenção da atividade física são fundamentais para evitar o reganho de peso”, explica Archangelo. Além disso, tratamentos estéticos, como bioestimuladores de colágeno, radiofrequência e procedimentos de contorno corporal, ajudam a preservar a firmeza da pele e aprimorar os resultados.

Celebridades como Elon Musk, de 52 anos, que confirmou publicamente o uso de Mounjaro e relatou sua preferência pelo medicamento em relação ao Ozempic, e Oprah Winfrey, de 70 anos, que revelou ter incluído um remédio para emagrecimento como ferramenta para evitar o efeito sanfona, adotaram estratégias diferentes para manter a nova silhueta. Musk combina dieta low-carb com treinos de resistência, enquanto Oprah aposta no equilíbrio alimentar e no apoio psicológico. No Brasil, Jojo Todynho, de 27 anos, utilizou Ozempic antes de realizar sua cirurgia bariátrica, destacando que seu foco era a saúde e a prevenção da diabetes.

Após a operação, ela reforçou sua rotina de treinos com musculação e acompanhamento nutricional. Esses exemplos mostram que a manutenção do peso vai além da medicação e exige um compromisso contínuo com hábitos saudáveis. Com o acompanhamento médico adequado, os resultados podem ser ainda mais consistentes. “O sucesso do emagrecimento não está apenas na perda de peso, mas na capacidade de manter os resultados a longo prazo. Combinar alimentação balanceada, atividade física e tratamentos estéticos pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e na autoestima”, ressalta o Dr. Felipe Archangelo.

Para quem faz uso do Mounjaro, o emagrecimento deve ser encarado como parte de uma transformação completa, garantindo que os resultados sejam duradouros e sustentáveis. Estudos mostram que pacientes que interrompem o medicamento sem ajustes na alimentação e na rotina de exercícios tendem a recuperar parte do peso perdido, o que reforça a importância de um plano de manutenção adequado. “Não existe fórmula mágica. O mais importante é entender que o medicamento pode ser um suporte, mas o controle do peso a longo prazo depende de uma abordagem completa e personalizada”, conclui Archangelo.

 

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