Mestre em Educação e professora de Fisioterapia há 20 anos, Cleide Câmara é cadeirante por sequela de poliomielite. A limitação física não a impede de transbordar conhecimento, disciplina, perseverança e liderança, ensinamentos que transmitem esperança aos pais e responsáveis por dezenas de crianças da Baixada Fluminense.
Em parceria com o Sistema Único de Saúde – SUS e a Unigranrio, onde é professora-adjunta das disciplinas de Pediatria e do estágio supervisionado, Cleide criou em 2018 o Núcleo de Atendimento à Criança Especial (Nace) na Policlínica Duque de Caxias (PDC).
De lá para cá, dezenas de mães e responsáveis por bebês com paralisia cerebral, hidrocefalia, síndrome de Down, síndrome de West, mielomeningocele, além de outros comprometimentos neurológicos da infância, são atendidos durante consultas e atividades com professores e alunos. Atualmente são atendidas cerca de 60 crianças, mas ainda há vagas abertas durante este semestre.
Exemplo de superação e de motivação, é a própria Cleide quem recebe diariamente todas as mães que chegam à primeira consulta, desanimadas pelo diagnóstico de seus filhos, acreditando, muitas vezes, que tudo está perdido.
É extremamente gratificante olhar o sorriso estampado no rosto de cada mãe, ao final de cada 40 minutos de tratamento, além da satisfação com o resultado ao final de cada semestre”, conta a coordenadora do Nace.
O projeto é voltado a bebês de 0 a três anos de idade e tem como objetivos tratar, prevenir, orientar e integrar o bebê especial ao meio em que vive, através não só da estimulação precoce, mas também de percepções sensoriais realizadas durante os atendimentos de fisioterapia.
MÃE SE EMOCIONA COM EVOLUÇÃO DO FILHO
Quando levou o filho Isac Manoel aos 7 meses para o Nace, ela estava desesperada. O menino tinha diagnóstico de hidrocefalia e, segundo os médicos, não iria andar, nem falar. “Quando cheguei aqui meu filho não tinha movimento no pescoço. Hoje, já senta, já engatinha sozinho”, conta Aruana Guimarães, emocionada ao agradecer o trabalho de Cleide e a equipe do Nace.
Depoimentos em vídeos de mães, como Aruane, além de professores e de acadêmicos de fisioterapia, mostram o reconhecimento pelo serviço de reabilitação infantil prestado à comunidade carente.
O Nace também realiza reuniões bimestrais com as mães e responsáveis, onde elas são treinadas a dar banho, vestir e estimular suas crianças, diariamente. As maẽs também participam de reuniões e palestras com equipe multiprofissional, formada por nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo e enfermeiro.
CENÁRIO LÚDICO ESTIMULA PERCEPÇÃO SENSORIAL
O cenário em que os pequenos são tratados reúne bolas, fitas, cores, desenhos, espelho, rede, canções infantis, brinquedos que estimulam as percepções e os movimentos. Neste contexto lúdico e educativo, a fisioterapia desenvolve a coordenação motora dos bebês e crianças, e estimula novas formas de adaptação ao ambiente de casa.
A sala é totalmente climatizada e aromatizada (para estimular a percepção olfativa), além do alto grau de atenção dos que acompanham os pacientes. Com isso, as sessões de Fisioterapia tornam-se mais produtivas e estimulantes. Todo o esforço é feito para que o paciente dê passos além das limitações normais, dentro e fora da Clínica.
ESTAGIÁRIA SE APAIXONA PELA ‘BRINQUEDOTECA’
A proposta integrada de atendimento ambulatorial, projeto de iniciação científica e programa de extensão, conta com participação de alunos do curso de Fisioterapia. Os atendimentos são realizados por acadêmicas que, sob orientação da professora Cleide Câmara e do professor Newton Júnior, atuam com dedicação aos pacientes e seus familiares.
Danielly Monteiro, acadêmica de Fisioterapia, é professora do Centro Educacional Francisco Portugal Neves, mas está apaixonada por seu estágio em Fisioterapia. Formada em Letras, ela pretendia se especializar em Fisioterapia Cardiorrespiratória, mas mudou de ideia.
Ela diz que a experiência com os bebês especiais mudou a sua vida e foi decisiva na escolha da sua especialização. “Na Brinquedoteca (como chamamos o espaço para bebês de 0 a 3 anos) algo muda na sua vida”, revela (veja no vídeo abaixo).
COMO BUSCAR O SERVIÇO
De acordo com a universidade, essa prestação de serviço é única na Baixada Fluminense, onde bebês fazem parte do projeto de iniciação científica e do programa de extensão. A unidade também presta atendimentos a crianças com idade superior, em outros dias da semana.
Atualmente, são 60 crianças atendidas, mas ainda há vagas para este semestre. Os procedimentos acontecem às terças e sextas-feiras, das 14h às 18h20, na PDC que fica na Rua Marechal Floriano, 918, bairro 25 de Agosto, Duque de Caxias (RJ). Informações: (21) 2699-4083.
Da Unigranrio, com Redação
Esse projeto trouxe para minha vida uma esperança de vida melhor pro meu filho.
É sem preço ver a qualidade do tratamento da professora Cleide para com seus pequeninos pacientes e a alegria que ela transmite. Só sucesso a pediatria!!