Especialistas alertam para o perigo da manipulação dos fogos nesta época do ano
Especialistas alertam para o perigo da manipulação dos fogos nesta época do ano

“Pula fogueira iaiá, pula fogueira ioiô… Cuidado para não se queimar. Olha que a fogueira já queimou o meu amor”, diz a música que toca nos muitos arraiás espalhados pelo país nesta época do ano. Nas comemorações das festas juninas é muito comum que fogueiras sejam armadas e fogos de artifício e os balões (que são proibidos) sejam utilizados para celebrar as datas dos santos juninos. Porém, existem muitos riscos com essa prática, em especial as queimaduras que podem acontecer e causar danos severos às pessoas. O perigo ainda maior vem dos acidentes provocados por artefatos explosivos, que podem provocar sequelas para o resto da vida e até causar a mutilação das mãos.

De acordo com o ortopedista André Guedes, do Hospital Federal do Andaraí (HFA), os atendimentos a pacientes com lesões graves nas mãos aumentam consideravelmente na unidade em junho. Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), baseado em informações do Ministério da Saúde, de 2008 a 2016 ocorreram 4.577 internações de pacientes que se queimaram com artefatos explosivos. A média no país é 85 atendimentos só nos meses de junho, o que corresponde a um terço do total de ocorrências anuais.

“As explosões podem provocar perda de dedo, da mão ou até deixar as pessoas cegas. As explosões causam a perda de dedos ou até o comprometimento da mão inteira”, alertou o especialista em mão. Nestes casos, a preocupação dos médicos é de salvar o membro afetado. “Os explosivos causam lesões na pele, nos tendões e nos ossos. Então, realizamos a retirada dos tecidos desvitalizados e fixamos as fraturas provisoriamente por fios de kirschner e fixadores até a melhora das condições da pele para afastar a possibilidade de infecções”, explicou.
Apesar de todo o empenho da equipe de ortopedia do Hospital Federal do Andaraí (HFA), há situações irreversíveis: “O último caso que tivemos foi um adolescente de 15 anos que perdeu a mão esquerda. Nesses casos, fazemos um trabalho de estimular o lado não dominante do paciente a funcionar. Hoje também existem próteses mioeletricas (que possuem abertura e fechamento da mão por ação muscular) que substituem os membros amputados, mas elas são muito caras”, contou André Guedes.

Crianças são as principais vítimas de queimaduras

De acordo com a enfermeira estomaterapeuta Maria Angela Boccara de Paula, presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências (Sobest), as crianças são as principais vítimas desta ocorrência em virtude de sua curiosidade e pouca noção do perigo. “É muito importante que os pais e as pessoas adultas que organizam festas juninas, principalmente aquelas realizadas em propriedades privadas, em que são utilizados fogos de artifício comprados no comércio em geral, sejam orientados a respeito dos cuidados a serem tomados quando do uso, como distância mínima para soltar os fogos, manter as crianças distantes do local, verbalizar para a criança que existe o perigo de se queimarem, dentre outros danos que podem ocorrer”, afirma Maria Angela.

Os adultos também precisam tomar medidas preventivas, pois as queimaduras causadas por fogos de artifício são muito graves e na maioria das vezes deixam sequelas físicas e psicológicas. Muitas pessoas acabam até perdendo partes do corpo, como a ponta dos dedos ou até mesmo a mão e braço principalmente. Queimaduras no rosto podem deixar cicatrizes importantes e por vezes deformidades severas, e até mesmo a perda da visão em algumas situações, o que interfere na qualidade de vida, autoimagem e autoestima da pessoa.

“Outra queimadura comum nesta época do ano é aquela em decorrência de explosões de botijões e as causadas por líquidos quentes, pois muitas barracas de comidas típicas servem frituras, como o tradicional pastel e o bolinho caipira, e acidentes podem ocorrer, exigindo cuidados redobrados”, ressalta. Segundo ela, em caso de queimadura, a primeira medida a ser tomada é lavar com água fria ou gelada o local atingido pelo fogo ou líquido quente e seguir imediatamente para o atendimento médico. Em hipótese alguma deve-se utilizar produtos como pó de café, pasta de dente ou qualquer outra substância, pois com frequência há o agravamento da lesão.

“O mais importante neste período de festas juninas é não fazer uso de explosivos sem a orientação de um especialista. É possível manter a tradição cultural, mas sem correr riscos”, destaca Guedes. “Recomendamos que que festejem com responsabilidade e segurança. E viva Santo Antonio, São Pedro e São João”, emenda Maria Angela.

Fonte: HFA e Sobest

 

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