A febre maculosa, de alta letalidade, precisa ser tratada o quanto antes para que o quadro não evolua para óbito. Por isso, o diagnóstico deve ser o mais rápido possível. Mas além da avaliação clínica, feita pelo médico a partir dos sintomas do paciente, você sabe quais exames são necessários?

Segundo dados do Ministério da Saúde, os testes laboratoriais mais indicados para diagnóstico e orientação de tratamento da febre maculosa são o Hemograma – que observa alteração no padrão das células sanguíneas como, anemia, diminuição de plaquetas, etc, e o de Enzimas – já que algumas enzimas do corpo podem estar aumentadas, demonstrando ocorrência de alguma infecção.

Para otimizar esse processo, uma empresa de saúde e tecnologia de Curitiba (PR) criou por meio do seu time de pesquisa e desenvolvimento um dispositivo – que é o menor do mundo, primeiro do mercado, e único capaz de realizar um hemograma completo por punção capilar e entregar o laudo em 30 minutos, por meio de Inteligência Artificial.

“O hemograma é o exame que está em mais da metade dos pedidos médicos globais, e é tão popular pois tem a função de avaliar a quantidade e qualidade dos principais componentes sanguíneos e assegurar que a pessoa esteja apta a passar por uma cirurgia, monitorar a resposta do paciente a determinados tratamentos, além de avaliar o estado de saúde geral”, explica Bernardo Almeida, médico infectologista e Chief Medical Officer da Hilab.

Segundo ele, com mais facilidade e agilidade na realização do exame, tanto o corpo médico quanto os clientes podem se beneficiar. “Isso tanto em caso mais rotineiros quanto os emergenciais, como o da febre maculosa”, ressalta  o especialista. “Quanto mais rápido se faz os exames e o médico está de posse do laudo laboratorial, mais cedo pode se iniciar o tratamento, orientado de maneira muito mais assertiva”.

Outros exames podem indicar a doença

Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim, afirma que outros exames de sangue também são indicados para confirmar a febre maculosa.

O exame de Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) detecta a presença de anticorpos contra a bactéria no corpo e o de Técnica de Biologia Molecular (PCR) identifica o material genético da bactéria. Também é possível diagnosticar a doença por meio do Exame de Imunohistoquímica, que detecta a bactéria a partir de biópsias de lesões na pele, e pelo isolamento da bactéria a partir do sangue, fragmentos de tecidos ou órgãos.

Segundo a médica, tanto o diagnóstico quanto o tratamento são relativamente simples, sendo necessário apenas o uso de antibiótico, oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Se o diagnóstico e o tratamento forem realizados nos primeiros dois ou três dias após a pessoa contrair a doença, há uma grande chance de uma boa recuperação. Contudo, se esse período passar e o diagnóstico não for feito, a doença se torna grave, com risco de mortalidade”, alerta.

Além do risco de óbito – a taxa de mortalidade chega a 40% dos casos em humanos -, a febre maculosa pode deixar sequelas no sistema motor e neurológico e causar encefalite em alguns pacientes, conforme mencionado pela médica.

“Algumas doenças infecciosas, como dengue e hantavirose, têm sintomas semelhantes, o que gera dúvidas. No caso da febre maculosa, dor de cabeça, dor no corpo, dor abdominal, vômito, febre e possíveis áreas de sangramento são habituais. Porém, o que mais chama a atenção nesses casos são os pontinhos vermelhos que começam a aparecer no corpo e que podem ir aumentando de tamanho”, explica a infectologista.

Manchas na pele desaparecem com o tempo

O médico dermatologista Amilton Macedo, especialista em Medicina Preventiva, Dermatologia e Cosmiatria, afirma que a Febre Maculosa é uma doença infecciosa que pode ter efeitos na saúde humana, incluindo a pele. É essencial entender os sintomas associados à doença e buscar tratamento precoce para complicações que podem levar à morte.

“A doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e pode ser transmitida aos seres humanos por carrapatos infectados. Quando não tratado, pode afetar diversos órgãos e sistemas do corpo, incluindo a pele. Reconhecer os sintomas precocemente é fundamental para buscar ajuda médica especializada e iniciar o tratamento adequado”, explica Dr. Amilton Macedo.

O dermatologista esclarece que a febre maculosa pode deixar manchas na pele, mas é importante entender que essas manchas não são permanentes e desaparecem ao longo do tempo. As manchas são geralmente resultado da erupção cutânea associada à doença.

“A febre maculosa pode causar em diversos casos a erupção cutânea que é caracterizada por manchas vermelhas ou roxas na pele, que começam como pequenas manchas semelhantes às picadas de insetos e que podem se espalhar rapidamente pelo corpo. Essas manchas podem se tornar elevadas (pápulas) ou formar pequenas bolhas de fluido. À medida que a doença progride e o tratamento adequado é administrado, as manchas geralmente desaparecem, dentro de algumas semanas”, afirma.

O médico fala que é preciso ficar alerta a outros sintomas da doença como são febre, dor de cabeça e dores musculares. Além disso, é importante ressaltar que, em casos raros, podem ocorrer complicações graves da febre maculosa, como necrose (morte do tecido) na área da erupção cutânea. Essas complicações podem levar a cicatrizes ou alterações na pigmentação da pele.

“A conscientização sobre a febre maculosa e seus efeitos na pele é essencial para a prevenção e o tratamento eficaz. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado com antibióticos, como a doxiciclina, são essenciais para combater a infecção e prevenir complicações graves”, afirma.

No que diz respeito ao tratamento, o Dr. Amilton Macedo explica que a busca por assistência médica imediata é crucial ao suspeitar de Febre Maculosa, especialmente se houve exposição recente a carrapatos.

“O mais importante é que os médicos sejam muito bem treinados, porque é uma doença endêmica que, como vimos, pode levar à morte. Por isso, é necessário que os profissionais da saúde estejam cientes disso e examinem cuidadosamente os pacientes com sintomas”, enfatiza a especialista.

Como evitar a doença?

A médica também adverte para as medidas de proteção do contágio do carrapato-estrela, transmissor da bactéria causadora da febre maculosa. É importante adotar medidas de proteção ao frequentar áreas onde os carrapatos são comuns, como usar roupas de proteção e repelentes de insetos, além de realizar verificações cuidadosas após atividades ao ar livre.

Ao visitar áreas rurais, é importante evitar o uso de shorts, chinelos e roupas que exponham muito o corpo. Assim, é recomendado priorizar calças e botas para dificultar o acesso do carrapato à pele.

O uso de repelente também é uma forma de se proteger, pois a substância conhecida como DEET (N,N-dietilmetatoluamida) previne a picada do carrapato-estrela. Para aqueles que vivem e trabalham nas áreas de risco, a especialista deixa um alerta:

“É importante que fiquem atentos aos sinais do corpo. Agora, mais do que nunca, é essencial estar sempre se observando, para que, em caso de picada pelo carrapato, seja possível removê-lo o mais rápido possível e obter todo o apoio médico necessário”.

Além disso, segundo a médica, evitar caminhar em áreas e parques onde há presença de capivaras e cavalos também é uma forma de preservar a saúde e evitar a doença.

“Os animais artrópodes são comuns em áreas rurais do país, principalmente em locais com mata e vegetação. No interior de São Paulo, existem casos com certa recorrência. O carrapato-estrela, geralmente, aparece em cavalos, capivaras e animais de pasto. No entanto, até mesmo os cachorros que vivem em áreas de fazendas podem ser infectados”, afirma Rebecca Saad.

Apesar disso, nem sempre a doença é contraída a partir do contato direto com animais que estão com o carrapato. Muitas vezes, pela proximidade com a pastagem ou mata, onde eles estiveram, já é possível ser vítima de picadas.

Com Assessorias

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