Se no passado a recomendação médica para tratamento de doenças crônicas era ficar em repouso. Hoje, pesquisas demonstram que a prática de exercícios não só é segura e possível, como também pode melhorar o desempenho físico e a qualidade de vida do paciente. São diversos tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida de pessoas com fibromialgia e, entre eles, está a prática do exercício físico. Ele é considerado uma ferramenta de controle da dor não farmacológica.
Para Walter Oliveira, professor e influenciador técnico da Fit Sul, franqueada da Smart Fit em Santa Catarina, há um benefício fisiológico. “O exercício ajuda o organismo a produzir substâncias anti-inflamatórias, que vão atuar em todo o nosso corpo. Ajudando na recuperação do órgão com câncer, ou aliviando as crises de dores causada pela fibromialgia”, destaca o especialista.
Mas quais exercícios podem ser praticados? Oliveira reforça ainda que cada fase do tratamento precisa de cargas e orientações diferentes. Para Jennifer Suassuna, professora de Educação Física do Unipê, que trabalha com grupos especiais e pacientes com fibromialgia, não há um único tipo a ser feito, podendo dosar entre aeróbicos e de fortalecimento. O ideal é verificar as necessidades individuais, reforça A maior implicação é o cuidado com a intensidade devido à dor.
É muito comum hoje, principalmente, que os exercícios de alta intensidade sejam difundidos, que acabam gerando aquelas dores musculares tardias”, elucida. “Esse tipo de intervenção deve ser muito cuidadoso na hora de pensar uma pessoa com fibromialgia”, frisa.
Isso não quer dizer que a pessoa não possa fazer exercícios intervalados ou musculação. “O que não deve ser estimulado nesta pessoa são as micro lesões musculares”, diz Jennifer. Se a pessoa controla a dor, não tem crise ou dor e tem boa capacidade física para a intensidade indicada, ela poderá fazer. E tudo deve ser bem dosado, porque pode haver uma contrarresposta: ela pode se sentir tão dolorida que gerará uma crise da fibromialgia.
Essas noções, diz Jennifer, são construídas em um processo de interação entre o professor e o aluno, com avaliações física, funcional, de movimento e anamnese. Por isso, ela ressalta que os profissionais devem se aprimorar na perspectiva da fibromialgia para saber individualizar os exercícios.
Exemplos dessa individualização são alguns casos de pessoas incapacitadas: idosos em abrigos, cujo discernimento cognitivo para funções diversas está afetado, têm que receber atividades adequadas para a realidade deles, podendo ser as mais lúdicas e leves.
Quando a pessoa está em crise de dor, é recomendado que faça atividades muito leves para que ela não potencialize essa dor, como aulas de relaxamento, alongamento, uma caminhada leve e até uma caminhada na piscina, uma hidroterapia, hidroginástica, isso é confortável, ajuda a pessoa a lidar com aquela dor”, conta.
Exercícios na pandemia
O cenário de pandemia mostrou que é possível realizar atividades físicas em casa e, em muitos casos, de forma remota. É o que ocorre com o Estágio Supervisionado do curso de Educação Física do Unipê, onde o professor supervisor, a dupla de alunos e o usuário, incluindo alguns com fibromialgia, se conectam para manter os exercícios de forma orientada e ao vivo.
O feedback tem sido positivo, inclusive ao promover uma socialização interrompida pela pandemia, e que ocorre remotamente agora. “A pessoa tem ali alguém que conversa com ela todos os dias, que faz o treino dela, que a estimula, dentro de todas as limitações e tomando todos os cuidados”, relata Jennifer.
Mas é preciso se atentar ao fazer exercícios sem orientação profissional. “É problemático porque a pessoa pode acabar se machucando, principalmente num quadro como o de fibromialgia, e ter mais malefícios do que benefícios. Se ela não tem ajuda, mas quer fazer uma caminhada bem leve, não tem problema nenhum”, diz. “Para ser sistematizado, precisa da presença de um professor, que pode ser de uma assessoria on-line, ou nos formatos ao vivo ou presencial”, finaliza.
Exercícios físicos também para doentes de câncer
Segundo análise feita pela The American College of Sports Medicine (ACSM), em centenas de estudos que relacionam a atividade física e o câncer, por exemplo, os praticantes ativos apresentaram 20% a menos de chance de desenvolver tumores. Além disso, também tiveram 43% de redução na mortalidade por diversas doenças e 38% pela doença em si.
Como a doença baixa a oxigenação do paciente, ele tende a ficar mais sedentário e, com isso, os movimentos acabam comprometidos. E o exercício físico vem justamente para melhorar esse quadro e reforçar o sistema imunológico do corpo, que irá resistir melhor aos impactos da doença e poderá ter uma recuperação mais rápida.
Quando falamos em condicionamento físico o treino deve ter uma intensidade mais elevada. Já para os que estão em tratamento, a prescrição é outra. O exercício vem para atenuar os efeitos da doença, melhorando a qualidade de vida. Nestes casos, os órgãos de saúde indicam em média 150 minutos de atividade moderada por semana”, explica Oliveira.
Com Assessorias