Mais um crime bárbaro volta a chocar a sociedade e ameaçar o sagrado ambiente escolar. Uma estudante do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, no município de Cambé (PR), foi morta a tiros na manhã desta segunda-feira (19/6) depois que um ex-aluno entrou armado na instituição, por volta de 9 horas, alegando que iria pegar seu histórico escolar.
Aluna do Ensino Médio que sonhava em ser professora, Karoline Verri Alves, de 17 anos, morreu na hora, e Luan Augusto, 16, baleado na cabeça, em estado gravíssimo, foi levado para o Hospital Universitário de Londrina, a 14km de Cambé. Horas depois, foi comunicada a morte do adolescente. Segundo familiares, os dois eram namorados e estudavam juntos na mesma escola.
A informação foi confirmada, em nota, pelo Governo do Paraná.“Segundo as informações iniciais, houve um episódio de violência, uma aluna morreu e outro aluno foi baleado e está internado”. O homem que disparou a arma contra eles tem 21 anos, foi preso em flagrante e encaminhado para Londrina, cidade distante cerca de 15 quilômetros de Cambé.
Em entrevista concedida à TV RPC após identificar o corpo da filha no Instituto Médico-Legal (IML), o pai de Karoline, Dilson Antônio Alves, desabafou, emocionado: “Minha filha é uma menina de ouro, uma menina que não merecia o que aconteceu. Ela morreu inocente. ai ser uma vida antes e outra depois sem ela” (veja na íntegra abaixo).
Presidente Lula lamenta novo ataque
Nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter recebido “com muita tristeza e indignação a notícia do ataque” ao colégio do Paraná.
“Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade. É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar”, escreveu.
Durante agenda no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, manifestou solidariedade às famílias das vítimas. “Infelizmente, vimos a violência mais uma vez se manifestando no local que é o mais sagrado para as crianças e jovens do nosso país e para suas famílias, que é uma escola”, disse ele.
“Quando um jovem perde a vida, na verdade, toda a juventude perdeu um pedaço da sua vida. Sou pai e, por isso, sei bem da intranquilidade que aflige as famílias na medida em que, de modo inaceitável, essa modalidade de violência se implantou no Brasil e serve de reflexão quanto aos traços culturais da violência”, completou o ministro.
O governador Ratinho Junior decretou luto oficial de três dias no estado e lamentou o ocorrido.
“A violência do brutal ataque em uma escola estadual em Cambé causa indignação e pesar. O assassino foi preso, será julgado e condenado pelo crime bárbaro que cometeu. Como governador e pai a minha solidariedade aos familiares nesse momento de dor tão profunda. Paraná está em luto”.
O crime abalou a cidade de Cambé, que tem pouco mais de 100 mil habitantes, na região metropolitana de Londrina. A Prefeitura divulgou uma nota oficial na qual manifestou solidariedade e se colocou à disposição dos pais dos alunos.
“Neste momento de imensa dor, nossos corações estão com as famílias das vítimas, que estão enfrentando uma perda irreparável. Oferecemos nosso mais sincero apoio e solidariedade, colocando à disposição todos os recursos e suporte necessários para auxiliá-las neste momento tão difícil”.
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Por Dilson Antônio Alves*
Assassino sofre de esquizofrenia, diz família
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que, além da arma usada no crime, foram apreendidos com o assassino uma machadinha, carregadores de revólver e um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, São Paulo.
Segundo informações ainda não confirmadas, ele seria ex-namorado de Karol, como a adolescente era conhecida. Mas a polícia não confirmou esta versão. De acordo com o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina, Amarantino Ribeiro, em depoimento, ele disse não conhecer o casal.
A família do assassino alegou que ele tem esquizofrenia e faz tratamento para a doença mental. O assassino foi detido por um familiar de outro estudante do colégio até a chegada dos policiais.
Como conter ataques nas escolas?
Entre janeiro de 2002 e maio deste ano houve 31 ataques com violência extrema a escolas em todo o país, segundo revelou um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Nesse período, 36 pessoas morreram, sendo 25 estudantes (15 meninas e 10 meninos); quatro professoras; uma coordenadora; uma inspetora e cinco atiradores (suicídio). O balanço ainda não inclui o caso desta segunda-feira, em Cambé.
Entre março e abril deste ano, uma onda de ataques a instituições de ensino levou o governo federal a adotar uma série de medidas para aumentar a prevenção e a proteção nesses estabelecimentos.
Especialistas em Segurança Pública, Educação, Saúde Mental e outro segmentos debateram várias soluções para enfrentar esse grave problema social que vem crescendo nos últimos anos no Brasil.
O Portal ViDA & Ação publicou uma série especial sobre o assunto – Escola Segura (veja aqui). Com o novo episódio, lamentavelmente registrado nesta segunda-feira (19), o assunto volta à pauta em nosso site, como assunto de saúde pública.
Com informações da Agência Brasil, G1 e outras agências (matéria atualizada às 23h)