Um estudo recém-publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG) lança luz sobre um cenário preocupante no atendimento a pessoas idosas com Doença de Alzheimer no Brasil. Conduzida por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC), a pesquisa ouviu profissionais de saúde e familiares cuidadores.

Entre os principais problemas identificados estão a fragmentação do cuidado, a escassez de recursos e pessoal, o déficit de formação técnica das equipes e a dificuldade de acesso a apoio multiprofissional, como fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia. Familiares relataram sentimentos de abandono e dificuldades até mesmo para conseguir medicamentos básicos.

O trabalho evidencia desafios que ultrapassam as fronteiras do Acre e refletem dilemas nacionais da Atenção Primária no enfrentamento das demências.

Essa realidade será pauta central do II Congresso da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do III Seminário sobre a Doença de Alzheimer, que acontecem nos dias 30 e 31 de outubro de 2025, das 8 às 17 horas, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com transmissão online e tradução simultânea.

Entre os convidados internacionais está Karen Blackmon, neuropsicóloga consultora no Brain and Mind Institute (EUA). Com mais de 50 artigos publicados em periódicos de referência, Blackmon é reconhecida por pesquisas sobre impactos cognitivos de doenças neurológicas e infecciosas e fará a conferência de abertura do evento.

O estudo brasileiro no Acre expõe problemas estruturais que, infelizmente, são comuns em diversos países. O diálogo internacional é fundamental para transformar evidências em políticas e práticas que impactem a vida das famílias”, afirma o psicanalista Otelo Corrêa, presidente da comissão organizadora do evento e coordenador científico do Núcleo de Envelhecimento Humano da UERJ.

Segundo Corrêa, que coordena no Brasil a pesquisa de detecção precoce da Doença de Alzheimer vinculada ao Davos Alzheimer Collaborative, a expectativa é reunir profissionais de saúde, pesquisadores e estudantes em torno de um debate científico interdisciplinar sobre os desafios do envelhecimento populacional, da atenção à demência e das políticas públicas de cuidado.

Ao longo de dois dias, os participantes terão acesso a uma programação ampla, que inclui conferência magna, mesas-redondas temáticas e apresentações de trabalhos científicos. Temas como políticas públicas de cuidado, novas tecnologias em saúde, práticas clínicas integradas, prevenção e tratamento do Alzheimer estarão no centro das discussões.

Além da programação presencial, o evento contará com transmissão online e tradução simultânea, ampliando o alcance e permitindo a participação de profissionais e instituições de diferentes regiões do Brasil e do mundo.

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