Mãe de duas meninas – Valentina, de 8 anos, e Antonella, de 7 -, a trancista goiana Thais Medeiros, de 26 anos, que teve sequelas neurológicas graves devido a uma reação alérgica severa após cheirar pimenta, em fevereiro deste ano, enfrenta uma intensa rotina de recuperação em casa, com ajuda de fonoaudióloga, fisioterapeuta e outros profissionais de saúde.
A mãe, Adriana Medeiros, em um emocionante vídeo postado neste domingo (22) no instagram de Thaís que ela administra, mostra sua tentativa de estimular a filha a olhar para ela. E Thaís chora. A mãe comemora cada vitória na luta da filha e renova sua esperança no tratamento.
“Um passo a cada dia, é assim que vamos aos pouquinhos obtendo pequenas, mas importantes vitórias no tratamento da Thais. Gratidão a todos que nos ajuda nessa batalha que está apenas no começo e é muito dolorida para nós, mas com fé em Deus é apoio de todos vocês iremos vencer”, diz Adriana.
Na postagem, Adriana agradece a quem está colaborando na campanha criada para ajudar no tratamento de Thais. “No perfil tem dois links para que você possa nos ajudar, um você pode doar é o outro você compra na loja online. Na loja ainda tem poucas coisas, mas aos poucos vamos expondo mais produtos”, diz a mãe.
Técnica para estimular neuroplasticidade
No último dia 17, Thaís apareceu em um vídeo respondendo a estímulos durante sessão de fonoaudiologia. Na ocasião, Adriana se emocionou ao falar da recuperação da filha.
“É uma surpresa pra nós, ela teve uma evolução, que é pequena, mas a gente fica muito satisfeito, é gratificante. Aos pouquinhos Deus vai restaurando a vida da minha filha. Esses estímulos sempre me encorajam, eu não vou parar com a minha fé”, desabafou.
A fonoaudióloga Poliana Guimarães – que aparece no vídeo – explicou que está fazendo uma “neurofotobiomodulação”, uma técnica que usa o laser infravermelho de baixa intensidade em pontos específicos do cérebro para estimular a neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de recuperar as funções de suas células.
“É um processo lento, pois como sabemos, o cérebro da Thaís teve estilo uma ‘chuva de granizo’ e muitas partes foram totalmente danificadas, mas sabemos também que o cérebro tem o processo da neuroplasticidade, que podemos fazer um trabalho de eficácia no caso da Thaís”, explicou.
Poliana explicou que a técnica dá energia às mitocôndrias, fazendo com que os estímulos táteis, térmicos e gustativos voltem a ter função novamente.
“As sinapses nervosas com um grande aumento fazem com que o cérebro reaja de maneira eficiente no tratamento para conseguirmos aos poucos chegar a uma reabilitação de excelência”, completou.
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Entenda como tudo aconteceu
Thais Medeiros passou mal durante um almoço na casa do namorado, Matheus Lopes de Oliveira, em 17 de fevereiro deste ano, na cidade de Anápolis (GO)m logo depois de cheirar uma conserva de pimenta-bode, quando surgiu um assunto de preparo de pimentas, que a mãe dele é acostumada a fazer.
A mãe de Matheus, Sandra, contou que todos estavam conversando sobre as pimentas, momento em que ela pegou o vidro de conserva. “Ela não provou, só cheirou. Assim que ela cheirou a pimenta, já falou que estava coçando a garganta. Larguei meu prato e fui atrás dela. Não foram 3 minutos”, disse.
Em entrevista ao Fantástico, Matheus contou que a reação alérgica da namorada aconteceu de imediato. Segundo ele, Thaís estava com uma tosse, como se fosse uma gripe. Ela veio para casa, fez trança em duas amigas minhas. Ela começou a almoçar normal, tranquila. E entraram no assunto de pimenta, eu não estava na cozinha na hora, mas passei pela sala e a vi passando a mão no pescoço”, contou Matheus.
“Eu achei a reação muito rápida e agressiva. Nunca vi isso na minha vida. Muito rápido, muito rápido mesmo”, explicou o namorado.
Ela chegou a ficar 20 dias internada na Santa Casa de Anápolis, a 55 km de Goiânia, onde foi diagnosticada com um edema cerebral. Ela permaneceu 20 dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e posteriormente foi transferida para a capital goiana, onde permaneceu internada em tratamento.
Falta de oxigenação no cérebro causou as sequelas
Rubens Dias, médico da UTI da Santa Casa de Anápolis, explicou ao Portal G1 que a lesão grave sofrida por Thaís foi causada pela falta de oxigenação no cérebro da jovem.
“O que ela teve foi um período que o cérebro não tem oxigenação devida, porque o coração não estava bombeando sangue para o corpo. E ele gera uma lesão que é irreversível e tem um potencial de gravidade muito grande”, disse o médico.
A jovem recebeu alta em agosto, para passar o aniversário em casa e, desde então, está aos cuidados da família, em uma UTI montada com apoio de uma equipe multidisciplinar. Thais completou 26 anos no dia 7 de setembro.
“Ela está se recuperando lentamente com ajuda da família e dos profissionais da saúde. É como se ela acabasse de nascer. Estou muito feliz com a evolução que ela tá tendo. “Um dia de cada vez””, escreveu um internauta que acompanha o caso.
Com informações do G1 e Metrópoles
