Durante o mês de setembro, a sociedade se une para conscientizar sobre o Alzheimer, uma doença que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros, principalmente idosos acima de 65 anos. Apesar deste número, 15% a 30% dos casos não são notificados e muitas pessoas ainda confundem o Alzheimer com a demência, duas condições que, apesar de estarem relacionadas apresentam sintomas semelhantes e possuem diferenças importantes.

A demência é uma síndrome caracterizada pelo declínio cognitivo e que causa problemas de memória, linguagem, atenção e comportamento. Essa condição pode ser causada por diversos fatores de risco, como idade avançada, histórico familiar, diabetes, tabagismo, alimentação deficiente e sedentarismo.

Já o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa específica, que leva ao acúmulo anormal de proteínas no cérebro, lesionando os neurônios, especialmente aqueles responsáveis pela memória recente.

Segundo o médico Fábio Porto, professor de Neurologia do Centro Universitário São Camilo e membro da Sociedade Brasileira de Alzheimer, a principal diferença é que “a demência é uma síndrome, enquanto o Alzheimer é uma doença degenerativa que causa a demência”. Ou seja, nem toda pessoa com demência necessariamente tem a doença de Alzheimer como causa, mas a maioria dos indivíduos com a doença de Alzheimer apresentam demência.

A demência além de causar mudanças de comportamento, como desânimo e irritação, causa declínio funcional, deixa o indivíduo desanimado e irritado, ou seja, o indivíduo não consegue mais viver de maneira totalmente independente. É mais comum em idosos, mas também ocorre em pessoas mais jovens e pode ser causada por alguns fatores como histórico familiar, diabetes, tabagismo, alimentação pobre em nutrientes e vida sedentária.

Porém, o professor Fábio Porto explica que a principal causa de demência é o Alzheimer, que é uma doença degenerativa que propicia o acúmulo anormal de duas proteínas: a Beta Amilóide e a Tau, que juntas lesionam os neurônios, especialmente aqueles que guardam a memória recente.

Nos estágios finais do Alzheimer, sintomas mais graves podem surgir, como alucinações, agressividade, depressão e incontinência. A doença é diagnosticada por meio da identificação das modificações cognitivas específicas e por exames físicos e neurológicos além de exames de imagem.

Independente se o indivíduo foi diagnosticado com Alzheimer ou possui algum tipo de demência, o papel da família é importante para um plano de cuidados por parte da equipe de saúde. O apoio diário do núcleo familiar na administração de medicamentos, e a higiene pessoal, aliadas à estimulação emocional e cognitiva são necessárias para a manutenção da qualidade de vida e desaceleração do declínio funcional.

“Não menos importante, a adaptação do ambiente doméstico também é uma responsabilidade dos cuidadores e familiares. Eles devem criar um espaço seguro de modo a facilitar a rotina e a independência da pessoa com a doença de Alzheimer. Essa atenção aos detalhes do dia a dia contribui significativamente para o bem-estar e a autonomia do paciente. Além disso, o professor alerta sobre a importância do suporte emocional também para os familiares de pacientes com demência ou Alzheimer “a fim de manter sua própria saúde e seu bem-estar”, finalizou.

Setembro Lilás atenta para a importância do diagnóstico precoce e qualidade de vida

O Setembro Lilás é o mês de conscientização da doença de Alzheimer e outros tipos de demência. A campanha realizada mundialmente para diminuir o estigma que cerca a demência. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a Doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. Dentre os sintomas mais comuns estão dificuldade na fala e no raciocínio, desorientação no tempo e no espaço, alterações de humor e de comportamento.

Entidades e organizações de saúde estimam que cerca de 50 milhões de pessoas vivam com a doença em todo o mundo, número que deve aumentar nos próximos anos, devido ao envelhecimento da população.

Segundo o professor de Medicina da UniCesumar, Pedro Bregola, que atua na área de Psiquiatria, o Alzheimer é o tipo mais comum de demência, representando cerca de 70% dos casos diagnosticados. “Isso se deve ao fato de que as mudanças neurodegenerativas associadas a essa condição são mais prevalentes ou mais frequentemente identificadas do que outras formas de demência, como a demência vascular, por exemplo.”

De acordo com ele, o Brasil tem uma população envelhecendo rapidamente, e o risco de desenvolver Alzheimer aumenta com a idade.

“Além disso, fatores como a falta de diagnóstico precoce, conhecimento limitado sobre a doença, e condições sociais e econômicas podem contribuir para esse elevado número de casos. Mais pessoas estão vivendo mais tempo, o que leva a um aumento na incidência de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer”, atenta o professor. A estimativa do MS é que, no Brasil, a condição afeta 1,2 milhão de pessoas e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.

Estilo de vida

Hoje, já se sabe que o estilo de vida pode influenciar significativamente o risco de demência. Segundo ele, fatores como sedentário, dieta pobre, isolamento social, e abuso de substâncias estão associados a um aumento do risco.

Há evidências de que um estilo de vida saudável pode proteger a saúde cerebral.” Por outro lado, embora não haja uma forma garantida de prevenir o Alzheimer, de acordo com o professor, certos hábitos de vida podem reduzir o risco. “Estudos sugerem que manter uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente, estar socialmente ativo, manter a mente ativa através de atividades intelectuais, e controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão podem ajudar a diminuir o risco de desenvolver a condição”.

Vida normal

Para o professor, muitas pessoas diagnosticadas com Alzheimer ou outras demências podem continuar a viver vidas satisfatórias e significativas, especialmente nas fases iniciais da doença.

O suporte da família, amigos e profissionais de saúde é crucial para ajudar os pacientes a se adaptarem às mudanças e manterem a qualidade de vida. Ter um plano de cuidados e estratégias de enfrentamento pode permitir que os indivíduos mantenham aspectos de sua rotina e sua autonomia por mais tempo.”

Na Medicina, ele explica que mais pesquisas estão sendo realizadas para descobrir as causas, melhorar os diagnósticos, e desenvolver tratamentos. “O enfoque também está se expandindo para incluir o suporte ao paciente e familiares, o que é fundamental para o manejo da doença”, finaliza.

Com Assessorias

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