A endometriose é uma condição que afeta cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva, mas ainda é pouco compreendida e frequentemente subestimada. Recentemente, celebridades como Anitta, Paloma Duarte, Giovanna Ewbank, Malu Mader, Adriana Esteves e Tatá Werneck compartilharam suas experiências com a doença, ampliando a visibilidade sobre um problema ainda cercado de desinformação e diagnósticos tardios, incentivando mulheres a falarem sobre suas dores e buscarem diagnóstico.
A jovem atriz Larissa Manoela, de 24 anos, também confessou que sonha em ser mãe e contou que já está realizando acompanhamento ginecológico para que isso seja possível. A atriz foi diagnosticada com a doença em 2020, sentia que sua cólica não era normal, e as dores eram muito fortes. Em 2023, ela chegou a participar do documentário Endometriose: Minha Dor Não É Normal, numa ação conjunta com a Procuradoria Especial da Mulher no Senado e com o Instituto Cultura em Movimento.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva, a enfermidade afeta 10% das mulheres brasileiras e pode causar dores intensas, além de infertilidade. Apesar disso, a doença continua sendo um desafio de saúde pública, impactando cerca de 6 milhões de brasileiras e comprometendo tanto a qualidade de vida quanto a fertilidade. Embora seja uma doença ginecológica, seus sintomas vão muito além das cólicas menstruais, afetando a fertilidade e a qualidade de vida de milhões de mulheres.
Muitas mulheres passam anos sem diagnóstico porque seus sintomas são minimizados. O tempo médio para descobrir a endometriose pode chegar a 8/10 anos, o que compromete a qualidade de vida e a fertilidade da paciente”, alerta Graziela Caneo, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana da La Vita Clinic.
Sintomas se confundem com reações comuns do período menstrual
O Março Amarelo é o Mês Mundial de Conscientização da Endometriose, doença que atinge cerca de 10% da população feminina em idade reprodutiva, impactando a qualidade de vida e a produtividade da mulher. O diagnóstico precoce é um dos maiores desafios da doença, já que seus sintomas se confundem com reações comuns do período menstrual. Sem tratamento, ela pode atingir formas graves, como a chamada endometriose profunda, que tem sintomas mais severos e deixam a mulher incapacitada para uma rotina normal.
Nem sempre o diagnóstico é realizado logo de início, podendo levar até 10 anos para ser feito. Essa é a maior dificuldade, já que as dores da endometriose podem ser confundidas com dores rotineiras do ciclo menstrual. Por isso a importância da data. Precisamos dar visibilidade ao assunto, conscientizar profissionais de saúde e orientar cada vez mais mulheres a perceberem os sinais do corpo e buscarem ajuda médica quando necessário. Principalmente quando as dores começam a afetar a qualidade de vida, é preciso investigar a fundo o possível desenvolvimento da doença”, explica o ginecologista Patrick Bellelis, especialista em endometriose.
A endometriose não pode mais ser ignorada. Casos como o de Larissa Manoela ajudam a ampliar o debate e incentivar outras mulheres a buscarem diagnóstico e tratamento. Durante o Março Amarelo, a campanha reforça que dor não é normal e que informação pode mudar vidas.
Saiba mais sobre a endometriose
A endometriose ocorre quando células do endométrio – tecido que reveste o útero – se desenvolvem fora da cavidade uterina, podendo atingir órgãos como ovários, bexiga e intestino. Isso provoca inflamação, ardências e dores severas.
O diagnóstico tardio se deve, em grande parte, ao fato de que muitas mulheres têm seus sintomas subestimados ou normalizados. “Infelizmente, ainda há um tabu de que ‘cólicas menstruais são normais’, e muitas mulheres convivem com dores severas sem procurar ajuda”, explica a Dra. Paula Beatriz Fettback, ginecologista e especialista em reprodução humana.
Além disso, alguns médicos podem não suspeitar da doença logo de início, atrasando a investigação. O diagnóstico adequado depende de uma avaliação detalhada e exames de imagem específicos, realizados por profissionais especializados.
Um dos maiores desafios da endometriose é o impacto na fertilidade. O processo inflamatório crônico pode comprometer as tubas uterinas, dificultando o transporte do óvulo, além de reduzir a reserva ovariana quando os ovários são afetados por cistos endometrióticos, conhecidos como endometriomas.
A endometriose não significa infertilidade obrigatória, mas o grau da doença e a idade da mulher são fatores determinantes. Quanto mais tempo sem diagnóstico, maiores os danos à fertilidade”, alerta a Dra. Paula Beatriz Fettback.
Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental. “Mulheres que ainda não desejam engravidar, mas têm endometriose, podem considerar o congelamento de óvulos como uma estratégia para preservar sua fertilidade no futuro”, orienta a Dra. Graziela Caneo.
O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença e o desejo reprodutivo da paciente. As opções incluem:
– Controle da dor com medicamentos hormonais e anti-inflamatórios.
-Cirurgia para remoção dos focos da doença, em casos mais graves.
-Mudanças no estilo de vida, como alimentação anti-inflamatória, atividade física e controle do estresse.
-Fertilização in vitro (FIV), quando há dificuldades para engravidar.
Como identificar sinais de alerta
Entre os principais sintomas da endometriose que afetam a vida da mulher, destacam-se as cólicas de forte intensidade e a dificuldade em engravidar. No segundo caso, é natural que as mulheres busquem ajuda profissional, quando desejam ter um filho. Mas no caso das cólicas, isso nem sempre acontece. Observar essas dores é importante para identificar se é o caso de recorrer a um médico. “Cólicas de maior intensidade, que afetam a rotina, ou com características diferentes das habituais devem ser encaradas como sinal de alerta”, frisa Bellelis.
Outros sinais que não devem ser ignorados durante o ciclo menstrual são dor durante a relação sexual, dor e sangramento ao urinar ou evacuar e dores nas costas. Sintomas fora do período menstrual também merecem atenção. A indicação do especialista é que, ao sentir qualquer coisa fora do normal, durante o ciclo ou fora dele, a mulher procure um ginecologista para que o quadro seja investigado e se dê início a um tratamento o quanto antes, se necessário.
Os sintomas mais comuns da endometriose incluem:
-Cólicas menstruais intensas e dor pélvica crônica.
-Dor durante as relações sexuais.
-Dor para evacuar ou urinar durante a menstruação.
-Dificuldade para engravidar.
É comum que as pacientes procurem ajuda médica apenas porque estão com dificuldades de engravidar, assim como há casos, infelizmente, de mulheres que procuram diversos profissionais até conseguirem um diagnóstico correto. As mulheres precisam observar seu corpo, estar atentas aos sinais e investigar qualquer sintoma, porque o diagnóstico precoce é capaz de prevenir sequelas e permitir um tratamento que pode garantir o controle da endometriose e a qualidade de vida”.
A endometriose acontece quando células do endométrio, a camada interna do útero que é expelida na menstruação, acabam se depositando fora da cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões. Elas podem se acumular nos ovários, na cavidade abdominal, na região da bexiga, intestinos, entre outros locais, podendo até mesmo formar nódulos que afetam o funcionamento de órgãos do corpo.
Agenda Positiva
Cristo Redentor iluminado em amarelo pela conscientização sobre a endometriose
O Março Amarelo busca diminuir os diagnósticos tardios para, assim, acelerar o tratamento das mulheres afetadas pela doença. O movimento teve início em 1993, com a ativista americana Mary Lou Ballweg. Ela e mais sete mulheres realizaram uma Semana de Conscientização sobre o assunto, durante um evento da The Endometriosis Association.
No dia 14 de março, às 20h, o monumento que é símbolo do Brasil, será iluminado em amarelo para chamar a atenção para um tema urgente: a conscientização sobre a endometriose. A ação é uma parceria entre a ONG A Vida Como Ela É com Endometriose e o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, em apoio ao Março Amarelo, mês de conscientização sobre a doença que afeta milhões de mulheres em todo o mundo.
Apesar de sua alta prevalência, a endometriose ainda é pouco compreendida e cercada de tabus, o que reforça a necessidade de iniciativas que levem informação à sociedade. A iluminação reforça a importância da Lei nº 14.324/2022, que instituiu o Dia Nacional de Luta contra a Endometriose, celebrado em 13 de março, e a Lei Municipal nº 5.146/2010, que incluiu a data no calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro.
Nosso objetivo é dar visibilidade à endometriose, fortalecer a luta pelo diagnóstico precoce e ampliar o acesso ao tratamento. Iluminar um dos maiores ícones do mundo é iluminar também a causa de milhões de mulheres que precisam ser ouvidas, A iluminação do monumento ao Cristo Redentor simboliza um gesto de acolhimento e esperança para todas as mulheres que enfrentam essa batalha.”, afirma Nídia Meirelles, fundadora da ONG A Vida Como Ela É com Endometriose, que atua há 17 anos na luta pela conscientização da endometriose, promovendo informação, apoio e mobilização para que mulheres tenham acesso a diagnóstico e tratamento adequados.
Com assessorias