Em tratamento há três anos, Gláucia Rocha dos Santos, de 36 anos, chegou a pesar 330 quilos. “Quando engravidei, em 2007, estava com 90 quilos e, no término da gravidez, cheguei a pesar 282 quilos”, afirma Glaucia. “O momento mais difícil pelo qual passei foi quando não andava mais e vivia em cima de uma cama”, conta.
Foi a partir deste momento que ela procurou ajuda profissional no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede), um centro de tratamento que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio de Janeiro. “Emagreci 100 quilos antes de fazer a cirurgia bariátrica”, conta ela.
Para alcançar a meta, que é atingir 80 quilos, Gláucia voltou a fazer exercícios. “Olho no espelho e sei exatamente o que está faltando perder. Continuo na dieta e acompanhada com psicólogo, psiquiatra e nutricionista – uma equipe extremamente atenciosa e que entende a minha dor”.
Com Chrys Rezende (nas fotos ao lado antes e depois), de 41 anos, a cirurgia bariátrica não funcionou. Ela sofreu por 30 anos de obesidade e recorreu ao procedimento quando chegou aos 164 quilos. Com isso, conseguiu emagrecer 54. Porém, depois de 10 anos, engordou 79 quilos e passou a pesar 187kg.
Depressiva, Chrys tentou o suicídio várias vezes, por ter voltado a estaca zero e por ver o sofrimento do filho que sofria bullying na escola por ter uma mãe obesa.
Até que um dia as amigas a convidaram para uma aula de Zumba, para tirá-la de casa. Lá, Chrys se sentiu acolhida e nunca mais parou de dançar. Praticava para se livrar da depressão mas, além da sensação de bem-estar, conseguiu emagrecer 40kg – dessa vez sem cirurgia.
Com esse estímulo, abriu mão do cigarro, refrigerante e passou a adotar uma alimentação mais saudável além, é claro, da prática da Zumba. Perdeu mais 100 quilos e agora é instrutora de zumba e mantém os hábitos saudáveis, servindo de inspiração para muitas alunas da dança.
Procura por cirurgia bariátrica cresce no Brasil
O cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão explica que a cirurgia bariátrica pode ser benéfica para pacientes que sofram com problemas acarretados pela obesidade. “A redução de estômago é recomendada para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 40, ou maior que 35, desde que possuam um conjunto de doenças associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão e dislipidemias (anomalias dos lipídios no sangue). Além disso, a cirurgia também é recomendada para pacientes com o IMC maior que 30 com diabetes de difícil controle”, diz.
Médico sentiu o problema na pele e chegou a pesar 120 quilos
Robert Guimarães, médico especialista em cirurgia vascular, endovascular e angiorradiologia, sentiu na pele os problemas acarretados pelo sobrepeso e hoje faz questão de alertar a população sobre a doença, seus riscos, prevenções e tratamentos. “Cheguei a pesar mais de 120 quilos e percebi que estava com indícios de problemas vasculares que eu mesmo trato em outras pessoas. Precisei mudar para dar o melhor exemplo para meus pacientes”, conta o Guimarães.
Segundo o especialista, a obesidade pode ser uma doença genética ou desenvolvida por conta dos seus hábitos diários, portando é necessário prevenir este mal com mudanças na alimentação, prática de exercícios físicos, realização de exames, acompanhamento médico, adaptação da rotina de sono, redução dos níveis de gorduras e açúcar no sangue, evitar o stress e manter uma dieta balanceada.
Quando uma pessoa que está acima do peso me procura para tratar de problemas vasculares, o primeiro passo que aconselho é o emagrecimento. Além de podermos elaborar um procedimento mais adequado, priorizamos também a saúde, qualidade de vida e bem-estar do paciente”, acrescenta Guimarães.
Iede é referência no tratamento de obesidade
Localizado no Centro do Rio de Janeiro (Rua Moncorvo Filho 90), o Iede conta com equipe multidisciplinar com mais de 120 profissionais de saúde, entre endocrinologistas, psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos e assistentes sociais que auxiliam os pacientes a entenderem os motivos de ganharem peso e o tratamento ideal para cada um.
São oferecidos exames complementares, acompanhamento nutricional, orientação para exercícios físicos, terapia familiar e individual, e, em alguns casos, pode ser indicada a cirurgia bariátrica, que é realizada, na grande maioria dos casos, no Hospital Estadual Carlos Chagas, que conta com o Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, que realiza cerca de 500 cirurgias por ano.
De janeiro a julho deste ano, o Iede teve uma média de mais 3,7 mil pacientes que buscaram atendimento ambulatorial nos serviços de endocrinologia. Além do serviço, o instituto também oferece tratamentos contra transtornos alimentares e metabologia; diabetes; e endocrinologia pediátrica. Distúrbios como anorexia nervosa, bulimia nervosa, compulsão alimentar, síndrome de Prader-Willi e também o acompanhamento antes e depois da cirurgia bariátrica fazem parte da rotina dos profissionais de saúde instituto.
A estrutura conta com 13 salas de atendimento, além de um banheiro adaptado e macas para atender às necessidades do grande obeso. O IEDE conta, ainda, com duas enfermarias para a internação em casos de anorexia e bulimia.
Com assessorias