‘Educação sexual não incentiva sexualidade precoce’, diz infectologista

Casos de HIV estão aumentando entre jovens e idosos por causa da relação sexual desprotegida. Veja medidas de proteção e prevenção combinada

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O Dia Mundial da Saúde Sexual, lembrado em 4 de setembro, e o Dia do Sexo, celebrado nesta quarta-feira (6), servem também como gancho para falarmos sobre as diversas questões relacionadas à sexualidade, promovendo alerta e conscientização para prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV/Aids.

De acordo com a Unaids, cerca da metade de todas as novas infecções pelo HIV no mundo inteiro ocorre entre jovens de 15 a 24 anos. Mundialmente, as doenças relacionadas à Aids são a segunda principal causa de morte entre jovens, de 10 a 24 anos de idade. No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de 2022, entre 2007 e 2022 foi observado que 23,7% dos casos de infecções por HIV são de jovens entre 15 e 24 anos.

Mas é importante destacar também que a Aids não atinge apenas os jovens. Nos últimos anos, a epidemia de HIV e Aids em pessoas idosas no Brasil tem emergido como problema de saúde pública e um dos principais pressupostos para esse crescimento é a relação sexual desprotegida, o que torna as pessoas vulneráveis às ISTs e ao HIV/Aids. Por isso, é essencial falar sobre prevenção.

Prevenção a infecções sexualmente transmissíveis

Marcelo Lima, infectologista  da GSK/ViiV Healthcare, lembra que, em geral, os aspectos relacionados à saúde sexual levantam polêmicas e podem ser marcados por preconceitos e tabus. E enfatiza:

“A educação sexual não incentiva a sexualidade precoce. Pelo contrário, informar o assunto de forma efetiva e qualificada tende a fazer com que os adolescentes e os jovens façam escolhas mais conscientes do que os que não tiveram informações.”

A adolescência, por exemplo, é um momento da vida que muitas dúvidas aparecem e também, geralmente, surgem as primeiras experiências sexuais. Por isso, é essencial que os adolescentes e jovens possam ter acesso às informações sobre sexualidade, sobre sexo seguro e conheçam o seu corpo.

“Sem informação e orientação, essas ações podem resultar, entre outras, em gestações não planejadas ou até em infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o HIV”, alerta.

Para ajudar a reverter isso, é importante que, já no início da puberdade, antes mesmo do início da vida sexual, adolescentes possam ter acesso aos serviços de saúde. Temas relativos a educação sexual, como, por exemplo, autonomia, direito de escolha, planejamento do futuro e métodos contraceptivos propriamente ditos são importantes de serem trabalhados.

“A ocorrência de novas infecções pelo HIV em mulheres jovens, por exemplo, também tem crescido, e as mulheres nessa faixa etária encontram-se em idade reprodutiva, sendo importante um planejamento reprodutivo, a oferta de teste anti-HIV para a detecção precoce da infecção e o início de tratamento com antirretroviral, a fim de evitar a transmissão vertical do vírus para o bebê. Ou seja, é muito importante que políticas públicas sejam direcionadas a essa população jovem de forma contínua”, afirma o Dr. Marcelo, que complementa:

Principais formas de prevenção e tratamento para uma saúde sexual segura

O preservativo é o método mais conhecido, acessível e eficaz para prevenir a infecção pelo HIV e outras ISTs e doenças graves, como as hepatites virais. Segundo a OMS, a hepatite viral pode matar mais pessoas do que malária, tuberculose e HIV juntos até 2040, se as tendências atuais de infecção continuarem. No SUS são distribuídos preservativos interno e externo gratuitamente para a população.

Em relação ao HIV, uma das principais maneiras de se evitar a transmissão é com a Prevenção Combinada, que consiste no uso simultâneo de diferentes métodos de prevenção. Essas ações podem estar combinadas de acordo com as características individuais e o momento de vida de cada pessoa. É importante frisar que os métodos de prevenção só têm sua eficácia garantida se forem usados corretamente.

“Cada pessoa ou grupo de pessoas vai ser orientado com relação ao conjunto de métodos preventivos para o HIV e para outras infecções sexualmente transmissíveis que sejam mais adequados pro seu estilo de vida. Além disso, a prevenção combinada também identifica comportamentos e situações de maior vulnerabilidade que possam ser modificáveis para aquela pessoa ou grupo de pessoas”, explica o médico.

Entre os métodos que podem ser combinados, estão, por exemplo:

  • testagem regular para o HIV, que pode ser realizada gratuitamente no SUS;
  • prevenção da transmissão vertical (quando a gestante vive com HIV e pode haver a transmissão do vírus para o bebê);
  • profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste no uso de antirretrovirais que são utilizados antes da exposição para reduzir o risco de infecção pelo HIV;
  • tratamento para todas as pessoas que já vivem com HIV;
  • profilaxia pós-exposição (PEP), que é uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras ISTs. Consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções e deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio; entre outros.

SUS oferece testes para HIV e distribui medicamentos retrovirais

O infectologista alerta ainda que, se você passou por uma situação de risco, como ter feito sexo desprotegido, é importante que faça o teste de HIV e outras ISTs.

“O SUS oferece gratuitamente testes para diagnóstico do HIV e para diagnóstico da sífilis e das hepatites B e C. Existem, no Brasil, dois tipos de testes: os exames laboratoriais e os testes rápidos. Os testes rápidos são práticos e de fácil execução; podem ser realizados com a coleta de uma gota de sangue ou com fluido oral e fornecem o resultado em 30 minutos”, esclarece.

Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente pelo SUS os medicamentos antirretrovirais para todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

“O programa brasileiro de controle ao HIV é reconhecido mundialmente, e oferece gratuitamente para a população os medicamentos modernos para prevenção e tratamento ao HIV. É muito importante que você se previna e, caso tenha tido alguma situação de risco, faça o teste de HIV para dar início imediato ao tratamento'”.

Segundo ele, uma pessoa com acompanhamento médico regular, boa adesão ao tratamento é capaz de atingir níveis de carga viral tão baixos a ponto de ser considerado não haver transmissão do HIV por via sexual. “Este é o conceito chamado i=i, ou indetectável=intransmissível. Além disso, quem toma o medicamento corretamente evita o adoecimento em decorrência do HIV e garante boa qualidade de vida”, finaliza o Dr. Marcelo.

Fonte: GSK/ViiV Healthcare

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