Em tempos de COP28, a conferência mundial do clima, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes, para discutir formas de barrar o aquecimento global, muitas pessoas começam a achar que o mundo vai acabar e entram em pânico. As ondas de calor recentes reacendem o debate sobre o futuro do planeta e os impactos ambientais, embalado pela popularização dos movimentos ambientais.
Tudo isso pode gerar a chamadaeco–ansiedade, definida pela APA – American Psycology Association, como o “medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das próximas gerações”.
A expressão foi apresentada ao mundo em 2017, mas somente em outubro de 2021 entrou oficialmente para o dicionário de Oxford como um “desconforto ou preocupação sobre o dano atual e futuro causado no meio ambiente pela atividade humana e a mudança climática”. Desde então, o termo aparece com mais frequência, principalmente entre jovens e adolescentes, preocupados com seu futuro.
Embora não seja considerada oficialmente uma doença, seus sintomas estão cada vez mais frequentes em jovens que temem pela vida no planeta, em pessoas que se emocionam com a notícia ou são diretamente atingidas por tragédias ambientais cada vez mais frequentes no mundo e no Brasil, como as quedas de barragens em Mariana e Brumadinho e, mais recentemente, o colapso de uma mina em Maceió (AL). .
Calor extremo e seus efeitos negativos na saúde mental
As estações do ano, primavera, outono, inverno e verão podem nos afetar emocionalmente, Um exemplo disso é a depressão sazonal ou transtorno afetivo sazonal (TAS), conhecida popularmente como “depressão de inverno”, mas, dependendo da região geográfica, pode ocorrer também durante o outono.
Geralmente ocorre quando o tempo está muito frio, pois é provocada pela falta de energia solar. A baixa exposição ao sol diminui a produção de serotonina, responsável pelo prazer e bem estar. Este neurotransmissor regula o estado de humor, o sono, o apetite. Por isso, em países com inverno mais rigoroso, o índice de depressão e suicídio é mais elevado nesse período.
No frio extremo, procuramos ficar em locais protegidos, fechados, e consumimos alimentos mais gordurosos e quentes. Ficamos mais dentro de casa, mais agasalhados e as relações sociais diminuem. Mais isolados, com menos contato humano, algumas pessoas podem se deprimir.
Já o calor extremo também traz seus efeitos negativos na saúde mental, pois aumenta os níveis de cortisol, hormônio que regula o humor, a motivação e o medo, aumentando a incidência de crises de ansiedade e os episódios maníacos em portadores de transtorno bipolar. Causa irritabilidade, com aumento de brigas e conflitos, perturbação dos ciclos do sono e consequente cansaço durante o dia, redução do apetite e da atenção.
Nas altas temperaturas, usamos menos roupas, procuramos locais com água e sombra, alimentos mais leves e gelados e mais hidratação. Com mais irritabilidade e menos atenção, podemos nos envolver em conflitos e acidentes.
Entretanto, nós, humanos, somos capazes de nos adaptar a qualquer situação da vida, inclusive às condições climáticas. Quando perceber que existe uma alteração do humor – depressão ou ansiedade – que esteja fugindo ao controle, procure ajuda profissional.