Neste domingo, 9 de julho, celebra-se o Dia do Oncologista, carreira que envolve a nobreza da Medicina e, ao mesmo tempo, os desafios de uma especialidade que lida diariamente com a morte, mas lutando o tempo todo a favor da vida e de sua qualidade. Para contar um pouco sobre a rotina de um oncologista, trazemos o relato de Juliana Ominelli, do Centro de Excelência Oncológica.
Graduada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) em 2011, a jovem médica fez residência em Clinica Médica no Hospital Universitário Pedro Ernesto e em Oncologia no Instituto Nacional do Câncer (Inca), ela fala dos desafios, das paixões e do dia a dia dessa especialidade, além do tabu da morte em torno da doença. Confira:
“Lidamos com a morte com muito maior frequência que a maioria das outras especialidades. É inegável. Mas lidamos com a vida também! Cada batalha do paciente também é nossa. A cirurgia, a quimioterapia, as complicações, as angustias, os medos e a dor são compartilhados. Assim como as vitórias, o término do tratamento, o fato de o exame não mostrar mais doença, a melhora dos sintomas, a volta para rotina. Para ser oncologista, o médico precisa ter humanidade.
O paciente, geralmente, é encaminhado para o oncologista depois do diagnóstico de câncer. Apenas em alguns casos, quando há forte suspeita, nós também participamos da investigação diagnóstica. Dependendo do tipo, da localização e do tamanho do câncer, o oncologista avalia a proposta do tratamento (curar ou amenizar sintomas) e planeja o melhor manejo da doença. A especialidade depende integralmente da discussão multidisciplinar, com avaliação do cirurgião, do clínico, do radio-oncologista e do radiologista para definir a melhor conduta para aquele paciente.
Na oncologia, convivemos com uma doença com muito estigma. Ninguém gostaria de ter esse diagnóstico e a simples suspeita gera muita ansiedade. Mas nosso arsenal de tratamento vem melhorando e muito nos últimos anos, o que aumentou bastante a sobrevida destes pacientes. Todos os dias, são publicados trabalhos inéditos, com novas opções de tratamento. Por isso, precisamos estar sempre atualizados, e saber filtrar o que realmente importa.
É uma especialidade bem diversificada: pelo tipo de neoplasia, pelo manejo das complicações do tratamento e pelas comorbidades do paciente. O oncologista clínico acaba sendo a referência de médico do paciente. Geralmente, o atendimento é feito em consultório em uma clínica para infusão de quimioterapia. Alguns especialistas também trabalham em ambiente intrahospitalar, mas não é o padrão fazer tratamento em paciente internado. Além disso, a pesquisa clínica está muito presente no nosso dia a dia, com surgimento de novas drogas e novos tratamentos, sendo uma importante área de atuação.
Nos últimos anos, a oncologia progrediu muito, como novos tratamentos, medicamentos e exames diagnósticos. Todos que trabalham de alguma forma com a especialidade estão bastante motivados com os avanços e com a rapidez que chegam ao paciente. Hoje, as drogas desenvolvidas para o tratamento do câncer são mais específicas para as células tumorais, mais potentes e com menos efeitos colaterais. Estamos vendo o surgimento de drogas que fazem o nosso sistema imune atacar as células tumorais.
O mercado em todas as áreas está cada vez mais sobrecarregado e na oncologia não está diferente. Nos grandes centros, o ambiente está cada vez mais competitivo. O país mais influente na área médica continua sendo os EUA e na oncologia não é diferente. Importantes estudos clínicos se iniciam por lá. No entanto, observamos outros países com grande influência também, como França, Alemanha e Bélgica. O Brasil, certamente, ainda está muito atrasado em tecnologia e estudo clínico”.
Fonte: Centro de Excelência Oncológica