O ‘Dia da Ressaca’ pode ser qualquer dia – basta que você tenha exagerado na bebida. Mas a data é lembrada oficialmente em 28 de fevereiro, numa iniciativa de órgãos de saúde pública e associações médicas preocupadas com o abuso de álcool e, no Brasil.

Este ano, coincide com a véspera do recesso de Carnaval, o que torna a data ainda mais simbólica, considerando-se que é um período no qual as pessoas, entusiasmadas em curtir a folia, podem cometer alguns exageros no consumo de álcool. Porém, é na quarta-feira de cinzas que muitos estão mesmo “só o pó”, após vários dias de bebedeira.

A data surge como uma oportunidade para compreender os sintomas desagradáveis do consumo de álcool em excesso. Afinal, todo mundo tem alguma história com bebida, não é mesmo? Seja num barzinho com amigos, num happy hour, em um casamento, ou até mesmo em um jantar. A diversão no dia pode ter sido incrível, mas e o dia seguinte?

Uma pesquisa da Wake Creators revelou os principais hábitos de consumo e estratégias de influenciadores para o Carnaval 2025. O levantamento aponta que bebidas alcoólicas são a categoria mais consumida no período, representando 59% das preferências.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) não existem limites seguros para o consumo de álcool. No Brasil, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) considera 14g de álcool puro, o equivalente a 350 ml de cerveja ou a 150 ml de vinho, como uma dose. A partir disso, o recomendado para homens é consumir no máximo duas doses em um único dia (ou 14 doses por semana) e para mulheres, uma dose em um dia (ou sete doses na semana).

O médico clínico geral Marcello Freire Nannetti, da Hapvida, alerta que as repercussões no organismo realmente pioram com a idade. E o melhor remédio dispensa receita: é só beber com moderação, como a própria publicidade sugere.

O efeito diurético do álcool resulta em incômodos como dor de cabeça, boca seca e mal-estar. Com o envelhecimento, o corpo retém menos água, o que faz a substância se concentrar mais na corrente sanguínea, intensificando os efeitos. Além disso, o fígado envelhecido metaboliza de forma mais lenta, o que prolonga os sintomas”, explica.

Mas, afinal, o que é a ressaca?

A ressaca nada mais é do que uma intoxicação aguda do corpo. Trata-se de uma reação do corpo ao consumo exagerado de bebida alcoólica, que gera desidratação ao aumentar a eliminação de líquidos pela urina, irrita o estômago, leva ao enjoo e até a vômitos; sobrecarrega o fígado, que precisa metabolizar o álcool e pode liberar substâncias tóxicas, como o acetaldeído; e prejudica o sono, deixando a pessoa mais cansada no dia seguinte.

Basicamente, uma ressaca é resultado da reação das toxinas do álcool com as enzimas corporais. Uma ressaca prolongada é mais provável à medida que o corpo tenta eliminar mais toxinas. Para ajudar na limpeza que seu corpo vai ter que fazer, consumir alimentos ricos em vitaminas antioxidantes é fundamental. Neste caso, as frutas são as melhores amigas, pois além de vitamina e minerais, elas têm muita água, como melancia, melão e morango”, explica o nutricionista Ângelo Daher, da plataforma Science Play.

A endocrinologista Nathalia dos Santos, que atende em Goiânia, explica sobre essa reação do organismo. ‘‘A ressaca é um conjunto de sintomas da intoxicação que acontece quando é ingerida alta quantidade de álcool’’.  As consequências são um misto de arrependimento com sintomas físicos característicos da ressaca. O consumo excessivo de bebida alcoólica pode trazer prejuízos instantâneos à saúde assim como a longo prazo. Isso porque o álcool afeta diversos órgãos e funções do organismo, como o fígado, a imunidade e a pele.

Sintomas podem durar até 24 horas depois da bebedeira

A médica detalha os principais sintomas da ressaca – dor de cabeça, desidratação, enjoo, diarreia, extremo cansaço e hipoglicemia – e explica o porquê ela acontece. ‘‘Nosso fígado não produz uma enzima que neutralize diretamente o álcool, ele primeiro o transforma em acetaldeído, e depois em ácido acético, que é um metabólito não ativo e não tóxico. O problema é que o acetaldeído é uma substância ainda mais tóxica que o próprio álcool. Portanto, até que o fígado transforme o acetaldeído em ácido acético, o organismo lida com duas substâncias tóxicas ao mesmo tempo’’.

Patrícia Costa, clínica médica do Hospital Anchieta de Brasília, explica que os sintomas duram, em média, de seis a oito horas, mas podem permanecer até 24 horas após a bebedeira. A especialista diz que, depois da ingestão, dor de cabeça, dor nos olhos, enjoo, mal estar, além de dores no corpo e no estômago são alguns sintomas da ressaca, sem contar os sinais de desidratação, falta de apetite, tremores, suor e muito sono.

Isso acontece porque o álcool causa irritação na mucosa estomacal. O fígado só consegue metabolizar uma quantidade máxima de álcool, então, quando ele é consumido em excesso, ocorre o acúmulo de substâncias tóxicas no organismo, como o acetaldeído. Por isso, a ressaca nada mais é do que uma intoxicação aguda do corpo”, detalha Patrícia.

A médica experiente em emagrecimento e longevidade saudável Mariana Arraes conta que as bebidas mais açucaradas, mais calóricas e com o maior teor alcoólico podem ser as mais perigosas para efeitos mais significativos.

Saiba como prevenir os efeitos nada agradáveis da bebedeira

Moderar nas quantidades e manter-se hidratado é o segredo

A boa notícia é que é possível prevenir a ressaca com simples cuidados, sendo a hidratação um dos mais eficazes.  De acordo com o nutricionista da Science Play Pedro Perim, existem algumas estratégias simples que minimizam esse mal-estar.  Uma delas, bastante conhecida, é alternar a bebida com água ou com algum tipo de opção sem álcool.

Vale, também, variar com energético sem açúcar ou água tônica. Mantenha o máximo possível a ingestão de água para que não ocorra a desidratação, um dos principais efeitos do álcool no organismo”, recomenda o profissional.

A recomendação é beber água no mesmo ritmo e na mesma quantidade do álcool consumido. Intercalar cada dose de bebida alcoólica com um copo de água é uma estratégia simples e eficiente, de acordo com Nannetti.

Para amenizar o efeito do álcool, Mariana Arraes recomenda que no próprio dia que for ingerir a bebida, ´é preciso ficar atento para diminuir os excessos e manter a hidratação.” Já no dia seguinte é importante fazer uma atividade aeróbia e sempre lembrar de se manter hidratado”.

Nathalia dos Santos orienta os foliões de plantão neste carnaval que é possível evitar a ressaca. ‘‘O ideal é comer antes de começar a beber. Beber devagar e só depois de ingerir alimentos ricos em proteínas e carboidratos, o que diminui a velocidade de absorção do álcool, dando tempo para o fígado metabolizar o álcool que vai sendo consumido’’, afirma. ‘‘Beber muita água antes, durante e depois de consumir álcool. Não se esqueça de intercalar a bebida alcoólica por uma não alcoólica (água, refrigerante, suco)’’, completa.

Uma alimentação adequada antes e durante o consumo de álcool também ajuda a evitar a ressaca. Evitar misturar diferentes tipos de bebidas também pode prevenir complicações, pois facilita o controle da quantidade ingerida. Mas a maneira mais eficaz de evitar os efeitos da ressaca é a moderação.

Uma outra dica da endocrinologista é não beber em dias seguidos. ‘‘Se bebeu um dia, no outro deixe o fígado descansar’’, afirma. A especialista comenta ainda sobre produtos que prometem evitar a ressaca. ‘‘É importante ressaltar que  não existe remédio que impeça a intoxicação causada pela ingestão de álcool. Os analgésicos, antiácidos ou anti-histamínicos só ajudam a diminuir o mal-estar’’, destaca Nathalia dos Santos.

Com Assessorias

 

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