Depilar ou raspar os pelos pubianos não só pode escurecer a pele da região íntima, como também pode favorecer o aparecimento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A ligação entre os métodos depilatórios e o aumento de casos de herpes, sífilis ou clamídia foi mostrada em um estudo realizado com cerca de 7.500 pessoas entre 18 e 65 anos nos Estados Unidos.
Os participantes que haviam depilado a região genital tinham uma incidência mais alta de DSTs. A pesquisa, publicada na semana passada na revista especializada Sexually Transmitted Infections, repercutiu no meio médico no Brasil.
“A depilação na região pubiana deixa o local sensível à penetração de fungos e bactérias. A área em questão, consequentemente, pode ser mais sensível às diversas formas de DST, que aproveitam essa porta de entrada para penetrar”, confirma Murilo Drummond, professor titular do Instituto de Pós-Graduação Carlos Chagas e membro das sociedades brasileiras de Dermatologia e de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia.
Ele reconhece que a depilação a laser pode ser considerada a forma ideal para extração de pelos, uma vez que, após algumas sessões não haverá mais a necessidade constante dessa agressão, apenas uma manutenção bem esparsa. “O problema é que em muitos lugares não obedecem os conceitos imprescindíveis de assepsia, tanto do aparelho como da região a ser depilada. Nesses casos as chances de DST aumentam muito, em particular as verrugas, que na realidade são o temível HPV que pode causar o câncer do pênis ou do colo do útero”, esclarece.
Depilação causa escurecimento de virilhas e axilas
Os métodos depilatórios são apontados também como os maiores causadores do escurecimento de virilhas e axilas. Esses métodos, assim como as lâminas, tendem a deixar a pele irritada no local, produzindo com isso a melanina, que é a pigmento responsável pela mudança da tonalidade da pele.
Outros motivos desse escurecimento são alterações hormonais, alergias, uso de produtos contendo álcool em sua composição como desodorantes. As manchas também podem ser causadas por predisposição genética e obesidade.
Geralmente as manchas nas axilas e virilhas são mais evidentes em mulheres de pele morena, porém, as de pele clara não estão livres desse incômodo. “Sendo essas as partes do corpo menos expostas ao sol , a pele torna-se mais sensível e com maior tendência ao escurecimento”, afirma Tathiana Antony, cirurgiã plástica responsável pela Clinica Renewmed, em Ipanema (RJ).
O que fazer para evitar as manchas?
Evitar métodos depilatórios agressivos, lâminas, desodorantes à base de álcool e procedimentos que irritem a pele são as principais formas de evitar o escurecimento da região da virilha e axilas. “Existe muita procura para procedimentos que ajudam a clarear a pele, principalmente no verão, onde essas partes do corpo ficam mais expostas, seja na praia, na piscina ou pelo uso de roupas sem manga.
Segundo Tathiana, existem ótimos tratamentos indicados para o clareamento da pele nesses locais. “O melhor tratamento para clareamento da pele nessas partes de nosso corpo deve ser feito com a ajuda de um especialista estético, um médico, pois métodos caseiros são contra-indicados”, ressalta.
Entre os tratamentos mais indicados estão o peelings de microdermoabrasão, o peeling químicos e o uso de laser que acelera e suaviza as manchas. “A depilação a laser, além de clarear a pele, ajuda a evitar manchas decorrentes do atrito com a cêra e gilete. O procedimento é feito com a luz pulsada que destrói os pelos, atacando a melanina, substância que dá cor à pele e aos pelos.Assim o laser também destrói as manchas”, explica a médica.
Saiba mais sobre a pesquisa
Dos participantes da pesquisa nos EUA, 74% declararam ter raspado ou depilado os pelos púbicos (84% mulheres e 66% homens). A prevalência de DSTs foi de 13% entre os participantes do estudo e de 8% entre as pessoas que nunca depilaram a região, enquanto as que fizeram isso ao menos uma vez tinham uma taxa de infecção de 14%. Por sua vez, os adeptos à depilação integral tinham uma incidência de 18%.
Ainda não se sabe por que isso acontece. Uma hipótese “plausível” para explicar a relação podem ser os micro-cortes na pele, que favorecem a entrada de vírus e bactérias. Outra possibilidade é que os que são adeptos da depilação de suas regiões íntimas têm a tendência de ter comportamentos sexuais de risco.
Se esta última cogitação for correta, uma possibilidade pode ser realizar campanhas de prevenção para alertar as pessoas para que esperem que sua pele tenha cicatrizado da depilação antes de ter relações sexuais, indicaram os autores.
Fontes: Murilo Drummond e Tathiana Antony (Renewmed)