Dengue tem mais de 920 mil casos e 184 mortes no Brasil

Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Paraná lideram casos. 609 mortes estão sendo investigadas. Previsão é de 4,2 milhões de casos em 2024

Febre oropouche também é transmitida por mosquito, só que de outra espécie (Foto: Banco de Imagens)
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O número de casos de dengue no Brasil este ano já se aproxima de 1 milhão, segundo informações do Painel de Monitoramento das Arboviroses, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (26). Desde o início de janeiro, o Brasil já registrou 920.427 casos prováveis de dengue, 184 pessoas já morreram por complicações da doença e 609 óbitos estão em investigação. O coeficiente de incidência da dengue no país é de 453,3 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Entre os casos prováveis, 55,3% são de mulheres e 44,7% de homens. A faixa etária dos 30 aos 39 anos segue respondendo pelo maior número de casos de dengue no país, seguida pelo grupo de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos. Já no ranking dos estados, Minas Gerais lidera em número absoluto de casos prováveis (311.333). Em seguida aparecem São Paulo (161.397), Distrito Federal (98.169) e Paraná (94.361).

Quando se considera o coeficiente de incidência, o Distrito Federal aparece em primeiro lugar (3.484,8 casos por 100 mil habitantes), seguido por Minas Gerais (1.515,8), Acre (828,7) e Paraná (824,6). Distrito Federal, seis estados e 126 municípios decretaram emergência pela doença até o momento, com destaque para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

“Nestes locais, embora o combate ao Aedes aegypti siga fundamental, o cuidado com os pacientes e a atenção aos sinais de alerta para o agravamento de quadros é o fator preponderante para salvar vidas”, afirma o Ministério.

A estimativa da pasta é que o Brasil chegue a 4,2 milhões de casos de dengue em 2024, quase o triplo do que foi registrado ano passado – cerca de 1,6 milhão, quando o coeficiente de incidência da dengue no país foi de 777,6 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. O coeficiente registrado atualmente é de 453,3 casos, sendo que o pico da doença, segundo autoridades sanitárias, ainda não foi atingido.

Em 2023, os estados com maior número absoluto de casos da doença eram Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. Este ano, Minas Gerais segue liderando o ranking, com 311.333 casos. Nas posições seguintes estão São Paulo (161.397), Distrito Federal (98.169), Paraná (94.361) e Rio de Janeiro (71.494).

Nos dois últimos anos, além da explosão de casos, o país registrou recorde de mortes. Foram 1.053 óbitos em 2022 e 1.094 em 2023 – em toda a série histórica (2000-2023), o Brasil nunca tinha ultrapassado a marca de mil óbitos.

Até 22 de fevereiro, o Brasil contava com mais de 740 mil casos prováveis de dengue, um aumento de quase 350% em relação ao mesmo período ano passado. Eram 151 mortes confirmadas por dengue e 501 sob investigação. Mais da metade do total de diagnósticos da doença identificados por estados e municípios ao longo de todo o ano de 2023, quando foram registrados 1.658.816 casos.

Nordeste tem a menor incidência de casos

Já o Nordeste apresenta a menor incidência de casos de dengue até o momento – os estados da região concentravam, 27,9 mil casos e 6 óbitos por dengue, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde.

Para discutir ações que evitem a chegada do surto de dengue ao Nordeste, a ministra Nísia Trindade se reuniu nesta segunda-feira (26) com representantes do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

“Nossa ideia é pensar ações que não permitam que o Nordeste viva o que estamos vendo em outras regiões em relação à dengue. É importante discutirmos ações para mitigar esse surto de dengue, que acontece de forma diferente no Brasil”, destacou Nísia.

Segundo ela, os diferentes momentos da epidemia em todo o país requerem abordagens e estratégias diversas, por isso, a coordenação do Ministério da Saúde tem sido fundamental no apoio e orientação de estados e municípios quanto a abordagem adequada para cada localidade. Durante a reunião, as unidades federativas atualizaram o cenário da doença em cada localidade.

Desde 2023, o ministério está em constante monitoramento e alerta quanto ao cenário epidemiológico da dengue no Brasil, coordenando uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses em todo o território nacional. O foco, neste momento, é salvar vidas e evitar o agravamento de quadros.

Dengue nas Américas

Peru deve declarar emergência de saúde por casos de dengue

O Peru vai declarar uma emergência de saúde em algumas partes do país por causa do aumento de casos de dengue. O número de novos casos nas sete primeiras semanas de 2024 (quase 25 mil) é 95% maior do que o mesmo período de 2023. Até agora, 28 pessoas morreram de dengue no país – em todo o ano passado, foram mais de 400 mortes.

O ministro da Saúde do Peru, Cesar Vasquez, disse nesta segunda-feira (26) que há risco iminente de um surto de dengue e que o estado de emergência será decretado em 20 das 24 regiões administrativas. Mais de 83% do território peruano enfrenta problemas com a doença. O país passa por uma onda de calor e de chuvas fortes, que são condições favoráveis para a reprodução do mosquito que transmite a dengue.

A Argentina também enfrenta alta do número de casos de dengue nos últimos meses. Segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde local no dia 18 de fevereiro, mais de 48 mil casos de dengue foram diagnosticados no país entre julho de 2023 e o início de fevereiro, incluindo 35 mortes pela doença até o momento. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta epidemiológico na sexta-feira (16) por um aumento geral da dengue na região das Américas.

Hemorragia não é o principal sintoma da dengue grave

Termo dengue hemorrágica deixou de ser usado pela OMS em 2009

Popularmente conhecido como dengue hemorrágica, o agravamento da dengue se caracteriza por uma queda acentuada de plaquetas – fragmentos celulares produzidos pela medula óssea que circulam na corrente sanguínea e ajudam o sangue a coagular – e que geralmente leva ao extravasamento grave de plasma. O termo dengue hemorrágica, na verdade, deixou de ser usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2009, uma vez que a hemorragia, nesses casos, nem sempre está presente.

De acordo com as diretrizes publicadas pela OMS, as autoridades sanitárias atualmente distinguem as infecções basicamente entre dengue e dengue grave. Enquanto os casos de dengue não grave são subdivididos entre pacientes com ou sem sinais de alerta, a dengue grave é definida quando há vazamento de plasma ou de acúmulo de líquidos, levando a choque ou dificuldade respiratória. Pode haver ainda sangramento grave e comprometimento de órgãos como fígado e até mesmo o coração.

A OMS diz que, de 2009 em diante, a magnitude do problema da dengue no mundo aumentou de forma dramática, além de se estender, geograficamente, a muitas áreas anteriormente não afetadas pela doença. A avaliação da entidade é que a dengue foi e permanece sendo, ainda hoje, a mais importante doença viral humana transmitida por artrópodes – grupo de animais invertebrados que inclui o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Atualmente, a classificação de gravidade clínica para a dengue definida pela OMS e seguida pelo Ministério da Saúde é a seguinte:

Dengue sem sinais de alarme

Nesses casos, o paciente apresenta febre geralmente por um período de 2 a 7 dias acompanhada de duas ou mais das seguintes manifestações clínicas:

  • náusea ou vômitos;
  • exantema (erupção cutânea);
  • dor de cabeça ou dor atrás dos olhos;
  • dor no corpo ou nas articulações;
  • petéquias (manchas avermelhadas de tamanho pequeno); e
  • baixos níveis de glóbulos brancos no sangue.

Dengue com sinais de alarme

Qualquer caso de dengue que apresente um ou mais dos seguintes sinais durante ou preferencialmente após a queda da febre:

  • dor abdominal intensa e sustentada ou sensibilidade no abdômen;
  • vômito persistente;
  • acúmulo de líquidos;
  • sangramento de mucosas;
  • letargia ou inquietação;
  • hipotensão postural (pressão arterial baixa ao levantar-se da posição sentada ou deitada);
  • aumento do fígado; e
  • aumento progressivo do hematócrito (porcentagem de hemácias no sangue), com queda na contagem de plaquetas.

Dengue grave

Qualquer caso de dengue que apresente uma ou mais das seguintes manifestações clínicas:

  • choque ou dificuldade respiratória devido a extravasamento grave de plasma dos vasos sanguíneos;
  • sangramento intenso; e
  • comprometimento grave de órgãos (lesão hepática, miocardite e outros).
  • Do Ministério da Saúde, Agência Brasil e G1, com Redação

 

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