Desde a pandemia de Covid-19, uma especialidade médica vem ganhando destaque com tantas infecções novas surgindo – ou velhas conhecidas – como a dengue, que volta a assombrar a população em um surto histórico, e também o vírus influenza, que causa a gripe. É o médico infectologista, um especialista em doenças infecciosas, causadas por agentes como bactérias, vírus, fungos ou parasitas. O principal foco de um infectologista é o diagnóstico, tratamento e prevenção dessas doenças.

O Brasil está vivendo desde o início de 2024 um aumento significativo de casos de dengue. De acordo com o Ministério da Saúde, isso se deve a fatores correlacionados: o calor excessivo e as chuvas intensas, além do ressurgimento recente dos sorotipos três e quatro do vírus da dengue. Mas o pior ainda pode estar por vir: o pico das infecções por dengue costuma acontecer entre os meses de abril e maio. Mesmo com o final do verão, os cuidados devem persistir durante todo o ano.

Também tem sido registrado, principalmente nos pronto-socorros, um grande número de pessoas com gastroenterite aguda, covid e gripe. Dias com temperaturas mais amenas no outono e menor volume de chuva não afastam o perigo de transmissão dessas doenças. Com a queda de temperatura, também é maior a incidência de patologias das vias respiratórias e é muito comum as pessoas confundirem gripe com dengue ou covid com gastroenterite ou dengue, por exemplo, fazendo com que demorem a procurar atendimento médico adequado, o que pode agravar a situação.

É preciso diferenciar o diagnóstico dessas doenças, que podem produzir sintomas semelhantes, e buscar o tratamento mais adequado o quanto antes Apesar da alta repercussão da epidemia de dengue desde o início do ano, muitas dúvidas ainda acometem os brasileiros sobre esta e outras doenças. Por isso, informar a população é uma questão de saúde pública nesse momento. Neste Dia do Infectologista (11 de abril), ouvimos alguns especialistas para comentar sobre essas doenças infecciosas que vêm perturbando o sono dos brasileiros. Eles também dão dicas preciosas de prevenção, diagnóstico e tratamento. Confira!

Diferenças entre dengue, covid, influenza, resfriado e gastroenterite

De acordo com Dania Abdel Rahman, Infectologista e coordenadora do setor de Infectologia Clínica e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Albert Sabin de SP (HAS), o que mais diferencia a dengue dos demais quadros é que, neste caso, não há sintomas gripais ou respiratórios.

Dengue, covid, gripe (influenza) e resfriado são doenças causadas por vírus. Na dengue não há sintomas respiratórios, os sintomas principais são cefaleia, febre, mialgia (dor muscular) intensa, podendo haver diarreia, náuseas e lesões no corpo com vermelhidão e coceira. As lesões no corpo costumam aparecer após o quinto dia de sintomas”, informa

Em quadros de Covid, resfriado e gripe os sintomas mais importantes são os gripais. Costuma haver coriza, tosse (seca ou produtiva), dor de garganta (odinifagia), obstrução nasal, entre outros. A febre também pode estar presente, mas nos resfriados mais leves pode não haver febre.

a gastroenterite aguda pode ser viral ou bacteriana e, do mesmo modo, apresenta  sintomas como diarreia, náuseas, vômitos, febre, dor de cabeça  e no corpo, mas também pode causar desidratação e dores abdominais. O tratamento da gastroenterite aguda é baseado no diagnóstico, se é viral ou bacteriana.

“O tratamento básico é sintomático, ou seja, busca atenuar os sintomas com remédios para dor abdominal, náusea, vômito. Também podemos medicar e fazer uma hidratação endovenosa, normalmente. Além disso, orientamos uma dieta mais obstipante, a pessoa  não deve  ingerir alimentos que soltem o intestino. Quando é gastroenterite bacteriana, podemos dar antibióticos, mas para isso tem que haver avaliação médica para que se  faça essa diferenciação. Se for viral, é só hidratação e sintomáticos, sem antibióticos”, explica a infectologista.

Dessa forma, sintomas como dor no corpo, febre, diarreia e dor de cabeça podem estar presentes sempre e a diarreia pode ocorrer em qualquer uma dessas doenças. Para que não haja dúvidas, o ideal em todos os casos é sempre procurar um  médico para diagnóstico e tratamento adequados.

  • Como identificar se estou com dengue, covid ou gripe?

  • Infectologista responde a 8 das principais dúvidas da população e diz que principal motivo da alta é a mudança climática

O infectologista Evaldo Stanislau, gerente de Pesquisa Acadêmica da Inspirali, ecossistema de educação médica, responde algumas das principais dúvidas sobre as três doenças que estão em alta neste primeiro quadrimestre do ano – dengue, gripe e covid-19. Confira:

  • 1. Como identificar se estou com dengue, covid ou gripe?

A pessoa que se sente doente, com um grande mal-estar, dor de grande intensidade, febre e manchas no corpo é bem provável que tenha dengue. O principal sintoma de Covid ou gripe é respiratório e também incluem dor de garganta, tosse, nariz entupido. Mal-estar, febre e indisposição é comum em todos. Muita dor no corpo, dor atrás dos olhos, mancha no corpo, dor de cabeça, vômito, dor muscular e nas articulações, primeira coisa é pensar que pode ser dengue.

A pessoa infectada com dengue pode ter uma melhora em torno do terceiro dia de contaminação e depois aparecerem complicações como dor abdominal, falta de ar e pequenos sangramentos, na gengiva por exemplo. Nos últimos dias de infecção podem aparecer coceiras pelo corpo. Em casos mais graves, a doença vai continuar evoluindo e a pessoa começa a apresentar quadros como confusão mental, sonolência, queda importante da pressão arterial e até mesmo coma.

  • 2. E Chikungunya?

Essa é uma doença desafiadora. Os sintomas geralmente são febre, erupções na pele, dores fortes, e as sequelas são piores. Não existe um tratamento específico para a doença. Muitas vezes é tratado com corticoides, que podem ter efeitos colaterais. É importante prestar atenção aos sintomas e procurar um posto de saúde

  • 3. Qual medicamento não deve ser adquirido em caso de suspeita de dengue?

Não podemos usar medicamentos que potencializam o risco de sangramento e que podem fazer mal para o fígado. É o caso do ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatório. Em geral, o fundamental é procurar ajuda médica desde os primeiros sintomas e cuidar da hidratação, pois o vírus da dengue provoca perda de líquido.

  • 4. Todo mundo está sujeito a contrair a doença? Quem corre mais risco de contrai-la de forma grave?

Não necessariamente é o componente viral que desencadeia a gravidade da doença. Isso está muito mais relacionado a uma resposta imunológica. Pessoas que já tiveram dengue anteriormente estão mais suscetíveis a ter formas mais graves, pois você parte de uma resposta imunológica que não é zero, é uma resposta exacerbada. Cerca de 5% dos casos podem evoluir para dengue com complicações. Gestantes, doentes crônicos, idosos e crianças menores que dois anos são mais propensos a formas mais complicadas por características imunológicas, pelas doenças crônicas e por isso já são naturalmente pacientes de maior preocupação.

  • 5. O que explica a alta nos casos de dengue este ano no Brasil?

Temos como principal motivo a mudança climática. Juntamente com a chegada do fenômeno El Nino, constatou-se uma onda muito forte de calor e também muita umidade. Essas duas condições já são suficientes para a progressão dos ovos na forma de larva e enfim o mosquito. Mas também existem outros fatores que explicam a alta nos casos. A pandemia de Covid mobilizou muito os recursos de saúde e com isso os programas de dengue acabaram ficando um pouco desguarnecidos, isso também deu chance para que a vigilância não fosse tão efetiva.

Outro fator é a falta de imunidade de uma geração de pessoas. A população vai se sucedendo e muitas crianças e jovens não tiveram contato com o vírus enquanto pessoas mais velhas já tiveram dengue, de surtos anteriores, e assim possuem uma vacina natural de imunidade contra a doença. E, por fim, o próprio ciclo da dengue que de tempos em tempos passa por um crescimento natural.

  • 6. Quais os diferentes tipos de vírus?

Hoje temos quatro sorotipos diferentes. Se uma pessoa contrai um, ele já está protegido contra este mesmo para sempre. A circulação dos tipos 1 e 2 é mais comum, por isso muitas pessoas têm imunidade a eles. Os tipos 3 e 4 circularam menos e por isso temos mais pessoas susceptíveis. Nesse ano, o Brasil está registrando a circulação de vários sorotipos, em Minas Gerais, por exemplo, os 4 circulam simultaneamente, é isso aumenta a chance de formas graves.

  • 7. O que é o Aedes Aegypti e o quanto ele é perigoso?

Aedes Aegypti é um mosquito muito importante do ponto de vista médico. Ele transmite zika, chikungunya, dengue e febre amarela, sendo, assim, muito perigoso. Mas não é só ele que transmite a doença: quem traz o vírus é o ser humano infectado. A maioria das pessoas infectadas não apresenta os sintomas, mas não deixa de transmitir o vírus para o mosquito caso sejam picadas. O mosquito pica o ser humano e vai amplificando aquele vírus.

Atualmente, a doença que vem preocupando a todos é a dengue, seguida da chikungunya, que corre em paralelo. A dengue tem uma característica clínica muito parecida com todas as outras arboviroses, e que é comum de certa forma para doenças infecciosas: febre, dor no corpo e mal-estar.

Mas o que chama atenção é o momento epidemiológico. Qualquer pessoa que sinta algum sintoma, deve procurar orientação médica para fazer o diagnóstico clínico e epidemiológico. Quando estamos em uma epidemia declarada, o exame confirmatório fica menos importante.

  • 8. Por que ainda não temos vacina para todos?

A vacina contra a dengue é um grande avanço científico e logo teremos também a vacina contra a chikungunya. A falta de vacina para todos não é exatamente culpa de ninguém. O laboratório responsável não tem condições, por diversas questões, de fornecer o suficiente para toda a população e priorizou o fornecimento exclusivamente para o SUS. Mas mesmo que tivéssemos, só sentiríamos mesmo o impacto da vacina em meados de 2025, pois o processo ainda é longo entre você tomar todas as doses e estar protegido. Para este ano, é primordial focar nas medidas de proteção individual e de combate ao mosquito.

Quais os sintomas que diferenciam dengue e gripe?

O médico infectologista da Clínica da Cidade, Marco Aurélio H. Bastos, explica que as duas doenças são provocadas por vírus: o da dengue é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, enquanto a gripe se espalha pelo ar.

Alguns sintomas ocorrem nos dois casos, como febre, dores no corpo e na cabeça. Mas há outros que são específicos e ajudam no diagnóstico clínico. No caso da dengue, manchas vermelhas pelo corpo, dor forte na barriga e atrás dos olhos, por exemplo. Já a gripe se caracteriza pela coriza, dor de garganta e tosse, como indica o quadro abaixo.

Sintomas que diferenciam as doenças:
Gripe Dengue Gripe e Dengue
Coriza Manchas pelo corpo Febre
Dor de Garganta Dor forte na barriga Dor de cabeça
Tosse Dor atrás dos olhos Dor no corpo
Dor nas articulações
Pressão baixa

No caso da dengue, os primeiros sintomas podem aparecer de quatro a 10 dias após a picada do mosquito infectado. “A doença pode se manifestar de maneira leve, sem sintomas, ou de forma grave, dependendo do tipo de vírus envolvido, infecções prévias pelo vírus da dengue e fatores individuais, como a presença de doenças crônicas, tais como diabetes, asma brônquica, entre outros”, afirma o infectologista da franquia Clínica da Cidade.

Já a gripe é uma infecção respiratória também causada por vírus, o Influenza. Os sintomas duram, em média, sete dias, embora a tosse, o mal-estar e a fadiga possam permanecer por algumas semanas.

“A diferenciação das duas doenças é crucial para o início do tratamento adequado, por isso há alguns fatores de atenção, no caso da gripe os sintomas são respiratórios, já a dengue é caracterizada pela febre alta e provoca dores nas articulações e problemas gastrointestinais na maior parte dos casos”, esclarece Marco Aurélio.

Tratamento 

O Ministério da Saúde alerta que o tratamento da dengue é baseado na reposição adequada de líquidos e o paciente deve seguir orientação médica. A recomendação é para que haja repouso, ingestão de líquidos, além de procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos. Outro cuidado é nunca se automedicar.

Como não há medicamento específico para dengue, o tratamento se concentra nos sintomas e pode incluir, por decisão médica, antitérmicos para controlar a febre e analgésicos para dor no corpo.

Prevenção

O especialista chama a atenção para a participação da sociedade no controle da dengue.  “Eliminar criadouros do mosquito é a melhor forma de prevenção, eliminando focos de água parada, instalando telas mosqueteiras nas portas e janelas, utilizando repelentes apropriados e hidratando-se”, ressalta.

Vacina

O Brasil foi o primeiro país do mundo a incorporar a vacina contra a dengue no sistema público de saúde. O imunizante Qdenga, fabricado pela farmacêutica Takeda, aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), tem uma eficácia de 80%.

Apesar de ser recomendado para pessoas de 4 a 60 anos, neste momento, o governo priorizou a aplicação do imunizante em crianças de a partir de 10 anos e adolescentes com até 14 anos.  A contraindicação da vacina se aplica a gestantes, lactantes e pessoas com imunodeficiência. Pessoas que tiveram dengue recentemente devem tomar a vacina somente após 6 meses.

  • 6 dicas para prevenir dengue, covid-19 e gripe

    Gustavo Magalhães, médico infectologista do Hospital Municipal Raphael de Paula Souza, no Rio de Janeiro, e doutor pela Fiocruz, lista dicas para as pessoas se prevenirem contra a dengue, covid-19 e influenza, que estão em alta no momento.

    1. Prevenção de picadas de mosquito

    • Use repelentes regularmente, especialmente durante o amanhecer e o entardecer quando os mosquitos estão mais ativos.
    • Instale telas nas janelas e portas para impedir a entrada de mosquitos.
    • Elimine água parada em recipientes ao redor de sua casa, como vasos, pneus e garrafas, para evitar a reprodução de mosquitos.

    2. Medidas de prevenção geral

    • Lave as mãos com frequência com água e sabão ou use desinfetante para as mãos à base de álcool.
    • Use máscara facial em locais públicos e quando não for possível manter o distanciamento físico.
    • Evite aglomerações e mantenha o distanciamento físico sempre que possível.
    • Cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar com um lenço descartável ou o cotovelo.

    3. Vacinação

    • Certifique-se de estar atualizado com as vacinas disponíveis contra a influenza (gripe) e a covid-19.
    • Consulte o calendário de vacinação local para outras vacinas recomendadas para a sua idade e condição de saúde.

    4. Sintomas e busca por assistência médica

    • Esteja ciente dos sintomas característicos de cada doença (dor muscular e febre para dengue; febre, tosse, falta de ar para COVID-19; febre, dor de garganta, dores no corpo para influenza).
    • Se você ou alguém da sua família apresentar sintomas, procure assistência médica imediatamente.
    • Não se automedique, especialmente com antibióticos, sem orientação médica.

    5. Manutenção da saúde

    • Mantenha um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios regulares e sono adequado.
    • Reforce o sistema imunológico consumindo alimentos ricos em vitaminas e minerais.

    6. Informação confiável

    • Busque informações sobre as doenças em fontes confiáveis, como autoridades de saúde pública ou organizações médicas.

Surto de dengue: é preciso atenção e cuidados

dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovírus. Esse é um vírus transmitido pela picada de um artrópode hematófago, o mosquito Aedes aegypti. A doença é transmitida unicamente pela fêmea do mosquito, uma vez que ela precisa do ferro do sangue para se reproduzir.

“Não há transmissão pelo contato direto com um doente nem por outras fontes, como água ou alimento “, diz Dania Abdel Rahman, infectologista e coordenadora do setor de Infectologia clínica e controle de infecção do Hospital Albert Sabin (HAS).

A doença é tipicamente de países tropicais, como o Brasil, pois o índice de chuvas, principalmente no verão, é mais alto nesses locais, facilitando a deposição de larvas do mosquito transmissor em em águas paradas. “Por esse motivo a importância de não deixarmos a água parada, já que dessa forma o mosquito encontra o ambiente propício à sua proliferação”, adverte.

Os principais sintomas da doença são:

  • Febre alta;
  • Dores musculares intensas;
  • Dor ao movimentar os olhos;
  • Falta de apetite;
  • Cefaleia (dor de cabeça);
  • Manchas avermelhadas pelo corpo com coceira,  mais tipicamente após o quinto dia de sintomas.

Não existe uma medicação específica para matar o vírus da dengue, sendo essa uma infecção autolimitada , ou seja, que se resolve espontaneamente com o passar dos dias. Contudo, medicamentos como paracetamol e dipirona ajudam a aliviar os sintomas.

Em casos mais graves, com sintomas como desidratação e/ou hemorragias, a internação hospitalar se fará necessária. “Por tratar-se de uma doença inflamatória potencialmente grave , é de extrema importância realizar uma hidratação vigorosa nesse período”, explica a infectologista do HAS.

A vacina é outra forma de prevenção muito importante, além do combate ao mosquito, temos  que nos  atentar  à vacinação. Existe uma nova vacina no mercado,  a Qdenga,  proveniente de um  laboratório japonês que se chama Takeda. É uma vacina feita com o vírus vivo atenuado, então ela não deve ser prescrita para pacientes imunossuprimidos.

“Em bula é recomendada dos 4 aos 60 anos de idade. Gestantes também não devem ser vacinadas, nem mulheres que amamentam, porque é feita com vírus vivo atenuado. É uma vacina muito eficaz, que mostrou ótimos resultados nos estudos”, explica Dania.

São duas doses que devem ser tomadas com intervalos de três meses, entre a primeira e a segunda dose. Ela contempla os quatro subtipos mais conhecidos do vírus e é recomendada, inclusive, para pacientes que já tiveram dengue.

No mais, a forma mais eficaz de prevenção da dengue  é o combate ao mosquito, adotando hábitos como tampar caixas d’água e lixeiras, colocar areia nos pratos de plantas, limpar bem as vasilhas de animais de estimação e demais ações preventivas com o objetivo de evitar água parada.

“Também vale lembrar que entre as medidas para “espantar” o mosquito estão as barreiras físicas, como mosquiteiros e telas, e as barreiras químicas, como repelentes e inseticidas”, finaliza a Dra. Dania Abdel Rahman.

Com Assessorias

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