Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a asma é uma das doenças respiratórias mais comuns no mundo, afetando cerca de 400 milhões de pessoas atualmente. Dados da Gina (sigla em inglês para Iniciativa Global pela Asma) mostram que, das 339 milhões de pessoas com asma no mundo, das quais 2 milhões no Brasil, somente 12% têm a doença controlada.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), cerca de 20 milhões de brasileiros sofrem com a doença. Em 2024, um levantamento do Ministério da Saúde revelou que, entre 2019 e 2023, a asma matou quase 12 mil pessoas no país. A condição, caracterizada por inflamação crônica dos brônquios, pode gerar crises frequentes de falta de ar, tosse e chiado no peito.

No Dia Nacional de Controle da Asma, lembrado em 21 de junho, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) ressalta a importância de ampliar o olhar sobre a saúde respiratória. E faz um alerta para uma relação ainda pouco conhecida pela população entre a asma e a rinossinusite crônica com polipose nasal (RSCcPN).

De acordo com estudos clínicos, mais da metade dos pacientes com asma grave também convive com rinossinusite crônica com pólipos – o que agrava ainda mais a evolução da doença e sua complexidade, como analisa Thiago Bezerra, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE), professor da UFPE e membro da diretoria da ABORL-CCF e da Academia Brasileira de Rinologia (ABR).

Conexão entre a asma e a sinusite crônica com polipose nasal

Popularmente conhecida como sinusite com pólipos nasais, a RSCcPN é uma inflamação persistente dos seios da face caracterizada pelo surgimento de pólipos — formações benignas que obstruem o nariz e afetam diretamente o olfato, a respiração e o bem-estar dos pacientes. Trata-se de uma condição recorrente, de difícil controle e, muitas vezes, associada a outras doenças, como a asma grave e a doença respiratória exacerbada por anti-inflamatórios não esteroides (DREA).

Embora sejam doenças diferentes, ambas fazem parte de um mesmo processo inflamatório que afeta as vias aéreas superiores e inferiores. A conexão é tão próxima que, na literatura médica, é descrita como “doença das vias aéreas unificadas”.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, apontou que cerca de 17% dos pacientes com asma também apresentam rinossinusite crônica com pólipos, e esses casos estão frequentemente associados à forma mais grave da doença.

A ligação entre essas enfermidades está na chamada inflamação tipo 2, um processo imunológico que atinge tanto o nariz quanto os pulmões, provocando sintomas persistentes e inflamação de difícil controle. Quando essas condições coexistem, o tratamento tende a ser mais desafiador e o controle dos sintomas, mais difícil. A abordagem terapêutica, por isso, precisa ser integrada e personalizada.

Não dá para tratar apenas a asma isoladamente

De acordo com o especialista, o paciente que é bem diagnosticado tem mais chances de alcançar o controle dos sintomas e evitar agravamentos futuros. O tratamento isolado de uma das condições pode não ser suficiente.

Asma e rinossinusite com pólipos não são doenças desconectadas. É fundamental que o diagnóstico de uma leve à investigação da outra. Quando tratamos o nariz, frequentemente conseguimos controlar melhor os sintomas pulmonares também, tendo em vista que a associação entre essas doenças é complexa e multifatorial, envolvendo fatores genéticos, ambientais e imunológicos”, explica.

Entenda a sinusite com pólipos

Também conhecida como polipose nasal, a RSCcPN é uma condição inflamatória crônica da mucosa nasal e dos seios paranasais, que leva ao desenvolvimento de pólipos, que são crescimentos benignos e gelatinosos dentro do nariz e dos seios da faceA RSCcPN provoca obstrução nasal persistente, secreção espessa, dor facial e perda do olfato, em razão da formação de pólipos nos seios da face.

Segundo ele, a sinusite crônica com pólipos nasais é uma doença crônica que muitas vezes passa despercebida. Os sintomas podem parecer comuns, como nariz entupido ou perda de olfato, mas o impacto é profundo e contínuo. Muitos pacientes convivem por anos com esses sinais sem saber que existe um diagnóstico específico e tratamento adequado.

Pacientes com sinusite com pólipos nasais muitas vezes enfrentam uma longa trajetória até o diagnóstico correto e o acesso a um tratamento adequado. Mesmo após múltiplas cirurgias e uso contínuo de corticoides, os sintomas podem persistir e comprometer atividades do dia a dia, como sentir cheiros, dormir bem ou respirar com facilidade”, afirma o Dr. Bezerra.

De acordo com o médico, além da avaliação clínica, exames como tomografia dos seios da face, endoscopia nasal, testes alérgicos, espirometria e dosagem de marcadores inflamatórios podem ser indicados para um diagnóstico preciso.

Falta de ar, chiado no peito, cansaço frequente, nariz entupido constante, secreção espessa ou perda de olfato não devem ser ignorados. Por isso, a recomendação é procurar um especialista”, alerta o médico otorrinolaringologista Miguel Tepedino, presidente da Academia Brasileira de Rinologia (braço acadêmico ABORL-CCF).

Nos pacientes com rinossinusite crônica com pólipos nasais (RSCcPN), o manejo inicial é clínico. Quando a resposta ao tratamento medicamentoso não é satisfatória, indica-se o procedimento cirúrgico, que apresenta elevada taxa de controle da doença.

Para os casos refratários mesmo após a cirurgia, pode-se considerar o uso de terapias imunobiológicas, conforme os critérios estabelecidos no Consenso Brasileiro de 2024 para indicação de imunobiológicos na rinossinusite crônica. Essas terapias atuam diretamente no processo inflamatório, sendo eficazes na redução dos sintomas e na melhora da qualidade de vida desses pacientes.

Em quadros refratários, é fundamental que haja opções terapêuticas que levem em consideração as especificidades do processo inflamatório envolvido na doença”.

Cuidados simples com o nariz que ajudam a proteger os pulmões

Manter a saúde nasal em dia é uma estratégia eficaz para prevenir crises respiratórias e melhorar o controle da asma. Veja algumas recomendações do especialista:

  1. Higienização nasal regular com solução salina ajuda a remover alérgenos, poluentes e secreções, reduzindo a inflamação local.
  2. Evitar exposição a ambientes com baixa umidade, fumaça ou poeira contribui para a redução de irritações nas vias aéreas.
  3. Ficar atento a sinais como congestão nasal, perda de olfato e secreção espessa pode indicar a necessidade de avaliação médica.
  4. Acompanhamento multidisciplinar com otorrino, pneumologista e alergista é essencial para pacientes com sintomas persistentes.
  5. Evitar a automedicação e buscar orientações seguras antes de usar descongestionantes ou corticoides nasais.

 ANS recebe contribuições para atualização do Rol

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)  abriu no dia 12 de junho a Consulta Pública 157, com o objetivo de obter contribuições sobre as propostas de atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde para  Mepolizumabe em combinação com corticosteroide intranasal no tratamento de pacientes adultos com rinossinusite crônica com pólipos nasais grave

as seguintes tecnologias:

Para avaliar a ampliação das opções terapêuticas disponíveis, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulamentação do sistema privado de saúde, abriu uma Consulta Pública para ouvir opiniões de pacientes, familiares, profissionais da saúde e sociedade em geral sobre a possível incorporação de um imunobiológico à lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde, como tratamento complementar para adultos com RSCcPN grave e refratária.

Por ter recomendação preliminar desfavorável à incorporação ao Rol pela área técnica da ANS, a proposta também passará por Audiência Pública 56 no dia 27 de junho. o teste pré-natal, o mepolizumabe em combinação com corticosteroide intranasal e a tafasitamabe em combinação comlenalidomida.

 

 

Por que é importante participar da Consulta Pública?

A incorporação de um medicamento inovador no rol da ANS pode representar um avanço no cuidado de pacientes que vivem com sintomas persistentes e já passaram por múltiplos tratamentos, com alto impacto físico e emocional.

“A Consulta Pública é uma oportunidade única para dar visibilidade a um grupo de pacientes que sofre em silêncio. Muitos convivem com dor facial, obstrução nasal, perda de olfato, alterações do sono e da alimentação, sem saber que há alternativas. A participação ativa da sociedade é um gesto de empatia e de reconhecimento do direito ao acesso à saúde com base em evidências”, reforça o especialista.

Profissionais de saúde, pacientes, familiares e a população em geral podem contribuir na consulta pública n° 157até 1º de julho de 2025. Para participar e saber mais informações, é necessário acessar este link.

Como participar da consulta pública

Participar é simples e pode fazer a diferença. Veja como contribuir:

  1. Acesse o site da Agência Nacional de Saúde Suplementar: Visite Link, role a tela até encontrar o link de acesso à consulta pública n° 157.
  2. Leia o relatório técnico: entenda os critérios e evidências científicas de mepolizumabe avaliadas.
  3. Envie sua opinião: Preencha o formulário de consulta pública compartilhando suas considerações e apoio à incorporação do tratamento.

 

– Teste pré-natal não invasivo (NIPT) para detecção de DNA fetal circulante no sangue materno em gestantes com alto risco de aneuploidias fetais (alterações genéticas que levam à anormalidade de cromossomos, podendo oferecer impactos na morbimortalidade dos fetos);

– Radioterapia de intensidade modulada (IMRT) para tratamento de pacientes adultos com tumores do canal anal; e

– Lenalidomida em combinação com tafasitamabe, para tratamento de pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B (LDGCB – um tipo de câncer que afeta o sistema linfático) recidivado ou que não respondeu ao tratamento anterior.

Por terem recomendação preliminar desfavorável à incorporação ao Rol pela área técnica da ANS, três das propostas também passarão pela Audiência Pública 56, que será realizada no dia 27/6: o teste pré-natal, o mepolizumabe em combinação com corticosteroide intranasal e a tafasitamabe em combinação comlenalidomida.

As tecnologias foram aprovadas para irem à consulta pública durante a 7ª Reunião Extraordinária da Diretoria Colegiada (DICOL) de 2025, realizada no dia 9/6. Para assistir à reunião na íntegra, clique aqui.

Os interessados podem enviar suas contribuições até 1º/7 no próprio site da ANS, onde também estão disponíveis os documentos relacionados às propostas durante o período de consulta. Para se informar e participar, clique aqui.

Vale lembrar que os formulários para envio de contribuições das consultas públicas para a atualização do Rol foram reformulados. Com a alteração, a sociedade poderá informar se concorda; discorda; ou concorda/discorda parcialmente das incorporações.

Antes da mudança, as classificações dos tipos de opinião disponíveis eram: concordo; discordo; ou concordo/discordo parcialmente da recomendação preliminar da ANS. O objetivo da modificação é conferir maior clareza e transparência ao processo de participação social.

O Rol tem sido constantemente atualizado por meio de um processo dinâmico, que conta com ampla participação social, no qual a análise das tecnologias é feita a partir de metodologia de avaliação de tecnologias em saúde e nos princípios da saúde baseada em evidências, utilizados em diversos países ao redor do mundo. 

Para saber mais, acesse: https://aborlccf.org.br

Com Assessorias

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *