Com o aumento dos casos de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais, a saúde do cérebro tem ganhado cada vez mais destaque nas discussões sobre qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 970 milhões de pessoas convivem com algum transtorno mental no mundo,  o equivalente a, aproximadamente, uma em cada oito pessoas.

Esse cenário é agravado pelo estilo de vida moderno, marcado por rotinas aceleradas, excesso de estímulos e alta carga emocional, que tem levado milhões de pessoas ao limite do esgotamento físico e mental. O cérebro, órgão mais complexo do corpo humano, é diretamente afetado por esses fatores.

“O estresse contínuo altera profundamente o funcionamento cerebral. Ele muda a forma como pensamos, sentimos, reagimos e até como nosso corpo responde a doenças”, explica o neurologista André Carvalho Felício, professor do Departamento de Neurologia da Afya Educação Médica de Ribeirão Preto. 

De acordo com o especialista, viver sob constante tensão ativa a amígdala, estrutura que funciona como um sistema de alarme interno, colocando o cérebro em estado de alerta, como se a pessoa estivesse diante de uma ameaça real. Isso leva a reações intensas de medo, raiva ou ansiedade, muitas vezes sem o devido controle racional.

Além disso, o estresse crônico reduz a atividade do córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pelo pensamento lógico, planejamento, empatia e tomada de decisões. “Com essa parte funcionando menos, tendemos a agir por impulso e a tomar decisões das quais podemos nos arrepender depois. É como se perdêssemos temporariamente a capacidade de pensar com clareza”, afirma o neurologista.

No entanto, há caminhos para fortalecer a saúde cerebral, e um dos principais está na neuroplasticidade,  a capacidade do cérebro de se reorganizar, formando novas conexões neurais ao longo da vida. Essa habilidade é especialmente estimulada por meio de experiências sensoriais no desenvolvimento infantil, mas também pode ser potencializada em qualquer fase da vida por meio de hábitos saudáveis. O especialista indica alguns desses hábitos:

 

  1. Reduza o estresse com pausas e respiração consciente

Faça pausas curtas durante o dia, respire fundo, e pratique atividades que relaxem o sistema nervoso, como meditação, ioga ou caminhadas ao ar livre.

  1. Alimente-se bem 

Inclua alimentos ricos em ômega-3 (como peixes e sementes), antioxidantes (frutas vermelhas, vegetais verde-escuros) e evite ultraprocessados, que inflamam o corpo e afetam o humor.

  1. Priorize o sono de qualidade

Evite telas antes de dormir, mantenha horários regulares e garanta um ambiente escuro e silencioso. O ideal são 7 a 9 horas de sono por noite.

  1. Exercite o cérebro com novos aprendizados

Aprender um idioma, tocar um instrumento ou resolver desafios cognitivos estimula a formação de novas conexões neurais.

  1. Mantenha o corpo em movimento

A atividade física libera substâncias benéficas como endorfinas e BDNF, uma proteína que protege os neurônios.”

  1. Construa vínculos afetivos

Relacionamentos saudáveis reduzem o risco de depressão e oferecem suporte emocional essencial ao equilíbrio cerebral.

  1. Pratique  atividades prazerosas

Ouvir uma boa música, assistir a um filme agradável, estar com outras pessoas, passear com seu pet,  cozinhar seu prato favorito, entre outras são atividades às quais estimulam a dopamina, serotonina ou prolactina, fundamentais para nossa saúde mental.

5 hábitos simples para ter um cérebro saudável

No Dia Mundial do Cérebro, neurocirurgiã alerta e dá dicas de como fortalecer e ter um órgão mais saudável

Hoje, dia 22 de julho é celebrado o Dia Mundial do Cérebro, uma data dedicada à conscientização sobre os cuidados com o órgão que comanda tudo no corpo: pensamentos, emoções, movimentos, decisões e até o sono. E apesar de sua complexidade, proteger o cérebro é mais simples do que parece.

Segundo a neurocirurgiã Dra. Danielle de Lara, boas escolhas diárias são a chave para preservar a saúde cerebral e afastar doenças como demência, AVC e Alzheimer. “Cuidar do cérebro não exige fórmulas mirabolantes. São atitudes simples, feitas com constância, que constroem uma mente mais forte e resiliente”, afirma.

Confira abaixo cinco hábitos que, segundo a neurocirurgiã, podem fazer uma grande diferença no funcionamento do cérebro:

  1. Durma bem: Você sabia que o cérebro limpa, repara e grava memórias enquanto você dorme? Uma noite mal dormida compromete a memória, o raciocínio e o humor. “O sono não é um descanso qualquer. Ele é o momento em que o cérebro organiza aprendizados, remove toxinas e se regenera. Além disso, estudos mostram que dormir menos de 7 horas por noite aumenta o risco de declínio cognitivo”, explica a Dra. Danielle.
  2. Alimente-se bem: Sim, o cérebro tem preferências alimentares. Danielle explica que frutas, vegetais, azeite de oliva, castanhas e peixes como salmão e sardinha são verdadeiros aliados da saúde cerebral. “Além disso, alimentos ricos em colina, como ovos e brócolis,  foram associados a menor risco de Alzheimer em estudos recentes com idosos. O cérebro consome 20% da energia do corpo. E essa energia precisa vir dos alimentos certos”, reforça a neurocirurgiã.
  3. Faça atividade físicas: Atividades físicas aeróbicas e de força estimulam a produção de substâncias que fortalecem as conexões entre os neurônios. “Exercício físico é um dos maiores ‘fertilizantes’ naturais do cérebro. Ele protege, estimula e ainda melhora o humor”, diz a Dra. Danielle. A recomendação mínima é de 150 minutos por semana.
  4. Mantenha o cérebro ativo: Desafie-se, o cérebro adora um novo caminho. Ler, aprender um idioma, tocar um instrumento ou até sair da rotina estimulam o cérebro a formar novas conexões. “A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se reinventar. E ela só se ativa quando saímos do piloto automático”, orienta a médica.
  5. Cultive vínculos: “É importante lembrar que boas relações também previnem doenças. Conversas, risadas, trocas de ideias. A ciência já mostrou que vínculos sociais fortes reduzem o risco de demência. A solidão e o isolamento afetam diretamente a saúde cerebral. Relações saudáveis são um alimento poderoso para a mente”, lembra Dra. Danielle.

“Não espere um problema aparecer para cuidar do seu cérebro. Quanto antes você começar, mais ele será capaz de te proteger no futuro. Neste Dia Mundial do Cérebro, a mensagem é clara: com pequenas mudanças, você pode transformar sua saúde cerebral e sua qualidade de vida”, conclui a neurocirurgiã.

Com Assessorias

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