A virada de ano é, tradicionalmente, um momento de mudanças. Reflexões, metas e até superstições fazem parte dos hábitos de fim de ano. A cada 12 meses, milhares de pessoas vão atrás de recursos que ajudem a começar o novo ciclo de forma mais produtiva e saudável. Melina Cury Haddad, coordenadora de psicologia da Care Plus, indica quais são os principais hábitos para manter o bem-estar mental:
O equilíbrio em nossa vida vem quando conseguimos dosar a quantidade de estresse que temos com momentos de lazer e que proporcionam prazer; então é necessário fazer um balanço, por exemplo, se estou trabalhando muito e até tarde por causa do home office, preciso tentar deixar um momento no dia para relaxar, ouvir uma música que gosto, tomar um banho relaxante”, afirma.
Ainda segundo ela, o sono é um fator primordial para manter a saúde emocional, busque ter horário pra dormir e acordar, fazer um ritual para o sono antes de dormir e se desligar com antecedência de telas de celular, TV, tablets. Ter como base uma alimentação balanceada, com alimentos nutritivos irá auxiliar você no bem-estar. Praticar exercícios físicos regularmente, mesmo em casa, pois são responsáveis pela liberação de neuro-hormônios que auxiliam na sensação de prazer e bem-estar. Além disso, conversar com pessoas, mesmo que seja a distância, faz nos sentirmos conectados, e isso é muito importante para enfrentar sentimentos de solidão e sentir que pertencemos a um lugar.
Na depressão, temos a tendência de abandonar atividades que nos dão prazer; é essencial não abandonar. Preste atenção no excesso de informações que recebe no dia a dia, escolha algum veículo confiável para se informar e não se conecte apenas com notícias ruins. Tem muitas coisas boas que estão acontecendo também, muitas pessoas se ajudando e se solidarizando. Então vamos nos nutrir daquilo que nos faz bem”, destaca.
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Os principais hábitos para manter a saúde mental
Melina destaca os principais hábitos para se manter o bem-estar mental, confira:
– O equilíbrio vem quando conseguimos dosar a quantidade de estresse que temos com momentos de lazer e que proporcionam prazer; então é necessário fazer um balanço, por exemplo, se estou trabalhando muito e até tarde por causa do home office, então tentar deixar um momento no dia para relaxar, talvez ouvir uma música que goste, tomar um banho relaxante;
– O sono é um fator primordial pra manter a saúde emocional. Busque ter horário pra dormir e acordar, fazer um ritual para o sono antes de dormir e se desligar com antecedência de telas de celular, TV, tablets, não beber nada estimulante, isso ajuda muito a equilibrar e preparar o cérebro pra dormir, pode também fazer um exercício de respiração profunda, relaxamentos ajudam muito na indução do sono.
– Ter como base uma alimentação balanceada, com alimentos nutritivos irá auxiliar você no bem-estar. Praticar exercícios físicos regularmente, mesmo em casa, pois são responsáveis pela liberação de neuro-hormônios que auxiliam na sensação de prazer e bem-estar.
– Conversar com pessoas faz nos sentirmos conectados, e isso é muito importante para enfrentar sentimentos de solidão e sentir que pertencemos a um lugar. Na depressão, temos a tendência de abandonar atividades que nos dão prazer; é muito importante não abandonar, mesmo sem vontade, não deixe de fazer tarefas simples do dia a dia, lembre-se de que o fazer antecede o prazer, então pra ter vontade de fazer as coisas, é necessário começar a fazer, a vontade pode surgir depois.
Maior procura por programa de saúde mental
Segundo a OMS, a pandemia interrompeu serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países no mundo e, ao mesmo tempo, intensificou a procura por esses mesmos serviços. Em meio a uma realidade de números alarmantes, a busca por equilíbrio se tornou fundamental.
O programa Mental Health, implementado pela Care Plus, que oferece desde a sensibilização e o treinamento de gestores até o suporte 24 horas com especialistas, teve um aumento de 56% em comparação aos três meses no início da pandemia. Para ela, o aumento no número de inscrições entre julho e setembro reflete o momento delicado que vamos enfrentar daqui para frente.
Também percebemos que nos acionamentos os participantes vêm se demonstrando mais ansiosos, mais cansados, estressados, e os problemas com a longa duração do confinamento começam a repercutir de forma mais crônica em saúde mental. Acredito que e o impacto negativo na saúde mental e até mesmo a depressão e o aumento da ansiedade sejam problemas que vamos enfrentar daqui pra frente”, afirma Melina.
Segundo ela, no início, as pessoas não procuraram tanto o programa, pois ainda era uma fase de adaptação e, a princípio, ninguém imaginava que o isolamento duraria tanto tempo: As pessoas estavam em um ‘estado de férias’ e, quando acontece alguma mudança inesperada, tendemos a buscar dentro da gente algum recurso para lidar com o fato”.
Porém, com o passar dos meses, as incertezas e medos, o pouco contato social, dúvidas em relação a perder emprego, parentes, começaram a surgir, e isso vem se refletindo nos números do programa, que voltaram a crescer.
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A partir do lançamento da campanha Setembro Amarelo, em 2003, as informações sobre saúde mental começaram a mudar. Assim como o Setembro Amarelo, que foca especificamente na prevenção do suicídio, a campanha Janeiro Branco tem como objetivo informar e conscientizar a população em relação à busca pelo equilíbrio emocional. A campanha apresenta um papel ainda mais relevante ao trazer informações sobre o aumento do número de transtornos.
Fomos aprendendo e entendendo que esse assunto precisa ser falado e discutido da forma correta; a informação aliada à ciência e a educação à saúde podem ser bases fortes para se prevenir a depressão. Sim, todos nós podemos contribuir para ajudar as pessoas que estão em profundo sofrimento”, diz Melina Cury Haddad, coordenadora de psicologia da Care Plus.
A especialista dá algumas recomendações para ajudar a enfrentar o problema do suicídio. “Procurar uma conversa com alguém, uma oferta de ajuda, encontrar uma informação com um direcionamento para um serviço de saúde ou mesmo um serviço voluntário podem fazer com que ela encontre outro caminho. Vamos falar do tema, vamos perder o medo de conversar”, afirma.
Ainda segundo ela, quem está próximo pode ajudar muito ao ouvir o que a pessoa tem a dizer. “Muitas vezes temos medo de perguntar, até porque não vamos saber lidar com aquilo ou achamos que não temos capacidade de ajudar, mas todos temos essa capacidade, não precisa se preocupar em falar a coisa certa, apenas em ouvir, dar atenção, perguntar como está, oferecer o telefone de um profissional, um copo d’água. O mais importante é abrir um espaço para esse momento, não fazer nenhum julgamento sobre o que ela está passando, não dar broncas achando que vai ser bom para ela, apenas escutar com empatia”, explica a psicóloga.
Para ajudar as pessoas a manter a saúde emocional em dia, a psicóloga dá algumas dicas para a virada de ano:
Viver o presente – A melhor forma de entrar no ano-novo com boa saúde mental é começar agora, buscar esse bem-estar no momento presente, se conectar com o aqui agora, se preocupar com aquilo que você pode controlar e cuidar, tentando não olhar para o passado e nem para um futuro muito distante.
Cuidar do corpo – Corpo e mente andam juntos, estão conectados. Então, para termos uma boa saúde mental, devemos também nos preocupar em ter uma boa saúde física com hábitos, como: praticar atividade física regularmente, adotar uma alimentação saudável e noites de sono reparadoras, gerenciar o estresse diário, cuidar dos pensamentos, estabelecer relações de amizades, conversar com amigos, ter momentos prazerosos e atividades de lazer diariamente.
Encerrar ciclos – A virada de ano traz esse momento de renovação da esperança, o que é muito positivo. É o fechamento de um ciclo e início de outro, então tendemos a ficar mais esperançosos e motivados para enfrentar os desafios que virão no ano que se inicia. É a hora de tomar um “fôlego”, respirar e projetar coisas positivas.
Evitar expectativas exageradas – Quando estamos motivados ou ansiosos, algumas expectativas podem ser muito elevadas e futuramente trazer decepções. A melhor forma é sempre avaliar se nossa expectativa é real ou ideal. Parar e observar o porquê daquele desejo e necessidade de buscar o ideal sempre. Lembre-se: o ótimo é inimigo do bom.
Afastar o que faz mal – Devemos evitar o que nos faz mal, isso é muito individual, cada um deve pensar e fazer uma avaliação daquilo que não lhe cai bem. Se fazer qualquer coisa em excesso faz mal a você, então pense e planeje como vai lidar com o consumo excessivo ou algum hábito exagerado nas festas. Se a loucura do trânsito faz mal a você, então pense em como evitar se expor a essas situações. E assim por diante…
Fazer um balanço do ano – É sempre positivo fazer um balanço de nossas vidas, principalmente em momentos de mudanças de ciclo. Uma ideia é desenhar uma linha do tempo, com os momentos mais marcantes do ano; o que aconteceu de importante e como enfrentou a situação; o que foi bom e o que não foi. Isso nos ajuda a fazer o balanço e aprender com as coisas positivas e dificuldades que passamos. Se você está lendo esse artigo, é porque chegou até aqui e conseguiu sobreviver a esse ano tão difícil. Então valorize esse desafio enfrentado e reforce sua capacidade de superação.
Estabelecer metas reais – Fazer metas pode ser positivo, desde que sejam reais e possíveis de serem alcançadas. Faça pequenas metas que lhe dão a sensação de sucesso ao serem alcançadas. Comece pela mais fácil, até atingir as mais difíceis. Compartilhe com alguém, se quiser, e coloque em lugar visível. De tempos em tempos, vá checando se está no caminho certo e, se for preciso, seja flexível e remodele a meta.
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