Amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, jogar bola, peteca, estátua e bolinhas de sabão são brincadeiras infantis que têm algo em comum: todas podem ser realizadas ao ar livre, fora de casa.

De acordo com uma pesquisa encomendada pela ONG britânica Islington Play Association, adultos que tinham o hábito de se divertir em ambientes abertos quando crianças apresentam melhor saúde mental do que os que brincavam dentro de seus lares.

O estudo, realizado com 3 mil famílias, reforçou ainda a importância de os pequenos passarem tempo desfrutando em lugares que possibilitem o contato com a natureza.

Essa necessidade foi evidenciada durante a pandemia, quando pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, constataram que crianças entre 3 e 7 anos que brincaram mais ao ar livre nesse período apresentaram menos problemas comportamentais e de saúde mental, entre eles medo e ansiedade.

Direito da criança ao brincar

A importância do brincar e da recreação na vida de toda criança tem sido, há tempos, amplamente debatido na comunidade internacional e reconhecido pela Declaração dos Direitos da Criança (1959) e fortalecido na Convenção dos Direitos da Criança (1989).

Nesta terça-feira, 11 de junho, comemora-se o primeiro Dia Internacional do Brincar, estabelecido pela Organização das Nações Unidas para preservar, promover e priorizar brincadeiras para que todas as crianças possam atingir seu potencial.

A data substitui o Dia Mundial do Brincar, que era comemorado em 28 de maio, data de criação da International Toy Library Association (ITLA), celebrada em diversos países ao redor do mundo.

7 benefícios de brincar ao ar livre para as crianças

Estar no ambiente externo também é importante para promover a saúde mental dos pequenos.

Com cada vez mais atividades escolares e extracurriculares, convivendo em ambientes pequenos, com acesso às telas e inseridos em uma rotina apressada, o ‘brincar lá fora’ pode representar uma oportunidade para as crianças aprimorarem suas habilidades interpessoais, resolverem conflitos, fortalecerem os vínculos afetivos, construírem sua autoestima e exercitarem a criatividade.

Estamos falando do contato com a natureza viva e não com grama artificial, por exemplo. Esse hábito de estar ao ar livre é primordial para o desenvolvimento saudável de meninos e meninas, ainda mais quando moram em apartamentos e estudam em escolas sem verde. A natureza ajuda a regular o humor das crianças e estimula um sono de qualidade”, explica Aline De Rosa, especialista em desenvolvimento infantil integrativo.

Para Aline, que pesquisa sobre o desenvolvimento das crianças desde 2015 e auxilia com seus cursos pais, professores, pedagogos, cuidadores e profissionais de saúde sobre educação e desenvolvimento infantil, o ato de brincar ao ar livre deve ser incorporado na rotina familiar. A especialista também destaca o que esse hábito pode fazer pelas crianças. Confira:

Estimula a criatividade: um galho vira varinha mágica, a árvore enorme se torna um dinossauro e a semente comidinha. “Brincando ao ar livre a criança tende a ser mais criativa e colaborativa e aos poucos ela para de chamar o adulto para brincar”, elucida a especialista.

Desperta o interessa pela descoberta: a partir da vivência ela sente o desejo genuíno de compreender como algo é feito, funciona ou para que serve. “Além de ser ótimo para lidar com o tédio de brincar com brinquedos prontos, já que os pequenos exploram o espaço com seus sentidos e interiorizam a descoberta e o conhecimento”, ensina.

Favorece a construção de habilidades sociais: brincadeiras livres e não dirigidas desenvolvem a conexão social. “As crianças têm que inventar brincadeiras com o que existe no ambiente, interagindo com outras, resolvendo conflitos e isso auxilia aquelas que são introspectivas a olharem para além de si mesmas”, argumenta Aline.

Desenvolve a autoconfiança: brincar sem a interferência dos adultos estimula a autonomia para que crianças ganhem confiança em seus próprios corpos. “Elas aprendem que são capazes, pois necessitam da autoridade para serem livres e passam a se desafiar no dia a dia”, orienta.

Inspira a contemplação: “além de proporcionar a experiência do belo, o acesso à natureza regula o ritmo biológico dos pequenos e propicia momentos de contemplação e calma”, revela a especialista.

Favorece o desenvolvimento infantil integrativo: “o contato com a natureza é importante para o desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos: intelectual, emocional, social, espiritual e físico”, reforça.

Melhora a alimentação: para a criança ter fome ela precisa gastar energia. “Movimentar seu corpo é a forma mais eficaz de fazer a criança sentar na mesa para comer com fome”, finaliza Aline.

 

A concorrência das brincadeiras com as telas

Brincadeiras têm um papel importante do desenvolvimento de bebês e crianças. Atividades simples, como a interação com outras crianças e adultos desenvolvem estruturas cerebrais robustas, que são a base para uma vida saudável.

É durante o brincar que as crianças aprendem a entender o mundo, criam narrativas e adquirem conhecimento e habilidades. Enquanto se divertem, elas estão trabalhando em partes importantes do seu desenvolvimento, como as habilidades motoras, cognitivas, sociais e emocionais.

Brincar é fundamental para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social das crianças, além de ser um direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em tempos de intensa digitalização, as brincadeiras ganharam um forte concorrente para a atenção das crianças: as telas.

O hospital pediátrico Pequeno Príncipe ressalta a importância de resgatar as atividades lúdicas na era digital. A psicóloga Rita Lous, e gerente do Setor de Voluntariado do hospital, destaca que o maior problema é o excesso de uso e a falta de orientação sobre as telas.

Cada atividade tem seu tempo adequado no desenvolvimento infantil. Leitura e jogos didáticos na tela podem ser benéficos, desde que usados com moderação. O problema surge com o excesso, que pode expor a criança a conteúdos inadequados e causar conflitos”, explica Rita.

Encontrar um equilíbrio entre o tempo de tela e atividades lúdicas se torna crucial. Nesse contexto, os pais e responsáveis desempenham um papel fundamental ao introduzirem esse tempo de diversão às crianças e incentivá-las a se envolverem nisso.

Dicas para incluir as brincadeiras tradicionais na era digital

Brincadeiras tradicionais são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e motor, bem como para a sociabilidade, que não é plenamente substituída por interações on-line. A interação presencial proporciona experiências valiosas que a tela não pode oferecer, como aprender a lidar com emoções e frustrações diretamente.

Para despertar o interesse das crianças, a psicóloga sugere atividades com argila, tinta e massinha, bem como jogos de tabuleiro, entre outros materiais que incentivem a criatividade, planejamento e organização.

A escolha do passatempo deve acompanhar a faixa etária. Além disso, é importante envolver as crianças em todo o processo das brincadeiras, desde a escolha e preparação dos materiais até a execução e organização.

Com a tecnologia muito presente na rotina, vale buscar maneiras de integrá-la de forma complementar e estratégica. Rita dá o exemplo de usar a internet para buscar tutoriais ou receitas de brincadeiras.

“Você pode encontrar uma receita de massinha na internet, por exemplo, e assistir com a criança. Ela vai aprender as etapas da confecção da massinha, quais ingredientes são necessários, quais são as texturas dos materiais, como acondicionar, entre outros.”

Opções de brincadeiras

Jogos de tabuleiro: clássicos como dominó, xadrez, dama ou, ainda, jogos de cartas são ótimas maneiras de reunir a família e ensinar habilidades importantes, como paciência e estratégia, e lidar com a vitória e a derrota.

  • Brincadeiras ao ar livre: jogos tradicionais como amarelinha, pular corda e pega-pega são mencionados como formas de interação e atividade física. Se forem feitos em ambientes externos, é importante a supervisão de um adulto.
  • Atividades artísticas: desenhar e pintar tem poder de relaxamento e desconexão das preocupações, sendo benéficas tanto para crianças quanto para adultos.
  • Caça ao tesouro: envolve planejamento, produção de pistas e interação. Isso não só diverte, mas também educa e envolve a criança em um processo criativo e colaborativo.

Playlist sobre brincadeiras tradicionais brasileiras

Para celebrar o Dia Mundial do Brincar neste 28 de maio, o YouTube Kids oferece uma playlist especial com vídeos que resgatam as brincadeiras tradicionais brasileiras. A iniciativa busca promover o desenvolvimento infantil através do brincar livre e criativo, valorizando a cultura popular do país.

A playlistVamos celebrar o Dia de Brincar! reúne vídeos de brincadeiras de corda, pique-bandeira, adoleta, cantigas de roda e outras que marcaram a infância de gerações. Além de divertir, os vídeos também ensinam as regras e os movimentos de cada atividade, incentivando as crianças a se movimentarem e a interagirem umas com as outras.

Com Assessorias

 

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