Os avanços na medicina genômica trouxeram para a área da saúde benefícios importantes para diagnósticos e tratamentos cada vez mais precisos. Os perfis genéticos já são uma realidade no dia a dia de quem busca mais qualidade de vida e bem-estar. Com isso, a demanda por tratamentos individualizados e análises mais detalhadas é cada vez maior.

O grande responsável por essas conquistas foi o sequenciamento do genoma humano. No último dia 25 de abril se comemoraram os 15 anos deste grande marco para a ciência. Para a geneticista Lia Kubelka Back, diretora científica da Biogenetika, antes da descoberta, a ciência caminhava no escuro. Achava-se, por exemplo, que os seres humanos tinham em torno de 100 mil genes e que facilmente seria descoberta a cura para todas as doenças. Atualmente, os pesquisadores sabem quão complexo é o organismo humano.

“Possuímos, aproximadamente, apenas, 22 mil genes.  E apesar de não ter sido descoberta a cura de todas as doenças, conseguimos entender em nível molecular a maioria delas”, explica. Segundo ela, isso abre caminho para a prevenção, para a detecção de sintomas moleculares antes que as doenças apareçam e possibilita tratamentos muito mais individualizadas e efetivos.

Segundo Lia, ainda existe uma região do genoma cuja função permanece desconhecida, e parece estar ali toda a complexidade do ser humano. Mas com o avanço das pesquisas, já é possível detectar sintomas moleculares antes que as doenças apareçam.

Lia Back fala sobre sequenciamento do genoma humano
A geneticista Lia Kubelka Back, diretora científica da Biogenetika diz que descoberta permite entender estrutura molecular dos nossos 22 mil genes (Foto: Divulgação)

Evoluímos muito no entendimento do câncer, das doenças cardiovasculares, Alzheimer e, claro, no diagnóstico de muitas doenças genéticas. Além disso, surgiram novas tecnologias, como a edição gênica, que num futuro próximo poderá possibilitar a correção de algumas alterações genéticas”, acrescenta Lia Kebelka Back.

Testes de perfis genéticos ajudam na prevenção e tratamento

E se engana quem pensa que essa descoberta não contribuiu para a vida prática da população. As descobertas recentes transformaram a medicina, garantindo prolongamento da expectativa de vida, com mais saúde e bem-estar. Como exemplo, podem ser citados os testes de perfis genéticos.

Sabe-se que existem grandes diferenças individuais na resposta humana à dieta – ingestão de cafeína e álcool -, medicamentos e atividade física. Por isso, é importante descobrir como o organismo e a genética interagem com os nutrientes e outros fatores do ambiente.

Os testes de perfil genético são justamente capazes de prever a resposta às mudanças de comportamento que visem melhorar o perfil de risco, prevenção de doenças, condicionamento físico ou no tratamento de doenças.

Dieta e treino mais adequados aos diferentes perfis genéticos

Com os testes de perfil genético, as pessoas passam a saber o que deve ser evitado e quais mudanças são necessárias para que tenha muito mais saúde e disposição. Descobre, por exemplo, como o corpo reage a determinado nutriente ou a um exercício físico, porque não existe formula mágica. A dieta que funciona para uma pessoa não, necessariamente, funciona para outra.  

Por exemplo, com o BioDiet, um teste voltado para descobrir a melhor alimentação, o paciente conhece como o organismo metaboliza determinados nutrientes e substâncias, além de saber a tendência genética para a obesidade e desenvolvimento de intolerâncias alimentares.  Descobre exatamente qual o tipo de alimentação que mais combina com o seu DNA: restrição de carboidratos, restrição de gorduras, dieta mediterrânea ou equilibrada.

“Além disso, é possível conhecer como metaboliza a cafeína e o ácido fólico, e se a pessoa tem intolerância ao glúten e à lactose.  O teste mapeia também seu nível de saciedade e mostra se é necessário suplementar vitaminas importantes, como o ômega 3 e 6”, destaca.

O mesmo ocorre com o treino. O DNA tem boa parte das respostas. O BioSport é um teste que mostra a atividade física que traz mais benefícios. Pesquisa se o genótipo está associado a uma propensão maior para o desenvolvimento de lesões em tendões e ligamentos, em relação ao marcador analisado. Além disso, apresenta a capacidade aeróbica, modalidade de exercício físico ideal, potencial de recuperação pós-exercício, níveis de lactato e fadiga muscular.

 

Meditação, acupuntura e alimentação influenciam nossos genes

 

Para os especialistas, não há dúvidas de que a descoberta da estrutura da dupla hélice do DNA (2003) foi responsável por grandes avanços da medicina. “A medicina contemporânea está passando por mudanças intensas nos últimos tempos. Estamos resgatando maneiras mais humanas e menos fragmentadas de fazer medicina”, ressalta a especialista.

Segundo ela, técnicas milenares como a meditação e a acupuntura juntam-se a tecnologias como a nutrigenômica e análises genéticas voltadas para um estilo de vida saudável. Neste contexto, a ciência se empenha para entender os mecanismos de ação e fisiologia envolvidos.

Estudos mostram que quando meditamos, fazemos acupuntura ou nos alimentamos bem, mudamos a forma como nossos genes se expressam, alterando para um padrão benéfico de expressão e também contribuímos para um microbioma (flora intestinal) mais saudável”, detalha.

Estilo de vida determina alterações genéticas

Lia conta que no estudo piloto que realizou, foi utilizada uma intervenção de estilo de vida de sete semanas, além de coletar dados de análise de sangue, expressão genica e microbiota antes e após a intervenção, com o objetivo entender melhor o que acontece em nível molecular.

As análises de expressão genica e de microbiota serão cada vez mais acessíveis e poderemos acompanhar o progresso das intervenções de estilo de vida nos pacientes. Poderemos saber também se genes que têm impacto negativo em nossa saúde foram silenciados e se os que têm impacto positivo estão sendo ativados. Isso possibilita individualizar ainda mais os tratamentos dependendo das necessidades observadas em nível de DNA do paciente”, destaca.

 

 

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