Infarto chegam a aumentar em 30% nos meses mais frios do ano (Foto: Divulgação)

Dias com temperaturas baixas podem aumentar o risco de infarto em pacientes que têm fatores de risco. De acordo com dados do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), a incidência de infartos é cerca de 30% maior durante o inverno em comparação com outras estações do ano. Isso ocorre porque o frio leva à constrição dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão arterial.
Além do infarto, o organismo pode reagir ao frio com outros problemas cardiovasculares, como angina (dor no peito causada pela redução do fluxo sanguíneo para o coração), arritmia cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC).

Quando os receptores nervosos da pele sentem o frio, eles estimulam a liberação de substâncias que contraem os vasos sanguíneos. Isso aumenta a pressão sanguínea e pode levar à ruptura de placas de gordura dentro das artérias, entre outras complicações”, explica o cardiologista intervencionista Ernesto Osterne, do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor) em Brasília.

Isso pode ser preocupante para pessoas que têm hipertensão ou problemas cardiovasculares preexistentes, com risco de complicações. “Ou seja, o frio aumenta o risco para pessoas predispostas, como hipertensos, diabéticos, quem tem colesterol alto ou que já infartou ou teve AVC”, diz.

Coração precisa de mais oxigênio no inverno

Com o frio, o corpo também trabalha mais para manter a temperatura interna, o que aumenta a demanda de oxigênio pelo coração.

Para pessoas com doenças cardíacas, essa demanda adicional de oxigênio pode sobrecarregar o coração e desencadear sintomas como dor no peito ou, em situações mais graves, até mesmo um ataque cardíaco”, afirma a cardiologista Bianca Maria Prezepiorski, diretora médica do Hospital Costantini, de Curitiba, especializado em doenças do coração

De acordo com Ricardo Alonso, cardiologista da Clínica Felippe Mattoso e Labs a+, do Grupo Fleury no Rio de Janeiro, isso ocorre porque as reações do organismo às baixas temperaturas levam à necessidade de algumas adaptações no sistema cardiovascular, que trabalha mais para manter seu equilíbrio.

O frio ativa os receptores nervosos da pele, desencadeando uma maior liberação de adrenalina, hormônio que contrai os vasos sanguíneos, aumenta a frequência cardíaca e, consequentemente, intensifica o consumo de oxigênio pelo músculo do coração”, explica.

Segundo ele, a redução das vias de circulação sanguínea, mesmo pequena, pode provocar as rupturas de placas de gordura nas artérias que irrigam o coração, e essa ocorrência leva à possibilidade de formação de coágulos – em razão de uma tentativa de equilíbrio natural feita pela concentração de proteínas e plaquetas presentes no sangue.

Todo esse processo, por fim, pode entupir as artérias e provocar o infarto. Caso esse processo ocasione na obstrução das artérias carótidas (que levam o sangue ao cérebro) há risco de AVC”, explica o médico.

Principais fatores de risco e formas de prevenção

Segundo Ernesto Osterne, os principais fatores de risco são casos de hipertensão, diabetes, alterações de colesterol e maus hábitos. “Má alimentação, sedentarismo e hidratação inadequada são mais importantes para aumentar o risco de doenças cardíacas do que as baixas temperaturas”, enfatiza.

Durante o inverno, as pessoas tendem a se exercitar menos, ingerem poucos líquidos e consomem alimentos mais gordurosos e calóricos, hábitos que também aumentam os riscos de doenças do sistema cardiovascular. Outros fatores como a apneia do sono – que pode aumentar o risco de hipertensão arterial – também acabam tendo influência.

Reduzir esses riscos e preservar a saúde do coração durante o inverno exige a adoção de várias medidas preventivas importantes. “Devemos manter os hábitos saudáveis, como atividade física, boa alimentação, não fumar, manter o corpo hidratado, controlar o colesterol, o diabetes e a pressão”, afirma Dra Bianca.

Ter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes, carnes magras, grãos, oleaginosas e cereais integrais; sono adequado; praticar atividade física regularmente; proteger-se contra infecções respiratórias e manter as consultas médicas em dia”, detalha.

Dicas de prevenção

Ricardo Alonso alerta que, nesta ou em qualquer época do ano, as pessoas devem:

  • ter hábitos de vida saudáveis,
  • usar roupas adequadas para cada estação – principalmente no Inverno para se manterem aquecidas;
  • ingerir no mínimo dois litros de água por dia,
  • evitar alimentos gordurosos e salgados,
  • manter atividade física de leve a moderada intensidade, se possível, sob orientação de um profissional e
  • realizar consultas médicas periódicas e exames cardiológicos preventivos capazes de identificar fatores de risco, como colesterol elevado, hipertensão arterial e diabetes.

Importância da vacinação

Outro fator que demanda atenção em relação às enfermidades cardiovasculares nessa estação é a maior frequência de doenças respiratórias e a presença de infecções, que podem aumentar o risco de acometimento cardiovascular.

A vacina contra os vírus da gripe oferecida gratuitamente pelo SUS nos postos de saúde é uma opção de extrema importância na prevenção da gripe e consequentemente das doenças respiratórias e cardíacas, que podem vir associadas ao estado gripal. Então, todas as pessoas incluídas nos grupos prioritários, conforme divulgação do Ministério da Saúde, devem ser vacinadas.
A imunização anual é necessária porque com o passar do tempo os níveis de anticorpos em nosso organismo diminuem. De 2020 para 2021 houve alteração de 50% das cepas do vírus da gripe (influenza)”, ressalta o médico.

Exames mais indicados

Os exames indicados são desde os mais simples, como o eletrocardiograma e o teste de esforço ou ergométrico, até os de imagem, para a investigação necessária nas pessoas com dificuldade de realizar o exercício na esteira ou na bicicleta. Os exames de imagem, como o ecocardiograma de repouso, permitem avaliações estruturais e da função cardíaca, além de serem úteis para doenças congênitas.

Ainda, pode-se investigar a presença de obstruções nas artérias do coração de forma não invasiva com a cintilografia miocárdica e angiotomografia computadorizada das artérias coronárias para entender o grau de obstrução e a repercussão na irrigação do miocárdio (músculo do coração). A ressonância magnética cardíaca também é importante, visto que avalia a função cardíaca, alterações estruturais e viabilidade do músculo.

A medicina personalizada e preditiva contribui para a realização de exames e para o diagnóstico correto e precoce, sejam de rotina ou para acompanhamento, dependendo do risco estabelecido conforme as características e histórico do paciente”, conclui o cardiologista.

O acompanhamento médico e o controle de condições preexistentes podem reduzir esses riscos. Como a precaução é sempre importante quando se trata de saúde cardiovascular, o especialista oferece algumas dicas para evitar riscos no inverno e se prevenir.

Manter o check-up cardiológico em dia, adotar um estilo de vida mais saudável, com ajustes na alimentação e atividades físicas regulares, são passos fundamentais para evitar esse tipo de problema”, recomenda.

Além disso, o cardiologista ressalta que se agasalhar adequadamente nesta época do ano é essencial para manter a saúde em geral, pois o frio pode agravar condições preexistentes e aumentar a suscetibilidade a doenças.

Práticas saudáveis para proteger o coração no inverno

A médica Bianca Maria Prezepiorski lista práticas saudáveis para o coração na estação fria:

  1. Use roupas quentes, em camadas, para evitar o resfriamento do corpo. Use gorros, luvas e meias para proteger as extremidades.
  2. Mantenha a casa em temperatura confortável para evitar que o corpo fique exposto a temperaturas muito baixas por longos períodos.
  3. Tenha uma dieta equilibrada e saudável, rica em frutas, vegetais, grãos, proteínas magras e gorduras saudáveis.
  4. O consumo excessivo de álcool e o tabagismo são prejudiciais para a saúde cardiovascular. Não fume.
  5. Mantenha-se fisicamente ativo, com o cuidado de evitar exercícios em temperaturas muito baixas.
  6. Beba bastante água, mesmo no inverno. O ar frio e seco pode levar à desidratação, o que pode aumentar o estresse no coração.
  7. O estresse afeta o coração. Pratique técnicas de relaxamento, como meditação, ioga ou respiração profunda.
  8. Vacine-se contra a gripe; A gripe pode sobrecarregar o coração, especialmente em pessoas com condições cardíacas preexistentes.
  9. Mantenha-se atualizado com seus exames médicos.
  10. Consulte um médico para orientações específicas sobre como cuidar do seu coração durante o inverno.

Com Assessorias

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