A pandemia do novo coronavírus vem batendo sucessivos e lamentáveis recordes, confirmando o Brasil como novo epicentro da Covid-19 no mundo. Começamos o mês com 788 mortes, sendo 1.225 a média móvel em 7 dias, e devemos terminar com mais de 300 mil.  Hoje já são 2.724 e a média móvel ultrapassou 2 mil mortes (2.086 especificamente). Infelizmente, é recorde atrás de recorde nos últimos 20 dias. Ultrapassamos a trágica marca de 287 mil vidas perdidas.

O Brasil já vive o maior colapso sanitário e hospitalar da História, segundo o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz divulgado esta semana, justamente no dia em que assistimos à apresentação do quarto ministro da Saúde em menos de um ano. São muitas as dúvidas que temos a respeito desse novo e impactante momento que estamos vivendo hoje. Afinal, estamos vivendo uma segunda ou terceira onda?  Como acelerar a vacinação e conter a explosão de casos e óbitos por Covid-19 no Brasil?

Enquanto o país ruma, tragicamente, para os 300 mil mortos pela Covid-19, enquanto não temos doses de vacinas para todos, o Ministério da Saúde tem novo comandante – o médico cardiologista Marcelo Queiroga. Para a 33ª edição do projeto #PapodePandemia – a série especial de lives do Portal ViDA & Ação – convidou o médico infectologista Claudilson Bastos, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Ele falou sobre o atual estágio da pandemia e respondeu algumas das principais dúvidas sobre o tema.

https://www.youtube.com/watch?v=JkjKGMo3a64

Confira as principais questões abordadas na entrevista:

– PANDEMIA NA BAHIA – O sr é uma das principais referências em Infectologia no país, com presença específica na Bahia, onde atua como professor universitário, acompanhando novos médicos que iniciam na rede pública de saúde. Como está o quadro epidemiológico na Bahia hoje? Por aí também há resistência da população baiana em seguir as medidas de prevenção?

– MARÇO TRÁGICO – Na contramão do mundo, o Brasil registrou 21% das mortes por Covid-19 entre todos os países na semana de 7 a 14 deste mês. Também ficou na liderança no número de novas contaminações globalmente, segundo balanço publicado nesta quarta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Somos o segundo país com mais casos e mortes por Covid-19 no mundo, apenas atrás dos EUA. Nesse ritmo descontrolado, podemos chegar a meio milhão de vidas perdidas já em abril ou maio?

– COLAPSO NA SAÚDE – O cenário é ainda mais aterrorizante quando analisados os números de ocupação dos leitos de UTI Covid no país. Os números em todos os estados apontam uma situação extremamente crítica. Ontem um jovem de 22 anos morreu em São Paulo enquanto aguardava por uma vaga de UTI. Este é o pior retrato do colapso que estamos vivendo na saúde. O que fazer para reverter esse quadro? A reativação dos hospitais de campanha ou a ativação de leitos federais pode ser uma saída?

MAIS TRANSMISSÍVEIS OU MAIS LETAIS? As mutações do novo coronavírus estão se multiplicando com grande velocidade em todo o mundo – e especialmente no Brasil, a partir de Manaus – e ninguém ousa hoje prever quando essa pandemia vai ter fim. No começo, se dizia que as novas variantes do Sars-CoV2 apenas tinham alto potencial de transmissibilidade. Mas o que temos visto agora é um aumento absurdo na taxa de letalidade. Por que isso está ocorrendo?

– CAUSAS E EFEITOS – Na sua opinião, a que se deve o alto índice de mortes nas últimas semanas? As próprias características das novas variantes? A não adesão da população às medidas de prevenção (distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos)? Ou a lentidão na vacinação em todo o país? A baixa oferta de leitos de UTI e os cortes nos recursos repassados pelo governo federal com este fim também influencia? Ou o esgotamento dos recursos humanos na chamada linha de frente da pandemia?

– FALTA DE PESSOAL – Faltam insumos, equipamentos, EPIs, oxigênio e também pessoal qualificado para as UTIs. Médicos estão deixando a linha de frente – por depressão, ansiedade, Burnout (o limite da capacidade humana). Muitos estão distantes de suas famílias, vivendo dentro dos hospitais para salvar vidas que nem conhecem. Será que estamos perdendo mais vidas por causa de todas essas deficiências? O sr acredita que muitas mortes nas UTIs podem estar associadas a essa exaustão das equipes?

– TRATAMENTO PRECOCE – Diante da falta de remédios comprovadamente eficazes, como os médicos estão se virando nas UTIs? Que tipo de tratamentos são oferecidos? Não há um protocolo único (CFM deixa o médico decidir de acordo com sua consciência política ou ética médica?)

– VACINAÇÃO LENTA – Para evitar que a economia pare, como quer o governo, só vacinando a população em massa. Mas hoje temos apenas 4,48% da população vacinada. O governo federal diz que está desburocratizando e acelerando essas compras. Mas cadê as vacinas que não chegam à população? Várias cidades e capitais brasileiras tiveram que interromper a imunização por conta de atrasos na entrega e falta de previsibilidade. O que fazer hoje para aumentar a oferta de doses ou melhorar a sua distribuição e, de fato, priorizar quem mais precisa neste momento? Faltam planejamento e logística por parte do Ministério da Saúde ou as doses mesmo que temos hoje não são suficientes?

– LOCKDOWN – Alguns estados e prefeituras vêm tomando decisões por conta própria, já que até hoje não há uma coordenação central da pandemia. Mas ontem o presidente (Jair Bolsonaro) disse que vai à Justiça contra as medidas restritivas decretadas por governadores e municípios. O que o sr pensa a respeito? O senhor é a favor do lockdown e, neste caso, qual seria o melhor modelo – local, regional ou nacional?

SOBRE O CONVIDADO

O infectologista Claudilson Bastos é doutor em Medicina e Saúde Humana pela EBM-SP, professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da UNEB/UniFTC, e preceptor da Residência Médica em Infectologia do Instituto Couto Maia, da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia (Sesab). É ainda responsável técnico de um laboratório de análises clínicas em Salvador. 

Doutor em Medicina e Saúde Humana pela EBM-SP,  professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da UNEB/UniFTC, e preceptor da Residência Médica em Infectologia do Instituto Couto Maia, da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia (Sesab). É ainda responsável técnico de uma unidade privada de vacinas em Salvador (BA). 

SOBRE O PAPO DE PANDEMIA

O Papo de Pandemia foi criado em 5 de junho de 2020, quando o PORTAL VIDA & AÇÃO completou quatro anos. O objetivo da série de lives é aproximar o portal cada vez mais do público e interagir de uma maneira mais simples, leve e descontraída durante o período de enfrentamento da pandemia mundial do novo coronavírus. Ao todo, foram mais de 70 entrevistados, entre fontes renomadas e confiáveis em Saúde, Bem-Estar e Sustentabilidade.

Queremos esclarecer e informar nosso público. Em meio aos momentos difíceis até aqui, aprendemos bastante com as autoridades médicas, científicas e de outras áreas. Afinal, os impactos dessa pandemia têm sido inimagináveis para o setor de saúde como um todo. Também nos emocionamos com histórias de resiliência, superação e reinvenção de pessoas que enfrentaram doenças e adversidades”, afirma Rosayne.

Saiba mais sobre o #PapodePandemia aqui.

 

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