Vacina da dengue no SUS começa por crianças de 10 e 11 anos

O Ministério da Saúde iniciou nesta quinta-feira (8) a distribuição do lote inicial, com 712 mil doses, que será destinado à imunização de crianças inicialmente de 10 a 11 anos. Com isso, o Brasil se torna o primeiro país no mundo a oferecer o imunizante na rede pública.

A pasta informa que a vacinação irá avançar para outras idades assim que forem sendo entregues novas doses pela Takeda, fabricante da Qdenga, até alcançar todo o público-alvo de 10 a 14 anos. O Distrito Federal e Goiás já receberam as doses. Os demais receberão nos próximos dias.

No Distrito Federal, a vacinação terá início nesta sexta-feira (9). O primeiro lote tem 712 mil doses que irão atender 315 municípios também na Bahia, no Acre, na Paraíba, no Rio Grande do Norte, em Mato Grosso do Sul, no Amazonas, em São Paulo e no Maranhão.

A previsão é que os 521 municípios, selecionados para realizar a imunização, recebam as doses para vacinar essa faixa etária até a primeira quinzena de março.

No Rio de Janeiro, que enfrenta uma alta dos casos de dengue – inclusive com situação de emergência decretada na capital – ainda não há data definida para que a vacina chegue e a aplicação só deve começar mesmo depois do Carnaval.

“O início da vacinação por essa faixa etária [10 a 11 anos] é uma estratégia que permite que mais municípios recebam as doses neste primeiro momento, diante do quantitativo limitado de vacinas disponibilizadas pelo laboratório fabricante. A escolha pelo início da imunização nas crianças de 10 a 11 anos também é baseada no maior índice de hospitalização por dengue dentro da faixa etária de 10 a 14 anos”, diz o ministério, em nota.

• Fabricante garante prioridade ao SUS

• Parte das doses que será oferecida no SUS foi comprada da farmacêutica Takeda e uma segunda parcela foi doada pelo fabricante para o governo federal, mas hoje ainda dispõe de um número pequeno de doses à disposição. Em nota nesta segunda (5), a Takeda voltou a garantir a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para o ano de 2025. E informou que a produção da vacina será exclusivamente para atender ao Ministério da Saúde.

• “Diante do atual cenário da inclusão da vacina Qdenga® no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e dos dados alarmantes da dengue no Brasil, a empresa está concentrada em atender de forma prioritária ao Ministério da Saúde. Essa decisão tem como objetivo apoiar o Ministério da Saúde no seu propósito de promover o acesso da vacina contra a dengue de forma integral e gratuita para a população brasileira”, informou a Takeda.

• O fabricante também informou que “não está disponível para firmar contratos de forma descentralizada para atendimento a estados e municípios”. No entanto, a Takeda garante que “os compromissos firmados com os municípios anteriormente à incorporação no SUS serão plenamente honrados”, diz a empresa.
• A Takeda informou ainda que o fornecimento de doses no mercado privado brasileiro será limitado. As remessas para venda e aplicação da Qdenga em clínicas de vacinação e farmácias deverão servir “apenas para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal, de acordo com a posologia de duas doses subcutâneas com intervalo de 3 meses aprovada pela Anvisa”.

• “Em paralelo, estamos buscando todas as soluções possíveis para aumentar o número de doses disponíveis no país, e não mediremos esforços para isso. A Takeda possui um plano estratégico para incrementar o fornecimento global da vacina Qdenga® e atingir a meta de 100 milhões de doses por ano até 2030, o que inclui um novo centro global dedicado à produção de vacinas, em Singen (Alemanha), previsto para lançamento em 2025″ – veja a nota na íntegra abaixo.

• ‘Não podemos vender ilusão’, diz ministra

• O Ministério da Saúde disse que, com o recebimento das 6,5 milhões de doses disponíveis pelo laboratório em 2024, garantirá a vacinação de todo o público-alvo, de 10 a 14 anos, nos municípios selecionados, ao longo dos próximos meses, de forma progressiva.
• Todas as 5,2 milhões de doses do imunizante disponibilizadas pelo fabricante para este ano já foram adquiridas e serão entregues em etapas até o mês de novembro. A previsão do governo é vacinar cerca de 3 milhões de pessoas em 2024.
• As primeiras 750 mil doses da vacina contra a dengue chegaram ao Brasil no dia 20 de janeiro. O primeiro lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses da vacina que foram fornecidas sem custos ao governo brasileiro pela farmacêutica japonesa Takeda.
• Na quarta-feira (7), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi enfática ao afirmar que o governo federal “não pode vender a ilusão” de que a vacina contra a dengue é suficiente para barrar a epidemia no país. Até porque, o número de pessoas que serão vacinadas pelo SUS inicialmente é muito reduzido – apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
• Para ela, só a vacina não é a solução, é preciso fazer a prevenção. Nísia repetiu diversas vezes que, no momento, o mais importante é combater os focos de proliferação do mosquito nas casas e espaços públicos. Além do mais, há uma janela de tempo entre as doses que não vai impedir o desenvolvimento da doença. Para ter uma imunização completa, a pessoa precisa concluir o ciclo de duas doses, com intervalo de tempo de três meses entre elas.
• Os números da dengue no Brasil e no Rio de Janeiro
• O Brasil é o país com o maior número de casos de dengue no mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2023, foram 2,9 milhões de casos e só nas primeiras semanas de 2024, a incidência dobrou em relação ao último ano. O país registrou nas quatro primeiras semanas de 2024 mais de 217 mil casos de dengue, segundo dados do Ministério da Saúde. O número é mais que o triplo de notificações do mesmo período em 2023.
• O painel de monitoramento de arboviroses do governo contabilizou 15 mortes pela doença neste ano e 149 óbitos seguem em investigação. Em 2023, 41 mortes foram registradas. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados um aumento de 170% no número de casos de dengue nas primeiras três semanas no ano, em comparação ao mesmo período no ano passado.
• A cidade do Rio de Janeiro está em epidemia de sengue, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Na capital, foram registrados em janeiro 10.156 casos — quase a metade de todo o ano passado e mais que o dobro de 2022 inteiro. Isso também causou um recorde histórico de internações pela doença. Foram 362 hospitalizações em janeiro, segundo os dados divulgados.

• Veja na íntegra a nota da Takeda

• Fornecimento da vacina contra a dengue no Brasil

• A Takeda informa que, diante do atual cenário da inclusão da vacina Qdenga® no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e dos dados alarmantes da dengue no Brasil, a empresa está concentrada em atender de forma prioritária ao Ministério da Saúde. Essa decisão tem como objetivo apoiar o Ministério da Saúde no seu propósito de promover o acesso da vacina contra a dengue de forma integral e gratuita para a população brasileira.
   
• Assim, a Takeda informa que não está disponível para firmar contratos de forma descentralizada para atendimento a Estados e Municípios e que o fornecimento da vacina contra a dengue, Qdenga®, no mercado privado brasileiro, será limitado para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal, de acordo com a posologia de duas doses subcutâneas com intervalo de 3 meses aprovada pela Anvisa. Os compromissos firmados com os Municípios anteriormente à incorporação no SUS serão plenamente honrados.
   
• Em linha com o princípio da equidade na saúde, a Takeda está comprometida em apoiar as autoridades de saúde, portanto seus esforços estão voltados para atender a demanda do Ministério da Saúde, conforme a estratégia vacinal definida pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) que considera faixa etária e regiões para receberem a vacina.
   
• Conforme já anunciado, temos garantida a entrega de 6,6 milhões de doses para o ano de 2024 e o provisionamento de mais 9 milhões de doses para o ano de 2025. Em paralelo, estamos buscando todas as soluções possíveis para aumentar o número de doses disponíveis no país, e não mediremos esforços para isso.
   
• A Takeda possui um plano estratégico para incrementar o fornecimento global da vacina Qdenga® e atingir a meta de 100 milhões de doses por ano até 2030, o que inclui um novo centro global dedicado à produção de vacinas, em Singen (Alemanha), previsto para lançamento em 2025.
   
• Além disso, a Takeda Brasil está fortemente comprometida em buscar parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina, alinhada às diretrizes do Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) para atender a demanda do SUS sob os princípios de integralidade e da universalidade.
   
• Por fim, a Takeda reforça seu compromisso com a população brasileira. Estamos certos de que a parceria com o Ministério da Saúde permitirá uma distribuição mais abrangente, alcançando de forma escalonada o maior número de pessoas e fortalecendo as ações para a promoção da saúde e combate à dengue.
• Com Agência Brasil e Assessorias (atualizada em 09/02/24, às 9h)