O mês de abril é dedicado à campanha de incentivo e conscientização à prática de doação de sangue e medula óssea, mas infelizmente, o número de transplantes de órgãos no Brasil despencou, sobretudo, desde os primeiros casos de covid anunciados no país. O mesmo acontece com os doadores de sangue. Por causa da pandemia, muitas pessoas deixaram de doar, com medo de se expor ao contágio do coronavírus. 

As baixas dos estoques são notificadas com recorrência pelos bancos de sangue no Brasil inteiro e, ao longo da pandemia, tornou-se ainda mais difícil recrutar doadores. No Rio de Janeiro, mesmo com todos os esforços e campanhas para atrair novos voluntários, o HemoRio (Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti) contabilizou uma queda de 4,4% no número de bolsas de sangue coletadas: foram cerca de 78.400 unidades, em 2020, contra aproximadamente 82 mil bolsas, em 2019.

Os dados do Registro Brasileiro de Transplantes mostram que o número de doações de órgãos e tecidos despencou em 2020. A doação de córneas caiu em mais de 50% na comparação com 2019. No grupo dos órgãos, a maior queda foi a doação de pulmão, depois rim, coração e fígado. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, ao mesmo tempo em que o número de doações caiu, a taxa de mortalidade de quem está na fila de espera aumentou de 10% a 30%.

O transplante mais realizado com doador vivo, o de rim, foi suspenso em 2020 para proteger os doadores do risco de serem contaminados pelo coronavírus em hospitais. Isso fez o número de transplantes renais, entre vivos, cair ao menor patamar dos últimos 36 anos.

HCor registra pico de pacientes internados com Covid

Em São Paulo, o mês de março no HCor foi marcado não somente por um intenso pico de pacientes internados por Covid-19, como também por um aumento exponencial na demanda por doações de sangue. O número de transfusões, que chega a uma média de 500 mensalmente, atingiu 780 ao longo dos 31 dias do mês passado, um salto de 56%. De acordo com a Fundação Pró-Sangue, os tipos sanguíneos O+ e O-, além do A-, estão em falta em São Paulo. Já os estoques dos tipos A+ e B- estão entrando em nível de alerta.

De acordo com Fernanda Vieira, médica hemoterapeuta, responsável médica da agência transfusional do HCor, parte do aumento da demanda por sangue nos hospitais pode ser atribuída à ocorrência de casos graves da infecção pelo novo coronavírus. “Para se ter uma ideia, em 2020, 10% desses pedidos mensais eram destinados a pacientes com Covid-19 no HCor. Em março, o índice foi de 16%”, pontua.

Segundo a hemoterapeuta, pacientes hospitalizados por um longo período podem desenvolver quadros de anemia, uma das circunstâncias que levaria à necessidade de transfusão sanguínea. Além desse cenário, há ainda demandas de pacientes com comorbidades, como as oncológicas, e com distúrbios de coagulação – esses últimos também decorrentes da utilização da ECMO (Oxigenação Extracorpórea por Membrana).

Fora dos diagnósticos de Covid-19, as cirurgias cardíacas também representam uma demanda transfusional importante no hospital e, essas, mesmo com o pico da pandemia, não foram interrompidas completamente no mês de março na instituição. Durante o primeiro pico de Covid-19, os índices ficaram críticos, já que a população estava bem receosa quanto à segurança dos postos de coleta. “Com o passar do tempo, vimos uma retomada na presença de doadores, mas a verdade é que esse número ainda não é suficiente para a conta fechar”, comenta.

A especialista ressalta que é importante que a população saiba que existem opções de postos que ficam totalmente separadas do ambiente hospitalar, como é o caso do Banco de Sangue São Paulo. “Assim como o HCor, nosso banco de sangue é certificado pelo Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde, com o selo de Melhores Práticas de Prevenção e Enfrentamento à Pandemia de Coronavírus”.

Os interessados podem conferir as orientações para doações no site do HCor . As coletas podem ser realizadas sem agendamento prévio ou com dia e hora marcados.

Campanha do Rotary Club na região oeste da Grande São Paulo

Para reforçar os estoques do sistema de saúde, quase esgotados por causa do agravamento da pandemia do novo coronavírus, o Rotary Club está realizando a campanha “Doe Sangue, Salve Vidas”, na região Oeste da Grande São Paulo. A mobilização, que já acontece anualmente desde 2014, desta vez, une esforços de diversas unidades da entidade internacional para ampliar o alcance geográfico e conseguir mais doações. A ação conta com a participação dos Rotary Clubs de Barueri-Alphaville, Barueri-Tamboré, Carapicuíba, Osasco, Jandira-Santana de Parnaíba-Aldeia da Serra e Barueri-Centro Comercial Alphaville.

A meta é superar 700 bolsas de sangue, beneficiando até 2,8 mil pessoas.. A unidade externa que transportará os equipamentos de coleta percorrerá os municípios em datas já determinadas, junto com a equipe e com o veículo do Hemocentro São Lucas, instituição que tradicionalmente se dispõe a apoiar as campanhas anuais do Rotary Club. Toda a estrutura apropriada para as coletas será montada em cada local de atendimento.

A capacidade de atendimento será de 18 pessoas por hora, para manter o distanciamento e a segurança de todos. Cada coleta durará, em média, 20 minutos, e para evitar filas e eventual risco de aglomerações, serão distribuídas senhas. Cada bolsa de sangue obtida será posteriormente examinada e tratada no Hemocentro São Lucas Terapia Celular. Após, passará por separação em quatro componentes que permitem usos em diferentes necessidades.

Jandira foi o primeiro município a receber a equipe preparada para atender doadores voluntários, no Condomínio Nova Higienópolis. Carapicuíba, Barueri e Santana de Parnaíba, incluindo Alphaville, Tamboré e Aldeia da Serra, serão os próximos locais na programação, que segue até julho próximo.

Protocolos e cuidados – Os profissionais de saúde que atenderão os doadores estão treinados para atuar dentro das mais rigorosas regras sanitárias de segurança – incluindo protocolos contra a Covid-19.

As coletas ocorrerão sempre das 9h às 14h, e o atendimento será por ordem de chegada. Quem se dispor a participar, passará por um cadastramento, incluindo uma triagem inicial, seguida de entrevista médica (anamnese), para verificação do estado geral de saúde e demais requisitos.

Locais e datas de coleta

• 8/5 – SAS Morada dos Pássaros / Aldeia da Serra
Av. dos Pássaros, 192 – Barueri. Tel.: (11) 99689-2326

• 22/5 – Instituto São José /Jandira
Rua Dep. José Costa, 77 – Centro. Tel.: (11) 4707-4371

• 26/5 – Sede do Rotary Club Carapicuíba
Av. Sandra Maria, 501 – Jardim das Belezas. Tel.: (11) 99370-9520.

• 28/5 – Igreja Batista Memorial Alphaville
Av. Tamboré, 1.603/1.511 – Barueri. Tel.: (11) 4195-4645 / (11) 97411-1896.

• 4/6 e 5/6 – Parque Shopping Barueri
Rua General de Divisão Pedro Rodrigues da Silva, 400 / Aldeia de Barueri. Tel.: (11) 97415-8578.

• 17/7 – Alpha Shopping / Alphaville (a confirmar)
Alameda Rio Negro, 1.033. Tel.: (11) 97415-8578

• 2º semestre – Osasco, local e data a definir.
Tel.: (11) 99515-0191, com Carlos Alberto.

Projeto de lei dá prioridade a doadores de sangue no Rio

Como forma de estimular a doação de sangue, órgãos e medula óssea, o vereador do Rio de Janeiro, Marcio Ribeiro, do Avante, deu entrada no projeto de lei 188/2021, que dá prioridade a doadores de sangue, órgãos e medula óssea, em locais como instituições financeiras, órgãos e repartições públicas, além de estacionamentos públicos e privados. Para ele, se sancionada, a lei vai melhorar a informação sobre a a importância da doação, estimulando mais e mais pessoas a serem doadoras:

Essa lei não tem nenhum benefício especial, é apenas o reconhecimento dessas pessoas que, de forma voluntária, são doadores. Principalmente no atual momento que o mundo vive. É necessário estimular e criar essa consciência nas pessoas. É maravilhoso poder  fazer algo a favor da vida de alguém”,  avalia o parlamentar, que é autor da lei que concede prioridade para as pessoas com deficiência no calendário de vacinação.

Serão considerados doadores de sangue aquele que realize, no mínimo, três doações, no período de 12 meses, atestadas por órgãos oficiais ou entidades credenciadas pelo poder público. Já os doadores de medula óssea e órgãos, deverão apresentar carteira de doador impressa ou por meio digital com a comprovação dos dados, nos últimos 90 dias.

Serviço

GSH – Banco de Sangue de São Paulo
Rua Tomás Carvalhal, 711 – Unidade Paraíso
Contatos: (11) 3373-2050 / (11) 97117-3886 (WhatsApp)
Atendimento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h; Sábados, domingos e feriados, das 8h às 16h

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