colesterol

Na minha infância, não se ouvia fala em colesterol alto em crianças. Mas há muito tempo o que era uma “exclusividade” do mundo adulto se tornou uma constante na vida dos pequenos. Minha filha Maria Clara, de 11 anos, luta há pelo menos três anos para equilibrar a taxa de colesterol dela, apesar do corpo franzino e da rotina frenética de atividades –  balé, ginástica rítmica, street dance e educação física. “Mãe, eu posso morrer de colesterol alto?”, sempre me pergunta ela.

Ao contrário do que muitos pensam, nem sempre o colesterol alto está ligado à obesidade. No caso da minha filha, por exemplo, a alimentação nossa em casa é super-saudável: nada de frituras ou gorduras… Óleo só de canola ou girassol e o mínimo possível!  Ela nunca foi amante de biscoito recheado, pizza, salgadinhos, sanduíches gordurentos… Só o chocolate que é quase impossível riscar do cardápio, mas tem sido cada vez mais raro e não frequenta nossa despensa com regularidade… E mesmo assim o colesterol teima em se manter na casa dos 200, o que é muito para crianças (o tolerável é até 150). No último exame, baixamos para 184. Um alívio… E vamos chegar lá!

De fato, o aumento dos níveis de colesterol no sangue em crianças e adolescentes é muito preocupante no Brasil. Há alguns anos, os exames que controlam essas taxas eram solicitados normalmente pelos médicos somente para pessoas com mais de 20 anos. Hoje, esta avaliação já começa a fazer parte da rotina de exames de adolescentes, crianças e até mesmo de bebês. “Para crianças e adolescentes, entre 2 e 18 anos, o ideal é que o colesterol esteja abaixo de 150 mg/ dl”, esclarece o endocrinologista Ruy Lyra da Silva Filho, professor de Endocrinologia da Universidade Federal de Pernambuco.

São vários os fatores que levam ao aumento do colesterol, mas um fato importante é que o estilo de vida atual tornou a garotada mais sedentária. “A alimentação inadequada, a falta de atividade física e a genética são os principais responsáveis pelos altos níveis de gordura no organismo dos pequenos”, afirma Ruy.

Keyla Facchin Guedes, endocrinologista do Hospital Sepaco, confirma:”Observamos, muitas vezes, que a atividade física foi substituída por vídeo games e computadores, a alimentação também ficou mais gordurosa e com um cardápio composto por fast foods, refrigerantes e comidas prontas. O grande vilão da nutrição, entretanto, têm sido os refrigerantes. Com altos índices de açúcar e sódio, são venerados pelas crianças e responsáveis por facilitar o aumento de gordura no organismo”.

Para chamar a atenção da população neste Dia Nacional do Combate ao Colesterol, 8 de agosto, e também como um alerta aos pais, ela explica que a prevenção da doença é simples: criar hábitos saudáveis nas crianças desde cedo com o estímulo de atividades físicas e uma alimentação balanceada. “Quanto aos doces e refrigerantes, eles podem ser consumidos sob controle dos pais. É possível escolher um dia na semana para que a meninada possa comer lanches, bolachas, etc. Não ter este tipo de alimento em casa, dificultando o acesso, também ajuda a criança a ingerir alternativas saudáveis, como sucos e frutas nos intervalos das refeições”, destaca a especialista.

Novo tratamento

O colesterol é um lipídio (tipo de gordura) que funciona como componente estrutural das membranas celulares em todo corpo. Podem ser classificados em dois tipos principais: o HDL, também chamado de colesterol bom, que transporta o colesterol das células para o fígado e fornece proteção contra o entupimento das artérias; e o LDL, conhecido como colesterol ruim, que causa o depósito da gordura nas artérias.

“Quando em excesso, o LDL é depositado nas paredes arteriais – vasos que levam o sangue para os órgãos e tecidos – e provocam seu entupimento, processo denominado arteriosclerose. Quando o acúmulo ocorre em artérias coronárias ou cerebrais pode levar ao infarto e ao AVC (Acidente Vascular Cerebral)”, esclarece Keylla.

Mas afinal, colesterol tem cura ou só mesmo controle? O endocrinologista Ruy Lyra da Silva Filho tira todas as suas dúvidas sobre o problema e esclarece ainda sobre a mais recente estatina para tratamento de doenças do coração, que acaba de chegar ao mercado brasileiro: a Pitavastatina.

– Como saber se tenho colesterol alto?

A única forma de saber se o indivíduo tem colesterol alto é por meio do exame de sangue. Com ele, é possível medir o colesterol total e suas frações – HDL (o “colesterol bom”), LDL (o “colesterol ruim”) – na corrente sanguínea. Se o colesterol total (CT) for superior a 200 mg/dL é preciso ficar atento aos riscos. No caso de crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos, o ideal é que o colesterol esteja abaixo de 150 mg/ d.

– Qual a diferença do colesterol bom e ruim?

O colesterol é uma gordura que contribui para o funcionamento do corpo. Entretanto, há dois tipos de colesterol no organismo que devem ser monitorados, o LDL e HDL. O LDL ou colesterol ruim causa o acúmulo de placas de gordura nas veias sanguíneas, diminuindo o fluxo de sangue para órgãos importantes, como o coração e cérebro. Por outro lado, o HDL ou colesterol bom tem a função de retirar o colesterol mau do corpo e levá-lo para o fígado, onde é metabolizado e eliminado do organismo.

– Como prevenir o colesterol elevado?

As principais razões que levam as pessoas a terem altos níveis de colesterol LDL (o ruim) são: fatores genéticos, diabetes, fumar, estar acima do peso, sedentarismo, entre outros. Portanto, a melhor forma de prevenir o colesterol alto é ter, primeiramente, uma alimentação saudável. Muitas frutas, legumes frescos, bem como alimentos com baixo teor de gordura e ricos em fibra devem fazer parte das refeições diárias. Importante evitar o consumo de frituras, carnes gordurosas e modere o consumo de bebidas alcoólicas. Com a dieta saudável em dia, atividade física é essencial para o funcionamento do organismo como um todo. E fica o alerta: não fume.

– Sempre que uma criança apresenta colesterol alto é porque sofre de hipercolesterolemia familiar?

A hipercolesterolemia familiar pode ter relação com a presença de altos níveis de colesterol nas crianças.  A condição genética pode influenciar. Entretanto, muitas crianças com colesterol não têm pais com histórico do problema. Mas é comum ver as crianças que não praticam atividades físicas e adoram comer biscoitos, bolos, bolachas, frituras, além dos doces e refrigerantes. Isso pode desencadear uma série de problemas desde pequenos, o colesterol é um deles. Para evitar a doença, o primeiro passo é garantir um cardápio saudável e equilibrado desde a infância.

– Como diagnosticar que uma criança sofre de colesterol alto? Há algumas sintomas?

Crianças com colesterol alto não apresentam sintomas, a menos que sejam níveis muito elevados. Para tanto, os exames para identificar a doença em crianças, em sua maioria, são realizados quando o pequeno é obeso ou quando há casos na família de colesterol elevado.

– As crianças não devem usar remédios, certo? As crianças podem consumir remédios à base de pitavastatina?

Os níveis elevados de colesterol em crianças podem diminuir ao longo do tempo, mesmo sem intervenção de medicamentos. A mudança do hábito alimentar e estilo de vida contribui bastante para o controle da doença. Mas, as crianças que já apresentaram a doença precisam sempre ter acompanhamento médico constante. Quanto ao uso da pitavastatina, só deve ser utilizada em indivíduos a partir dos 18 anos.

– Quais os tratamentos indicados? Por que remédios à base de estatinas são o mais eficaz?

Em casos extremos, é indicado para os adultos o uso de medicamento que contém estatina no tratamento aliada a uma dieta saudável e equilibrada. Esse fármaco ajuda a abaixar o teor de gordura no sangue, além de melhorar a elasticidade das artérias.

– Como as estatinas atuam no organismo?

As estatinas pertencem à classe de medicamentos denominados inibidores da hidroximetilglutaril-coenzima A (HMG-CoA) redutase. Ela inibe a produção de colesterol no fígado (a maior fonte de colesterol no organismo) e aumenta a remoção do “colesterol ruim” do sangue pelo fígado, diminuindo o colesterol total.

– Como identificar a melhor estatina para o meu caso?

A escolha da estatina dependerá do seu médico. Deve-se escolher uma estatina que seja eficaz na redução do colesterol e que se acompanhe de menos eventos adversos. Por exemplo, a pitavastatina preenche esses dois pré-requisitos.

– O que a Pitavastatina oferece de diferenciais e para que público ela é indicada?

Entre os seus diferenciais está a não interferência no nível de açúcar no sangue, sendo indicada principalmente para diabéticos e portadores de HIV, já que a maioria dos medicamentos disponíveis interfere nos coquetéis retrovirais e Pitavastatina não gera esse risco. Por apresentar eficácia na redução do colesterol e se acompanhar de poucos eventos adversos, ela pode ser utilizada amplamente.

Fonte:  Endocrinologistas Keyla Facchin Guedes e Ruy Lyra da Silva Filho

 

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