Esta semana a coluna de Ancelmo Góis, no jornal O Globo, divulgou que o ex-jogador e atual senador Romário (PSB) pediu autorização ao seu plano de saúde para realizar uma cirurgia bariátrica. Isso mesmo! Para redução de estômago. A notícia foi vista com espanto por muitas pessoas. Afinal, será mesmo que o ex-artilheiro de 50 anos precisa disso? E suscita outras dúvidas em torno do tema: quem pode ou deve passar pelo procedimento? Especialistas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) esclarecem oito informações básicas sobre esse tipo de cirurgia. Confira:
1 – Gastroplastia, também chamada de Cirurgia Bariátrica, Cirurgia da Obesidade ou ainda de Cirurgia de redução do estomago, é, como o próprio nome diz, uma plástica no estômago (gastro = estômago, plastia = plástica), que tem como o objetivo reduzir o peso de pessoas com o IMC muito elevado.
2 – Esse tipo de cirurgia está indicado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m², que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue, problemas articulares, ou pacientes com IMC maior que 40 Kg/m², que não tenham obtido sucesso na perda de peso com outros tratamentos.
3 – Existem três tipos básicos de cirurgias bariátricas. As que apenas diminuem o tamanho do estômago são chamadas do tipo restritivo. A perda de peso se faz pela redução da ingestão de alimentos. Existem, também, as cirurgias mistas, nas quais há a redução do tamanho estomago e também um desvio do trânsito intestinal, havendo desta forma, além da redução da ingestão, diminuição da absorção dos alimentos. As cirurgias mistas podem ser predominantemente restritivas (derivação Gástrica com e sem anel) e predominantemente disabsortivas (derivações bileopancreáticas).
4 – Apesar de cada caso precisar ser avaliado individualmente, a todos aqueles irão realizar a cirurgia devem ser submetidos a uma avaliação clínico-laboratorial a qual inclui além da aferição da pressão arterial, dosagens da glicemia, lipídeos sanguíneos, e outros exames sanguíneos, avaliação das funções hepática, cardíaca e pulmonar. A endoscopia digestiva e a ecografia abdominal são importantes procedimentos pré-operatórios. A avaliação psicológica também faz parte dos procedimentos pré-operatórios. Pacientes com instabilidade psicológica grave, portador de transtornos alimentares (como, por exemplo, bulimia), devem ser tratados antes da cirurgia.
5 – Na maioria dos casos, com a cirurgia bariátrica, além de perder grande quantidade de peso, o paciente tem os benefícios da melhora, ou mesmo cura, do seu diabetes, controle da pressão arterial, dos lipídeos sanguíneos, dos níveis de ácido úrico, alívio das dores articulares.
6 – Do ponto de vista nutricional, os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica deverão ser acompanhados por longo tempo, com objetivo de receberem orientações específicas para elaboração de uma dieta qualitativamente adequada. Quanto mais disabsortiva for a cirurgia, maior a chance de complicações nutricionais, como anemias por deficiência de ferro, de vitamina B12 e/ou ácido fólico, deficiência de vit D e cálcio e até mesmo desnutrição, nas cirurgias mais radicais. Reposições vitamínicas são feitas após a cirurgia e mantidas por tempo indeterminado. A diarreia pode ser uma complicação nas cirurgias mistas, principalmente na derivação bileopancreática.
7 – Em alguns casos, uma cirurgia plástica para retirada do excesso de pele é necessária. A mesma poderá ser feita quando a perda de peso estiver totalmente estabilizada, ou seja, depois de aproximadamente dois anos.
8 – Mulheres que realizam cirurgia bariátrica devem aguardar pelo menos 15 a 18 meses antes de engravidar. A grande perda de peso logo após a cirurgia pode prejudicar o crescimento do feto.
Tratamento do diabetes tipo 2
Em recente reunião no Conselho Federal de Medicina, a SBEM destacou que o procedimento cirúrgico pode ser uma alternativa para o tratamento de pacientes portadores de Diabetes mellitus tipo 2 e obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 35 kg/m2). No entanto, a escolha do paciente ideal para esse procedimento ainda é incerta pela inexistência de protocolos de pesquisa validados.
“Os estudos atuais não mostram com clareza qual o perfil do paciente que obterá maior benefício terapêutico com o procedimento cirúrgico. O número de pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico em estudos clínicos randomizados ainda é muito pequeno, e com tempo de seguimento inferior a cinco anos, sem que haja dados consistentes sobre riscos do procedimento (deficiência nutricionais, fraturas, etc) ou sobre desfechos duros (doença cardiovascular ou mortalidade) e, dessa forma, não podemos extrapolar dados de desfechos com populações com IMCs mais altos, visto que a perda de peso pós-operatória é um fator preditivo de resposta ao tratamento cirúrgico”, diz a entidade.
Fonte: SBEM, com redação