“Pare, pense e use camisinha”. Esse é o slogan da Campanha de Carnaval lançada nessa sexta-feira (22) pelo Ministério da Saúde para estimular o uso do preservativo, principalmente entre os homens na faixa etária de 15 a 39 anos.
Dados do último boletim epidemiológico mostram que 73% (30.659) dos novos casos de HIV em 2017 ocorreram no sexo masculino. Um em cada cinco novos casos estão entre homens de 15 a 24 anos (2017). Entre homens na faixa etária de 20 a 24 anos a taxa de detecção de Aids cresceu 133% entre 2007 a 2017, passando de 15,6 para 36,2.
Neste ano, o embaixador da ação é o cantor Gabriel Diniz, intérprete da música Jenifer, que promete ser o hit dos blocos no Brasil. As ações de prevenção são realizadas nos carnavais de rua em Salvador, Recife, Olinda e Rio de Janeiro.
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Camisinha com nova embalagem
Outra novidade é a embalagem da camisinha, distribuída no Sistema Único de Saúde (SUS). Serão entregues 12 milhões de camisinhas com a nova identidade visual durante os dias de Carnaval.
De acordo com o Ministério, “o novo conceito é mais moderno e dialoga diretamente com o público jovem, que é o mais atingido por novas infecções nos últimos anos”. A escolha do design foi feita a partir de concurso cultural entre 210 estudantes universitários, em 2017, em parceria com a Unesco Brasil.
Esse ano, o Ministério da Saúde distribuiu 130 milhões de preservativos masculinos aos estados, 22% a mais que o quantitativo enviado em 2018 (106 milhões). Além disso, foram entregues também 9,9 milhões de sachês de gel lubrificante para todos os estados.
Jovens continuam no foco da campanha
Os jovens têm sido foco de campanhas de prevenção nos últimos anos. O Ministério da Saúde desenvolve, em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de saúde, ações e campanhas regionais e municipais por ocasião de eventos específicos destinados à juventude, como shows e festas regionais. Pesquisas apontam que o uso do preservativo não é consistente entre os mais jovens, embora o nível de informação seja elevado em relação à forma de prevenção ao HIV.
Por isso, o Ministério da Saúde tem feito esforços crescentes para estar mais próximo deste público. A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP 2013), de 2013, aponta que 45% dos entrevistados disseram não ter recorrido ao preservativo naquele ano. A mesma pesquisa mostra que 94% dos brasileiros sabem que a camisinha é a melhor forma de evitar as Infecções Sexualmente Transmissíveis.
“Os números do HIV no Brasil, que demonstram aumento entre jovens, são muito importantes para a conscientização do grande desafio que temos na saude pública, que é uma mudança no comportamento. Precisamos cada vez mais estimular o uso do preservativo, para que o Carnaval seja sempre uma memória feliz. Vamos fazer um Carnaval e um ano inteiro de consciência em relação à responsabilidade sobre o seu corpo e o da pessoa que você ama”, destacou o ministro Luiz Henrique Mandeta, durante o lançamento em Salvador (BA).
Ativista LGBTI questiona campanha
Editor de uma revista especializada no público LGBT, o jornalista Felipe Martins criticou a campanha do Ministério da Saúde, afirmando que deixa de fora o público que mais tem sido atingido pelo crescimento do HIV: homens que transam com homens. A revista promoverá uma ação de conscientização durante blocos de rua do Rio.
De acordo com reportagem do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, peças da campanha que faziam alusão ao público LGBTI foram retiradas, por determinação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandeta, que teria também optado por um tom mais sóbrio e menos “festivo”, com foco na prevenção.
CASOS DE HIV NO PAÍS
Estima-se que 866 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil. De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV e Aids divulgado no final do ano passado, a epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção de casos de aids em torno de 18,3 casos a cada 100 mil habitantes, em 2017. Isso representa 40,9 mil casos novos, em média, nos últimos cinco anos.
Nos últimos quatro anos, a taxa de mortalidade pela doença passou de 5,7 óbitos/100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos/100 mil habitantes em 2017. A redução é resultado da garantia do tratamento para todos – lançada em 2013 -, aliada à melhoria do diagnóstico, além da ampliação do acesso à testagem e redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.
Em relação à prevenção, o Brasil vem diversificando as ações dentro de um conceito de prevenção combinada (uso de vários métodos), que inclui a distribuição de preservativos masculinos e femininos, gel lubrificante, ações educativas e ampliação do acesso a novas tecnologias, como testagem rápida (incluindo fluido oral), profilaxia pós-exposição e profilaxia pré-exposição.
Quase 600 mil brasileiros estão em tratamento
O Governo Federal financia o tratamento para o HIV/aids no país. Desde 2013, o país adotou o tratamento para todos, independentemente da quantidade de vírus e da situação imunológica do paciente. Desde então, até dezembro de 2018, 593 mil pessoas com HIV/aids estavam em tratamento no país.
A maioria (87%) faz uso do dolutegravir, um dos melhores medicamentos do mundo, que está disponível gratuitamente no SUS. O medicamento aumenta em 42% a chance de supressão viral (que é diminuição da carga viral do HIV no sangue) entre adultos, quando comparado ao tratamento anterior, usando o efavirenz.
Como ação de prevenção da doença, o Ministério da Saúde oferta, desde 2018, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). A terapia está disponível em 109 serviços de 90 municípios em 22 estados e no Distrito Federal. Desde a implantação da prevenção, cerca de oito mil pessoas já fizeram uso da prevenção ao menos uma vez. Atualmente, mais de seis mil pessoas fazem uso da PreP.
MAIS SOBRE A CAMPANHA
As peças da campanha serão veiculadas na TV, internet, rádio, jornal, aeroportos, outdoor e jornal, entre os dias 22 de fevereiro e 5 de março, para a população em geral.
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Da Agência Saúde, com Redação