Um homem morre a cada 38 minutos no Brasil em decorrência de tumores de próstata. Mas a boa notícia é que o câncer de próstata é um tipo de neoplasia maligna (tumor) com uma perspectiva de cura otimista, caso seja identificado rapidamente. Por isso, a importância de campanhas como Novembro Azul, para conscientização sobre prevenção e diagnóstico precoce, não apenas do câncer de próstata, mas de todas as doenças que acometem a população masculina.
Pelo oitavo ano consecutivo, o Portal Vida e Ação abraça a campanha, trazendo conteúdos relevantes. Afinal, a maioria dos nossos leitores é formada por homens (54%), o que mostra o crescente interesse deles em cuidar mais da saúde. Então, vamos a alguns números que merecem atenção:
- Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sobre o câncer de próstata revelam um quadro preocupante: durante o triênio 2023-2025, 72 mil novos casos serão diagnosticados a cada ano, totalizando 216 mil.
- Este é o tipo de câncer mais incidente na população masculina brasileira, só perdendo para o câncer de pele não-melanoma e o câncer de pulmão. Estima-se que sejam diagnosticados cerca de 23 mil casos por ano.
- No âmbito mundial, a tendência é igualmente inquietante, sendo este responsável por 3,8% das mortes somadas a todos os tipos de tumores segundo os dados mais recentes da Globocan, levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que avalia os impactos do câncer nos diferentes países.
- De acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, de janeiro a julho de 2023 houve 21.803 internações devido ao câncer de próstata e o total de óbitos no ano de 2022 chegou a 16.292, uma média de 44 mortes pela doença por dia.
- O câncer – sobretudo de de próstata, de testículo e de pênis – está entre as doenças mais temidas pelos homens. Segundo dados de uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 58% dos entrevistados apontaram a doença como a que possuem maior receio, seguida da impotência sexual.
- Enquanto 75% dos homens afirmaram conhecer o câncer de próstata, 85% disseram não conhecer os sintomas da doença. O percentual de desconhecimento é maior entre os que utilizam apenas o SUS (62%).
- Dados da SBU apontam que a maioria (44%) acredita que ardência/dificuldade para urinar seja um sintoma do tumor, o que não é verdade. Dentre os principais sintomas associados ao câncer de próstata estão a nocturia (vontade frequente de urinar durante o sono), redução gradual do jato urinário, presença de sangue na urina, micção frequente, disfunção erétil e parestesia de membros inferiores.
60% dos pacientes vão ao médico em estágio avançado
Apesar da preocupação com câncer de próstata, de testículo e de pênis, a população masculina continua predominantemente negligente quanto os cuidados com a própria saúde, com altos casos de sedentarismo, pressão alta e obesidade entre os brasileiros. O cenário de calamidade é assinalado por uma população que ainda resiste em buscar cuidados médicos, mesmo com o aumento de sintomas.
Um levantamento do Centro de Referência da Saúde do Homem apontou que 60% dos homens só vão ao médico em estágios já avançados de alguma doença. A realização de consultas de check-up e exames periódicos mostrou ser uma preocupação apenas entre os homens mais velhos, com taxa de 78% entre a população acima de 60 anos, segundo dados da SBU.
Por questões como medo, preconceito e negligência com a própria saúde, o homem muitas vezes se considera invencível e autossuficiente para ignorar doenças. A realização de exames periódicos é extremamente importante para o diagnóstico precoce e, consequentemente, diminuir a chance de metástases nos casos de câncer. O hábito aumenta a chance de cura, diminui chance de sequelas e, além disso, diminui gastos com a saúde pública”, conta Paulo Apratto, médico e professor da Unigranrio.
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Exames devem começar aos 50 anos – ou 45 em populações específicas
O pico do câncer de próstata se dá por volta dos 65 anos, mas, atualmente, pessoas mais jovens têm manifestado esse tipo de tumor. Pessoas com maior risco de desenvolvimento da doença, como a população negra, obesos e com familiares diretamente relacionados afetados pelo câncer, devem iniciar o rastreamento aos 45 anos. É recomendado que o exame por toque retal e a dosagem de PSA (proteína produzida pela glândula) sejam feitos a partir dos 50 anos.
O câncer de próstata é confirmado por ressonância nuclear magnética da próstata seguida de biópsia e, então, exames de estadiamento (imagem e de anatomia patológica) vão apontar o estágio em que a doença se encontra, orientando o tratamento mais adequado para cada cenário”, aponta Mario Elias de Mattos, urologista do Núcleo de Oncologia do Hcor.
Em fases iniciais, quando a doença está limitada à próstata, o tratamento pode ser cirúrgico ou radioterápico, ambos com taxas de cura elevadas (acima de 90%). Aqui, o tratamento cirúrgico com emprego de tecnologia robótica tem ganhado destaque, especialmente pela rápida recuperação dos pacientes, apresentando menores sequelas em termos de continência e prejuízo na função sexual erétil.
Já quando a doença se apresenta em fase avançada, tratamentos sistêmicos como associação de radioterapia com quimioterapia ou bloqueadores hormonais são indicados, com bons índices de controle da doença e sobrevida”, esclarece o especialista.
O diagnóstico em estágio inicial pode fazer toda a diferença, principalmente em pacientes assintomáticos. “Espera-se que os avanços recentes em mapeamento genético também nos ajudem no combate à doença, mas, por ora, a detecção precoce é o meio mais eficaz”, finaliza Dr. Mário.
Maioria das doenças em homens é associada ao estilo de vida
A maioria das doenças que atinge a saúde dos homens está associada a hábitos de vida pouco saudáveis, como excesso de ingestão de gordura, álcool e cigarro. O sedentarismo, que atinge 40,4% da população masculina, contribui para problemas de saúde como hipertensão, obesidade e diabetes.
As enfermidades são problemas-chave para o aumento da gravidade das principais doenças que já acometem os brasileiros. Por isso, para prevenir maiores riscos relacionados ao câncer e o desenvolvimento de outras doenças, é importante manter hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, o controle do peso e não fumar.
Com a mudança de estilo de vida, diminuímos significativamente os fatores de risco, a chance de desenvolver doenças e de morbimortalidade. O rastreio cardiovascular, o controle da glicemia, exames de urina e fezes com frequências devem se tornar mais frequentes a partir da chegada dos 40 anos de idade, entre a população masculina, aliado a manutenção de hábitos saudáveis”, destaca Paulo.
Por isso, iniciativas como o Novembro Azul são fundamentais para que os conhecimentos sobre a doença sejam popularizados, estimulando a formação de uma “população masculina mais atenta aos sinais de alerta do corpo”, ressalta.
Com Assessorias