O câncer colorretal – também conhecido como câncer de colon ou intestino e de reto –  é um dos mais incidentes na população moderna. No Brasil, só perde para o câncer de pele não melanoma – o primeiro entre homens e mulheres e para os cânceres de próstata e mama. Excesso de peso, sedentarismo, consumo de álcool, tabagismo, dieta desequilibrada e consumo de produtos industrializados são as principais causas.  Mas pouco se fala sobre outro importante fator de risco – o histórico familiar é associado diretamente a 30% das ocorrências.
“Pessoas que já tiveram casos de câncer colorretal na família, em parentes de 1º ou 2º graus, devem redobrar os cuidados, pois há maior predisposição. O histórico familiar pode ser um fator determinante, mesmo que os genes específicos para câncer de intestino não sejam herdados. Apenas 5% dos casos são hereditários, ou seja, apresentam um gene mutado”, explica o médico geneticista Pablo De Nicola, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A constatação reforça a importância da investigação genética para detectar a doença em fase inicial e aumentar as chances de cura. “A identificação genética é importante também para um possível tratamento com terapia alvo, com medicamentos específicos para cada tipo de mutação”, diz Pablo.
Segundo Pedro Uson, oncologista do Centro de Cuidado em Oncologia e Hematologia do Hcor, estudos indicam que um em cada seis pacientes possui variante patogênica de linhagem hereditária. Por isso, conhecer a linhagem hereditária do paciente é crucial para um diagnóstico precoce e, consequentemente, a aplicação de abordagens terapêuticas de precisão.
“Como a maioria dos médicos não faz a investigação genética, não sabemos quem tem predisposição. Assim, não conseguimos intervir nas mudanças de hábitos precocemente”, explica, ao Estudos indicam que 1 em cada 6 pacientes possui variante patogênica de linhagem hereditária

Casos podem ocorrer antes dos 50 anos e são mais agressivos

O especialista da BP explica que em nossa carga genética há mecanismos que protegem as células de mutações cancerígenas, porém, se houver um gene problemático, transferido por um dos pais, a capacidade de defesa das células reduz, e a probabilidade de desenvolver câncer ao longo da vida, aumenta.
Estes casos costumam ocorrer antes dos 50 anos e, dependendo do tipo de mutação, podem ser um pouco mais agressivos. A chance de herdar um gene propenso ao câncer é de 50%, já que os descendentes recebem metade do DNA do pai e metade da mãe.
A existência desses genes também pode decorrer de outras patologias, tal como a Síndrome de Lynch, doença hereditária responsável por 3% dos cânceres colorretais, causada por alterações do DNA. Atualmente, existem exames genéticos capazes de identificar a existência das síndromes e dos genes causadores do câncer colorretal hereditário.

Também são mais suscetíveis ao câncer colorretal pessoas que têm doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, em atividade há dez ou mais anos têm uma chance muito maior de desenvolver a doença.

“Pacientes que passaram por tratamento radioterápicos com energia ionizante na pelve ou no abdômen superior, também estão mais propensas a desenvolver este tipo de câncer”, a médica radioncologista e nutróloga Ana Flavia de Paula Campedelli.

Colonoscopia começa mais cedo em quem tem predisposição à doença

A especialista – que atende no Órion Complex, em Goiânia – diz que os indivíduos que têm predisposição familiar e histórico de síndromes relacionadas a este tipo de câncer devem iniciar precocemente a colonoscopia como forma de prevenção. “Geralmente 10 anos antes da idade do familiar de primeiro grau que teve o problema. Já os indivíduos que têm risco moderado, devem iniciar a colonoscopia a partir dos 45 anos. Dando negativo para pólipos, repete-se essa colonoscopia a cada 10 anos”, relata.

Para Pedro Uson, oncologista do Hcor, o exame de rastreamento por meio de colonoscopia em pessoas que não têm histórico familiar de câncer colorretal deve ser iniciado a partir dos 45 anos. Quando os achados da análise são considerados normais, a recomendação é repetir o exame a cada cinco anos. Já em pólipos ressecados, os especialistas aconselham a retomada em três anos. Outra forma de rastreio para pacientes em torno de 50 anos, é o exame de sangue oculto nas fezes, e a partir dos 60 anos este exame deve ser feito anualmente, até os 75 anos.
“A maioria dos pacientes que têm a doença diagnosticada precocemente não apresenta sintomas. Entretanto, quando mais avançada, os sinais podem incluir dores abdominais, anemia, alterações do hábito intestinal, calibre e até mesmo sangue nas fezes. Algumas manifestações inespecíficas podem estar associadas ao cansaço e emagrecimento sem motivo aparente”, ressalta o médico.
De acordo com especialistas, esse tipo de câncer tem alta chance de cura, principalmente se identificado no estágio inicial. A cirurgia é o principal caminho para que o tumor seja retirado, mas também há possibilidade de ser realizada radioterapia (tumores de reto) e quimioterapia, além do auxílio de medicamentos no tratamento.

A prevenção em geral reside na diminuição dos fatores de risco, associada a mudanças de hábitos de vida, como sedentarismo e consumo exagerado de alimentos processados, principalmente carnes e embutidos, além do alto consumo de álcool e tabagismo.

“Por isso os obesos têm uma chance aumentada de desenvolver a doença. Pessoas que consomem uma excessiva quantidade de carne vermelha e alimentos processados, com baixo consumo de fibras, também têm mais chances de sofrer desse tipo de câncer”, explica a médica.

Números

Estima-se que, por ano, mais de 1 milhão de pessoas sejam diagnosticadas com a doença mundialmente. A incidência deste tipo de câncer no país é bastante alta e corresponde a 21,1 casos a cada 100 mil habitantes, atingindo de forma quase igualitária homens e mulheres.
Mais comum do que se imagina, é a terceira causa de morte por câncer no Brasil e o segundo mais comum na população brasileira. Por ano, o país registra cerca de 50 mil novos casos da doença, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A previsão para o binário 2023-2025 é de que sejam registrados 45.630 novos casos desse tipo de câncer por ano, a maioria, em mulheres.
Com Assessorias
Shares:

Posts Relacionados

1 Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *