Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, são 50 milhões de pessoas acometidas pela epilepsia e uma em cada 100 crianças são afetadas pelo Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O uso medicinal da cannabis em pacientes com autismo e epilepsia refratária – pacientes que continuam com crises mesmo depois de ter feito uso diferentes medicações – tem feito a diferença em razão de suas propriedades terapêuticas, ajudando na diminuição das crises.

Os efeitos colaterais são bem menores que as medicações alopáticas, e evolução do tratamento gera benefícios notórios ao olhar de especialistas e familiares. Como J.S, mãe de uma criança com autismo, contou como o medicamento fez a diferença no tratamento do filho.

Sempre levei meu filho a todos os lugares pois queria que ele tivesse uma vida social, amigos, e muitas vezes tive que chegar e sair, pois ele gritava e não ficava. Meu filho começou o tratamento [com cannabis medicinal] e em seis meses já tínhamos conseguido ir a três festinhas, vê-lo sentado, calmo, me emocionou”.

No Brasil, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma das condições mais tratadas com cannabis medicinal, segundo o relatório anual divulgado no final de 2023 pela Kaya Mind. O transtorno está entre as três condições com maior demanda pelos produtos no País.

Como o canabidiol age no caso do autismo

No caso do autismo, o canabidiol (CBD) desempenha um papel central no tratamento da doença, atua especificamente nos receptores de serotonina e dopamina. Além disso, modula o sistema GABA-glutamato, neurotransmissores, que atinge esses pacientes. Essa substância contribui para reduzir a hiper excitação neuronal, promove um equilíbrio entre a inibição e a agitação, sintomas comuns nesses indivíduos.

A médica Mariana Maciel, especialista em medicina canabinoide e fundadora da Thronus Medical, explica que o CBD desempenha um papel central no tratamento do autismo, por atuar especificamente nos receptores de serotonina e dopamina. 

Além disso, modula o sistema GABA-glutamato, neurotransmissores, que atinge pacientes autistas. Essa substância contribui para reduzir a hiper excitação neuronal, promove um equilíbrio entre a inibição e a agitação, sintomas comuns”, esclarece.

Segundo ela, as crianças progridem com a medicação. “Testemunhamos s casos surpreendentes, como o de crianças que eram incapazes de falar e começaram a emitir sons com intenção de se comunicar”, afirma.

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Pais relatam melhora em pacientes com crise de epilepsia

Assim como os pacientes com autismo e da epilepsia refratária, os acometidos por transtornos de saúde mental também buscam por tratamentos menos agressivos à saúde, e encontram a resposta no uso do canabidiol. A grande maioria dos pacientes com crises convulsivas de difícil controle são pediátricos.

Com apenas 14 meses, Victor Gabriel Martins começou a ter espasmos e o diagnóstico foi epilepsia refratária associada à Síndrome de WestO menino tinha convulsões, apresentava atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, regressão do desenvolvimento já adquirido e diminuição do tônus muscular.

A doença acabou evoluindo para síndrome de Lennox Gastaut – característica de retardo mental progressivo. Apesar do preconceito, os pais de Victor passaram a estudar sobre o canabidiol e procurar médicos especializados nessa terapia mais alternativa. 

Foi em 2015, antes de completar quatro anos, que iniciamos o tratamento. Com o uso contínuo, as crises foram diminuindo, ele voltou a falar, ter mais autonomia, recuperou locomoção e passou a interagir e brincar com outras crianças”, conta Neide Martins, mãe de Victor. 

Como o CDB age na epilepsia refratária positivo em outros transtornos mentais 

Segundo Pedro Alvarenga, médico científico da Ease Labs Pharma, o canabidiol tem se mostrado eficiente no tratamento de pacientes com síndrome de epilepsia refratária.  Segundo ele, o CBD apresenta efeitos em vias de sinalização celular que são responsáveis pelas ações anticonvulsivantes da substância.

Embora o mecanismo preciso do efeito do CBD no controle de crises convulsivas ainda seja incerto, as ações em vias glutamatérgicas e GABA, além de efeito no influxo de cálcio intracelular e sinalização em vias da adenosina, são peças-chave nesse potencial farmacológico”, explica.

A substância possui propriedades neuroprotetoras, vistas principalmente em ensaios in vitro, auxiliando as células cerebrais contra danos que podem ocorrer durante as crises epilépticas, que frequentemente desencadeiam processos inflamatórios no cérebro, disse o médico. 

Após o episódio de crise convulsiva, essas propriedades podem regular a resposta inflamatória tecidual, reduzindo a liberação de citocinas pró-inflamatórias e minimizando possíveis danos associados à crise. Por fim, há um efeito de vasodilatação,  capaz de contribuir para a manutenção do fluxo sanguíneo cerebral adequado durante os episódios de convulsão”

Canabidiol age nos casos de ansiedade e depressão

Os pacientes acometidos por transtornos de saúde mental também buscam por tratamentos menos agressivos à saúde, como é o caso do canabidiol (CBD). A procura por essa solução tem mostrado crescimento exponencial.

Nos casos específicos de ansiedade e depressão, a cannabis pode ser uma alternativa complementar ao tratamento convencional devido ao efeito relaxante. O uso da cannabis auxilia no alívio de sintomas relacionados a disfunções de sono, tensão muscular, tremedeiras, fadiga e ansiedade em si. Para o uso medicinal, ele é administrado por via oral, o óleo CBD.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% dos brasileiros são ansiosos, o maior número de pessoas no mundo. No que tange à saúde mental, o Brasil tem a maior prevalência de casos de depressão na América Latina, com 5% da população com essa doença.

 

Menos efeitos colaterais que medicamentos alopáticos

O medicamento tem menos efeito colateral se comparado com as medicações alopáticas. Os pacientes podem ser boca seca, pressão arterial baixa, diarreia, diminuição de apetite, alteração de humor, tontura e sonolência

Os efeitos colaterais do uso da cannabis podem variar de pessoa para pessoa e dependem de fatores como a dose, a forma de consumo e a sensibilidade individual, contudo, podem ser considerados menos agressivos do que a maioria dos medicamentos químicos”, disse o médico Vitor Brasil, especialista da Anna Medicina Endocanabicoide.

Com Assessorias

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