A descoberta prematura de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) é fator importante para garantir um tratamento mais assertivo, evitando maiores riscos. No entanto, o melhor para a saúde é prevenir, evitando-se complicações ou mesmo tratamentos que podem ter efeitos colaterais. Por isso, ressaltar a existência de prevenção e diagnóstico precoce para as IST está entre os principais objetivos da campanha Dezembro Vermelho, instituída no Brasil em 2017 para promover maior conscientização sobre o tema.

Antes conhecidas como ‘doenças sexualmente transmissíveis’, as IST são patologias transmitidas pelo contato sexual (vaginal, oral ou anal) com uma pessoa que esteja infectada. A mais conhecida é Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), causada pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana) e que ganhou notoriedade nos anos 80 por levar à perda de milhares de vidas.

No entanto, o Ministério da Saúde elenca outras dez enfermidades relevantes, dentre elas: herpes genital, sífilis, Hepatite B e HPV (Papilomavírus Humano). As duas últimas doenças podem ser evitadas por meio das vacinas contra Hepatite B e o HPV, respectivamente.

“Sem dúvidas, o diagnóstico precoce para as infecções sexualmente transmissíveis propicia melhores resultados com o tratamento. Descobertas cedo, as infecções têm mais chances de ser controladas e curadas, além de ser possível impedir a disseminação da IST para o restante do corpo”, explica o infectologista e consultor médico do Grupo Sabin, Marcelo Cordeiro.

Somente em 2019, um milhão de brasileiros com mais de 18 anos afirmaram ter recebido diagnóstico para alguma IST. O dado é o mais recente da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2021. Os números, entretanto, podem estar subnotificados, risco baseado no fato de algumas doenças apresentarem poucos sintomas nos estágios iniciais.

“Muitas ISTs não são diagnosticadas e, consequentemente, não notificadas porque as pessoas não sabem que estão infectadas. Por exemplo, a maioria das mulheres com gonorreia não apresenta sintomas da doença. Porém, podem evoluir com complicações, como irritabilidade, dor pélvica crônica, gravidez ectópica e até esterilidade. Daí a importância de se buscar os serviços de saúde rotineiramente e sempre usar preservativos nas relações sexuais”, orienta Cordeiro.

Os exames para IST, incluindo HIV, são encontrados tanto na rede pública quanto privada de saúde. Antes de qualquer teste, no entanto, é importante a avaliação de um profissional de saúde para o rastreio correto das suspeitas de doenças. A maioria dos exames é feita a partir de uma amostra de sangue.

“Cada IST tem uma forma específica de ser diagnosticada. Por exemplo, a sífilis e o HIV, podem ser rastreados por exame de sangue. Além disso, há orientações sobre a periodicidade de realização desses testes. Para cada indivíduo, deve-se observar uma série de fatores. Só para citar outro exemplo, as gestantes devem realizar exames periodicamente durante o pré-natal, que incluem, entre outros, os testes para HIV e sífilis”, comenta o infectologista.

Prevenção

Ainda segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), mais da metade dos brasileiros entrevistados (59%) afirmou não ter utilizado preservativos durante relações sexuais nos últimos 12 meses anteriores ao estudo. No caso dos adolescentes (13 a 17 anos), o percentual caiu de 72,5% para 59%, aponta outro estudo do IBGE que mapeou o uso de camisinha na última relação sexual.

Os números preocupam, já que o uso de preservativo, seja feminino ou masculino, é considerado um dos principais meios de prevenção às IST. No caso do HIV, há também a possibilidade da chamada PrEP (profilaxia pré-exposição), medicamento de uso contínuo que previne a infecção em caso de contato com o vírus. Em caso de contágio por uma IST, as possibilidades de tratamento variam a depender da doença.

“A boa notícia é que há tratamentos específicos para a maioria das IST e que devem ser prescritos de acordo com o diagnóstico e a situação de vida de cada pessoa. Algumas com possibilidade de cura total e outras de ‘estabilização’, como é o caso do alcance do status indetectável em pacientes com HIV, quando o vírus fica ‘inativo’ e deixa de ser transmissível ou de causar baixa imunidade”, afirma o médico.

O conjunto de exames e procedimentos laboratoriais hoje disponíveis está entre as principais ferramentas para prevenir doenças ou detectá-las na fase inicial, mesmo quando ainda não apresentam sintomas, aumentando as chances de tratamento ou controle. Essa análise detalhada integra os princípios propostos pela medicina preventiva, que envolve todos os cuidados relacionados à promoção da saúde e melhoria dos hábitos de vida.

Mais sobre as ISTs e prevenção

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas principalmente por contato sexual (oral, vaginal, anal), sem uso de preservativo, com uma pessoa infectada. As ISTs podem se apresentar como úlceras, corrimento, verrugas anogenitais e outros sintomas, como dor pélvica, ardor ao urinar, lesões na pele e aumento de ínguas. As ISTs ocorrem principalmente nos órgãos reprodutivos, mas também podem ocorrer em outras partes do corpo (palmas, olhos, língua, etc.).

Camilla Pinheiro, ginecologista e obstetra do CGO Centro de Ginecologia e Obstetrícia Mourad e Pinheiro, afirma que é necessário monitorar a higiene do corpo, pois isso ajuda a identificar precocemente infecções sexualmente transmissíveis. “As pessoas devem consultar um médico sempre que apresentarem sinais ou sintomas, independentemente de quando tiveram relações sexuais pela última vez e, se necessário, avisar seu parceiro sexual”, destaca.

Algumas ISTs não apresentam sinais ou sintomas e, se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar à complicações graves, como infertilidade, câncer e até morte. Portanto, é importante fazer um teste laboratorial para determinar se uma pessoa foi exposta a uma IST, após ter relações sexuais desprotegidas, sem usar preservativo masculino ou feminino.

As ISTs também podem ser transmitidas de mãe para filho, durante a gravidez, parto e amamentação. Menos comumente, as infecções sexualmente transmissíveis também podem ser transmitidas não sexualmente, pelo contato de membranas mucosas ou pele rompida, com secreções corporais contaminadas.

Existem vários tipos de infecções sexualmente transmissíveis, mas os exemplos mais conhecidos são:

  • – Herpes genital;

– Cancro mole (cancroide);

– HPV;

– Doença Inflamatória Pélvica (DIP);

– Donovanose;

– Gonorreia e infecção por Clamídia;

– Linfogranuloma venéreo (LGV);

– Sífilis;

– Infecção pelo HTLV;

– Tricomoníase.

Com Assessorias

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