Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 17% de tudo que é produzido no mundo vão para o lixo entre a colheita e residências, varejo, restaurantes e outros serviços alimentares. Apesar da recente queda nos preços da comida no país, o Brasil ainda possui mais de 70 milhões de pessoas que enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Há 21 milhões de pessoas que não têm o que comer todos os dias e 10 milhões são consideradas desnutridas, de acordo com o relatório publicado pela ONU, em julho deste ano, e 33 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar ou passando fome. Um contrassenso num país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é o décimo país que mais desperdiça alimentos em todo o mundo, 30% dos alimentos são jogados fora, o equivalente a cerca de 46 milhões de toneladas de alimentos por ano. O país também está entre os dez que mais desperdiçam, segundo a FAO: 27 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todos os anos.

Já de acordo com os dados do Movimento social Pacto Contra a Fome, cerca de 55 milhões de alimentos são desperdiçadas por ano no Brasil. Levantamento da Hellmann’s, feito com base em dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma família brasileira de três pessoas desperdiça, em média, R$ 1.630 por ano jogando comida no lixo — mais de R$ 300 acima do salário mínimo, atualmente em R$ 1.320.

A importância do reaproveitamento dos alimentos

Neste cenário, reduzir o desperdício de alimentos é uma contribuição essencial para o meio ambiente somada à necessidade de uma melhor distribuição dos alimentos à população brasileira. Para conscientizar sobre isso, o Dia Internacional da Conscientização sobre Perda e Desperdício Alimentar (29 de setembro) – adotado na Assembleia Geral da ONU em 19 de dezembro de 2019 e desde então, vem ganhando forças em todo o mundo.

Este dia é uma oportunidade para chamar a atenção tanto do setor público (autoridades nacionais ou locais) como do setor privado (empresas e indivíduos), para implementar medidas e ações de redução do desperdício alimentar, no sentido de restaurar e reconstruir sistemas alimentares melhores e mais resistentes.

“Já existem estudos que mostram que se todo o alimento que é desperdiçado fosse reaproveitado, a situação da fome não seria tão alarmante no Brasil e em diversos países do mundo. No Instituto Capim Santo, utilizamos alimentos que seriam desperdiçados e realizamos receitas criativas e saborosas com alto valor nutricional”, conta Lúccio Oliveira, presidente da organização.

A ONG utiliza a gastronomia social e sustentável como ferramenta para minimizar o desperdício de alimentos e a fome no país por meio do de um projeto chamado Cozinha do Amanhã, que promove a formação profissional na área de gastronomia para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Nas aulas, essas pessoas passam por uma formação de excelência em gastronomia, com práticas que podem ser replicadas em restaurantes e demais empreendimentos voltados para a cozinha.

Todo esse conhecimento somado à prática sustentável, que considera a identidade brasileira na gastronomia, o valor nutricional dos alimentos, o diálogo com pequenos produtores, e principalmente, o desperdício de alimentos. Esses novos cozinheiros aprendem, entre outros pratos, a fazer receitas saudáveis e criativas com itens que normalmente são descartados, como por exemplo, um ragu de casca de banana, antepasto de casca de coração de bananeira e manjar com cascas de limão.

Além da conscientização quanto ao desperdício, o Instituto Capim Santo atua diretamente no combate a fome por meio do projeto Pare com a Fome, que já distribuiu mais de 600 mil marmitas, desde 2020, em Trancoso, Itacaré, Rio de Janeiro e São Paulo.  Os próprios alunos fazem as refeições que são distribuídas para famílias em situação de vulnerabilidade. No cardápio, opções como: arroz, farofa de beterraba e feijão branco com linguiça.

Ideias para aproveitar sobras de comida e evitar o desperdício

Com um pouco de criatividade, é possível transformar sobras de alimentos em novos pratos

Cascas e sementes de frutas, sobras de refeições e folhas de vegetais não precisam ir diretamente para o lixo. Tudo isso pode ser reaproveitado em receitas, até por conta do valor nutricional presente nestas partes dos alimentos. Esse hábito, além de beneficiar a saúde e reduzir o desperdício, ainda pode ajudar na diminuição dos gastos nas feiras.

“Alguns exemplos que podem ser seguidos é o uso total de frutas, como banana e melão, a reutilização do arroz que sobrou após o almoço e o aproveitamento de sementes e folhas. Essas comidas podem se tornar ingredientes de saladas, farofas, petiscos, bolos, doces, entre outros pratos”, comenta Flávia Ribeiro, nutricionista e professora do curso de Nutrição do UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Recife, campus Graças.

Há receitas bem práticas que podem resultar em acompanhamentos deliciosos, trazendo um sabor diferenciado às refeições de sempre. “Por exemplo, é possível preparar uma farofa de beterraba usando a hortaliça inteira e ralada, inclusive sua casca. Se preferir uma salada, há a opção de fazer com cascas de abóbora lavadas e raladas em espessura mais grossa”.

No caso das sobremesas, a diversidade é grande. Muitas das receitas utilizam as cascas de bananas, maçãs e laranjas em doces, bolos, brigadeiros e geleias. São várias as formas de aproveitar as sobras das comidas, basta usar a criatividade e testar combinações.

Desperdiçômetro: projeto escolar ensina sobre descarte e desperdício

Alunos realizam atividades para evitar o desperdício de alimentos e atividade impacta toda a comunidade escolar (Foto: Divulgação)

O refeitório, espaço para alimentação das crianças na escola é também um local de aprendizado. No Marista Escola Social Ecológica, que atende mais de 300 crianças gratuitamente em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, as refeições diárias dos alunos são acompanhadas  do monitoramento dos resíduos orgânicos. O projeto leva o nome de “desperdiçômetro”, e tem como objetivo conscientizar as crianças e adolescentes sobre o impacto dos resíduos.

De acordo com a professora de Ciências da Escola Social, Marina Vatti, o projeto começou com uma preparação em sala de aula. “O desperdiçômetro surgiu depois que foi observado a quantidade de alimento que era jogada fora na hora do almoço. Com a autonomia de fazer o próprio prato os estudantes acabavam colocando mais comida que conseguiam comer”, explica. O projeto começou com conversas sobre como preparar um prato equilibrado e em seguida a escola mostrou como o desperdício impacta o meio ambiente e a sociedade.

Para a educadora, ao falar de desperdício, principalmente com crianças e adolescentes é necessário que eles possam compreender e praticar. “É preciso entender o contexto em que estão inseridos e dialogar com a realidade das crianças. ,  Quanto mais abordamos sobre desperdício e como ele poderia ser evitado no cotidiano escolar, mais os adolescentes se interessam e levam essas questões para fora da escola, impactando as famílias e os vizinhos”, reforça.

O projeto conta ainda com atividades que envolvem toda comunidade escolar e falam sobre o meio ambiente como um todo. As turmas de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental tiveram que separar os lixos de acordo com o ano escolar e fazer o monitoramento de qual turma estava gerando a maior quantidade de desperdício. Em seguida, os estudantes analisaram os resultados e compartilharam em uma roda de conversa. “Além dos estudantes conversarem em sala de aula, eles também levam essa pauta para casa.  Realizamos oficinas com as famílias e produzimos materiais com dicas para evitar o desperdício em casa”, finaliza.

Dicas práticas para reduzir o desperdício

Priscila Andrade, gerente de Nutrição da Ajinomoto do Brasil, compartilha dicas para auxiliar na redução de desperdício em casa e aproveitar os alimentos sem perder o sabor.

Utilize os alimentos de maneira completa: extraia o potencial máximo dos ingredientes, incorporando cascas e talos de vegetais, bem higienizados, em sopas e pratos finais, integrando bagaços de frutas em bolos e doces, e aproveitando até mesmo a água de cozimento rica em vitaminas para elaborar purês e arroz.

Priorize o uso dos ingredientes adquiridos há mais tempo: mantenha o controle do estoque, garantindo que os alimentos mais antigos sejam usados antes dos mais recentes. Etiquete todos os itens retirados da embalagem original, incluindo produtos frescos, para evitar desperdícios.

Opte por receitas versáteis: reavalie o cardápio diariamente para criar pratos que tenham como base ingredientes em comum, reduzindo a necessidade de adquirir uma grande variedade de itens.

Transforme sobras em novos pratos: um arroz do dia anterior pode se tornar um delicioso arroz com legumes. De acordo com Priscila Andrade,  o portal de receitas Sabores Ajinomoto, oferecendo aos consumidores mais de cinco mil receitas e diversos conteúdos sobre alimentação e culinária.

“A plataforma incentiva os consumidores a aproveitarem ao máximo os alimentos e oferece dicas para promover uma alimentação equilibrada. Além de inspirar a criatividade na preparação de pratos com ingredientes reaproveitados, contribuindo assim para a redução do desperdício alimentar, também está preocupada no equilíbrio da alimentação do dia a dia”, comenta. “Nosso objetivo é fornecer soluções práticas para combater o desperdício de alimentos e promover a conscientização sobre a importância de utilizar os recursos alimentares de forma mais eficiente e sustentável

5 dicas para os consumidores adotarem na rotina de casa

  • A professora de Ciências da Escola Social, Marina Vatti, dá dicas de como evitar o desperdício em casa e reduzir o impacto no meio ambiente:
    • Planeje as refeições, e se possível deixe os alimentos separados em dias da semana, para evitar o improviso e desperdício de alimentos.
    • Organize a geladeira e o armário, busque utilizar com prioridade os alimentos que estão próximos do vencimento.
    • Guarde e reutilize as sobras, muitos dos alimentos podem ser reutilizados em refeições do dia posterior, utilize a criatividade.
    • Use a tecnologia a seu favor, muitos sites e perfis na internet dão dicas do que fazer com os alimentos que sobraram.
    • Doe alimentos, se você está prestes a viajar ou sabe que não terá tempo em casa para comer aquele alimento, faça uma doação.

4 dicas para reduzir o desperdício em casa

A Adria, marca de massas, biscoitos e torradas da M. Dias Branco, que diz já ter reduzido pela metade o desperdício de produtos acabados em suas etapas de operação, também sugere quatro dicas para os consumidores aplicarem durante a rotina:

  • Ao fazer as compras de casa, vale a pena anotar antecipadamente os itens necessários, assim, é possível evitar o consumo em excesso.
  • O uso dos alimentos por completo também pode ser um novo hábito adotado: sementes, cascas, raízes podem ser reaproveitados em novas receitas.
  • A criação de grupos para compras e compartilhamento de produtos também pode ser uma boa alternativa. Convide os amigos e a família para fazerem parte dessa causa!
  • Vale a pena resgatar aqueles alimentos guardados na geladeira como legumes, folhas e carnes e criar novas combinação de sabores. Existem diversas receitas que, além de deliciosas, contribuem para o aproveitamento integral dos alimentos.

4 motivos para apostar nos potes de vidro herméticos e reduzir as perdas no lar

Ao proteger os alimentos da umidade e demais exposições externas, potes de vidro herméticos, como os da Invicta®, são resistentes ao frio e ao calor, preservam o sabor e as propriedades da comida por mais tempo

Com 60% dessas perdas provenientes do consumo das famílias, também de acordo com o órgão mundial, o armazenamento correto – em recipientes como os potes de vidro herméticos – pode ser uma alternativa para diminuir essa quantidade de comida desperdiçada.

É o que recomenda Natália Tosta, gerente de marketing e de produtos da Invicta®, empresa líder no mercado brasileiro, no segmento de garrafas térmicas, que também apresenta um amplo portfólio de potes de vidro herméticos. Segundo ela, os recipientes apresentam características importantes para a armazenação correta, como a maior vedação e resistência ao frio e calor.

“Tão importante quanto repensar os hábitos de consumo, é fundamental conservar a comida por mais tempo. Recipientes como os de vidro, com tampa hermética, por exemplo, protegem os alimentos da umidade, ajudam a preservar o sabor e as propriedades, e são extremamente versáteis, podendo ir do freezer ao forno”, explica Natália.

Vedação hermética

Potes de vidro que contam com vedação hermética – com borrachas nas tampas – apresentam um diferencial de conservação dos alimentos, ao evitar a entrada da umidade, do ar e das bactérias, que provocam a deterioração da comida mais rapidamente. “Se pensarmos em um pequeno lanche, quando conservado em um prato aberto, mesmo que na geladeira, ele acaba se deteriorando em menos de 24 horas, o que é totalmente diferente da conservação em um recipiente bem vedado, como o pote hermético”, informa a executiva da Invicta®.

Livre de odores e substâncias químicas

Por ser considerado um material inerte e não poroso, os vidros, em geral, são de fácil higienização e não absorvem os odores ou os sabores dos alimentos armazenados. Uma propriedade que ajuda a manter as características originais das diferentes comidas guardadas e evita a contaminação cruzada de aromas. Além disso, o vidro é um material que não libera substâncias químicas prejudiciais à saúde, como no caso do plástico.

Transparência e praticidade

Potes de vidro herméticos e transparentes conseguem ser ainda mais práticos e úteis, ao permitirem visualizar o conteúdo sem a necessidade de abri-los. Uma vez mantidos fechados, o tempo de conservação dos alimentos é ainda maior, principalmente se considerarmos a maior vedação que esse tipo de pote oferece.

Resistência ao frio e ao calor

Outra vantagem desses recipientes é sua alta versatilidade diante de diferentes temperaturas. São opções seguras para armazenar alimentos desde a dispensa até a geladeira e o freezer. Também resistentes ao calor, esses potes de vidro – sem as tampas, nesse caso – podem igualmente ir ao micro-ondas ou forno com segurança, economizando tempo e reduzindo a necessidade de acomodar os alimentos em outros refratários.

Foodtech evita perdas de 1,5 mil toneladas de alimentos

Food To Save afirma ter evitado, em dois anos de atuação,  que  1,5 mil toneladas de alimentos fossem desperdiçadas na capital paulista, Grande ABC, Americana (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). A startup, que iniciou o combate em maio de 2021, se prepara para expandir a atuação para Minas Gerais (MG) até o final deste ano

“A Food To Save nasceu com o propósito de revolucionar a maneira que consumimos. Trata-se do engajamento e educação de toda a sociedade e dos empresários. Por isso, é muito gratificante ver o crescimento  do que estamos construindo. Para 2023, prevemos a consolidação nas capitais em que já atuamos e planejamos ampliar o negócio para outros setores e estados”, comenta o CEO e cofundador da Food To Save, Lucas Infante.

Além de conquistar mais de 3000 estabelecimentos comprometidos na luta contra o desperdício de alimentos –  entre eles  Rei do Mate, Havanna, Dídio Pizza, Natural da Terra, Hortifruti, Duckbill e Brownie do Luiz – a foodtech recentemente começou um modelo chamado “centro de distribuição anti-desperdício”. A empresa recebe produtos próximos da validade de empresas como Nestlé, Shopper e Biscoitê, e repassa os produtos que já não atendem a data mínima de vencimento e esses produtos são vendidos  com descontos de até 70% no app.

Com Assessorias

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