A Black Friday, que acontece sempre na quarta sexta-feira de novembro, é uma das épocas em que os consumidores são mais provocados para comprar. Com o recebimento do 13º salário, que coincide com a data, muitas pessoas entram na onda do consumismo e se rendem às inúmeras promoções do varejo.  Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o fenômeno que nasceu nos Estados Unidos virou uma febre no Brasil desde 2010, ajudando o comércio a aumentar a saída dos produtos e renovar os estoques para o Natal.

Quando começou por aqui, os estímulos para a compra eram realizados por meio de campanhas e comunicações um dia antes da data. Depois, passaram a ocorrer uma semana antes e, neste ano, estamos vendo campanhas ocorrendo um mês antes, com as pessoas sendo impactadas o tempo todo com anúncios e ações digitais.

Segundo dados da pesquisa Google Survey de 2018, 35% dos brasileiros, portanto uma em cada três pessoas, pretendem usar parte do seu 13º salário para consumir durante o final de ano. De acordo com estudo realizado pela Hello Reserach (2014) e na pesquisa Provokers (2018), em 2014 somente 27% dos brasileiros tinham conhecimento da Black Friday, enquanto que, em 2018, este número subiu para 99,5%.

Portanto, é enorme o alcance deste evento que, embora marcado para 23 de novembro, reverbera para muito além desse dia, impactando os consumidores ao longo de todo o mês. Com isso, é preciso estar atento para evitar as compras desnecessárias.

Pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC-Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em 2017, revelou que 37% dos consumidores admitem ter comprado algo que não precisavam nos últimos 30 dias. Portanto, quase dois em cada cinco brasileiros gastou um dinheiro que poderia ter sido economizado ou usado para comprar algo realmente necessário.

Diante deste cenário, o Instituto Akatu traz dicas de consumo de experiências como forma de substituir o consumo de bens. O intuito é de promover uma maior reflexão sobre a real necessidade de compra, buscando provocar cada um a pensar se não pode continuar com algo que já tem, ao invés de trocar por algo novo, e utilizar o valor que deixou de ser gasto em uma experiência com amigos, familiares, comunidade, ou até mesmo sozinho.

Avalie a real necessidade do produto

Não se pode esquecer que deixar de comprar algo que você não precisa significa economizar 100% do valor do produto!!! Assim, é importante avaliar a real necessidade dos produtos ou serviços que estão sendo ofertados e só adquiri-los depois de se perguntar se, verdadeiramente, as ofertas são “imperdíveis” porque você concluiu que precisa mesmo do que está sendo oferecido com desconto.

É importante lembrar que, quando compramos bens desnecessários, estamos contribuindo para impactos negativos sobre nós mesmos, pois poderíamos usar esse dinheiro de uma melhor forma para o próprio bem-estar, sobre a sociedade e sobre o meio ambiente, visto que não há consumo sem impacto na produção do bem, no seu transporte, uso ou descarte. Assim, para além de questionar a necessidade de um bem ou serviço em si, é bom considerar também os impactos dos recursos utilizados para que um produto chegue até o consumidor:

Quais recursos naturais foram consumidos e qual foi o impacto da sua extração e processamento?
Quais foram os impactos negativos no meio ambiente e na sociedade a respeito da produção dos produtos em que foram utilizados esses recursos naturais?
As condições de trabalho na cadeia de produção incluíram a utilização de trabalho infantil ou escravo?

As respostas a essas e outras perguntas podem nos indicar que uma compra desnecessária, além de tirar do nosso bolso um dinheiro que poderia ser melhor utilizado, vai também impactar, talvez negativamente, a sociedade e o meio ambiente.

Calça jeans consome mais de 10 mil litros de água

Por exemplo, para produzir uma calça jeans são necessários, em média, 10.850 litros de água, quantidade suficiente para suprir o consumo residencial (lavar roupas, tomar banho, beber, cozinhar etc.) de uma pessoa por mais de três meses! Sendo a água um recurso escasso e precioso, a decisão de comprar uma calça jeans, além de considerar se não haveria algo mais necessário, deve levar em consideração a uma enorme quantidade de água consumida na produção, um recurso que deve ser usado com cuidado por todos nós.

Além disso, de acordo com uma análise de ciclo de vida realizada por um fabricante global de roupas, a produção e a lavagem dessa calça jeans, ao longo de sua vida útil, geram o equivalente a 33,4 kg de gases de efeito estufa, causadores das mudanças climáticas. Considerando esse montante, a produção e manutenção de 23 calças jeans causam uma emissão de gases de efeito estufa equivalente a uma viagem de carro de quase 4 mil quilômetros, como de Porto Alegre até Belém do Pará. É um enorme impacto, que deve também ser considerado ao se decidir pela compra desse produto, especialmente se ele não é realmente necessário.

Nessa Black Friday, o Akatu propõe trocar a compra de bens pelo consumo de experiências que nos proporcionem bem-estar, como o encontro com amigos, uma viagem, um passeio pelo parque, uma visita a uma exposição, uma ida a um show ou concerto. Que tal refletir sobre aquilo que realmente proporciona bem-estar? É verdade que o ato de compra pode gerar uma satisfação imediata, mas desfrutar de um momento perto daqueles que amamos não tem preço. E, em geral, um bem não nos trará satisfação da mesma maneira que uma experiência que nos enriqueça pessoalmente.

Uma pesquisa liderada pelo grupo Harris concluiu que, nos Estados Unidos, os gastos com experiências aumentaram 70% nos últimos vinte anos. As pessoas, com destaque para as das gerações millenials e Y, demonstram priorizar os gastos com experiências mais do que investir em bens materiais. Outra constatação do estudo: é mais comum se arrepender da compra de um bem do que de uma experiência, mesmo que ambas – compra e experiência – não tenham atendido à expectativa inicial.

Ao considerar a Black Friday como um dia como outro qualquer, é mais fácil às pessoas manterem o foco no que realmente necessitam, sem seguir modismos ou consumos desnecessários. Para isso, é fundamental refletir sobre a forma como cada um está consumindo e se nossas atitudes de consumo estão alinhadas com o que realmente é importante em nossas vidas.

Cada um de nós deve refletir sobre o alinhamento do seu consumo e do seu gasto de dinheiro com os próprios valores, com o que é mais importante na vida. O consumidor consciente lembra do que lhe é mais fundamental, tendo no consumo uma forma de atender suas reais necessidades e não um instrumento para demonstrar status publicamente, para projetar alguma expectativa não atendida ou para aniquilar algum tipo de frustração.

Fonte: Instituto Akatu

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