Esse dia esperado no calendário do comércio provoca frisson em muita gente… Mas… Por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar? Como descartar? São seis as perguntas do consumo consciente para este 25 de novembro, dia em que a Black Friday é realizada no Brasil e em diversos países do mundo, com o objetivo de aquecer o comércio no fim do ano com a promessa de grandes descontos. E, de carona, estimular o consumismo desenfreado.

Para o Instituto Akatu, ONG que atua há 15 anos pelo consumo consciente, a data é uma oportunidade para promover a reflexão sobre a nossa relação com o consumo. O consumidor deve se questionar sobre a real necessidade do produto e o real desconto no seu valor. “Comprar o que não precisamos, mesmo que pela metade do preço, sai muito caro para o consumidor e para o planeta”, alerta Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu.

Mattar destaca que o consumo não se resume apenas ao ato de comprar. “Quando compramos algo, significa que estamos dando nosso voto de confiança para as empresas de quem compramos. E parte dessa confiança é acreditar que o desconto de fato existe. Pois, se o preço foi majorado antes de o desconto ser aplicado, pode ser que nem desconto exista. Mas, o essencial mesmo é ter certeza de que o que estamos comprando é realmente necessário. Como a pressão da Black Friday é muito grande, é preciso pensar várias vezes antes de comprar… É muito importante refletirmos antes de comprar”, explica Mattar.
Assim, independentemente dos descontos anunciados, é importante o consumidor realizar a etapa do planejamento da compra, comparando preços e checando se o desconto no valor dos produtos é real e se o produto é realmente necessário. Em época de crise, com dinheiro curto no bolso, nada melhor do que economizar. Mas o essencial é não se deixar levar pelos anúncios de desconto e pelo impulso de compra sem necessidade.

Campanha #ClimaMuitoLoko

Para promover o consumo consciente na Black Friday e nas festas de fim de ano, o Instituto Akatu lançou a nova fase da Campanha#ClimaMuitoLoko, dedicada ao uso consciente do dinheiro e crédito e sua relação com as Mudanças Climáticas. Ao longo do ano, as várias etapas da campanha vêm promovendo a reflexão de que o excesso de consumo afeta nossas vidas, o meio ambiente e está diretamente relacionado às mudanças no clima.

“O aumento do consumismo é estimulado por datas como a Black Friday, o Natal e datas comemorativas como o Dia das Mães. Podemos e devemos comemorar. Mas sem excessos e desperdícios, estimulados pela publicidade que relaciona o afeto e a emoção a coisas materiais. Exposto a uma infinidade de ofertas, o consumidor pode perder a noção daquilo que é realmente necessário. E como na produção e transporte de tudo o que consumimos são emitidos gases de efeito estufa (GEE), o excesso de consumo leva, entre outros impactos negativos, ao aquecimento global e às Mudanças Climáticas que estamos vivendo”, explica Helio Mattar.

O excesso de consumo, sem planejamento e reflexão, também pode prejudicar o bolso do consumidor: dívidas em cartões de crédito e empréstimos podem se tornar uma bola de neve para o ano seguinte, prejudicando o bem-estar de cada indivíduo e de suas famílias. Para evitar isso, é importante que a aquisição de cada produto ou serviço aconteça levando-se em consideração sua real necessidade e a condição de cumprir o prazo de pagamento confortavelmente.

 

Seis perguntas do Consumo Consciente

1. Por que comprar?

Pergunte-se, antes da compra, se você realmente precisa do produto ou se está sendo estimulado por propagandas ou impulso do momento, que podem levá-lo a comprar mais do que necessita ou pode comprar. É importante lembrar os limites dos recursos naturais do planeta e o que realmente é importante na vida de cada um. Isso muitas vezes vai significar “ter” algo não material no lugar do material, como dedicar mais tempo a atividades com a família e os amigos.

2. O que comprar?

É neste momento que definimos qual produto queremos comprar, ao analisar o que as opções disponíveis oferecem e escolhendo as características que realmente atendem às nossas necessidades. Atributos demais que nunca serão usados são puro desperdício. Busca-se definir também a qualidade e durabilidade do produto, suas características de segurança no uso, eficiência energética e outros critérios que permitam selecionar sua escolha.

3. Como comprar?

Devo comprar à vista ou a prazo? Conseguirei manter as prestações pagas em dia? Vou comprar perto ou longe de casa? Como vou buscar e levar minhas compras? De carro, ônibus, bicicleta, a pé? Fazer compras de bicicletas no final de semana com a família pode ser divertido e uma ótima experiência para todos. E prefira sempre sacolas duráveis, ou mesmo caixas de papelão, a opções descartáveis.

4. De quem comprar?

Ao escolher a empresa fabricante do produto a ser comprado, é importante considerar as características de produção, o cuidado no uso dos recursos naturais, o tratamento e a valorização dos funcionários, o cuidado com a comunidade e a contribuição para a economia local. Assim, o consumidor pode reconhecer e valorizar com suas escolhas as empresas que melhor cuidam da sociedade e do planeta, além de atender às características definidas na etapa “o que comprar?”.

5. Como usar?

É essencial encontrarmos formas de usar de maneira consciente os produtos e serviços adquiridos de modo a evitar a troca sucessiva de itens sempre que algo novo surge no mercado ou entra na moda. Alguns exemplos: ser cuidadoso no uso, usar os produtos até o final da sua vida útil, consertá-los se quebrarem antes de pensar em comprar um novo, desligar aparelhos eletrônicos quando não estão em uso e consumir somente o necessário de recursos como a água nas diversas atividades domésticas.

6. Como descartar?

É o momento de se perguntar se o que se quer descartar não tem mais nenhuma utilidade, seja para você ou para outras pessoas. Caixas e embalagens podem se transformar em brinquedos para as crianças, e roupas antigas com nova costura, móveis reformados e eletrodomésticos consertados podem ser doados ou trocados. Quando realmente não houver novos usos para o produto, deve-se descartar os resíduos de maneira correta, buscando enviar o que for possível para a reciclagem. E sempre lembrar que não existe “jogar fora”: o “fora” é o nosso planeta, onde todos vivemos.

 

Fonte: Instituto Akatu, com redação

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