Estima-se que no Brasil, uma em cada quatro pessoas enfrentará algum transtorno mental ao longo da vida, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A falta de informação, o medo e fatores sociais podem contribuir para o aumento desse número. No entanto, com o suporte adequado e no momento certo, é possível fazer a diferença.
Neste Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre a Saúde Mental, especialistas destacam a importância dos cuidados psicológicos e emocionais. Durante este período, ressalta-se a significativa busca por orientação e encaminhamento para profissionais qualificados na área da saúde mental. A psicoterapia é um dos meios de tratamento mais conhecidos para o cuidado da saúde mental.
No entanto, conforme uma pesquisa realizada pelo Instituto Cactus, entidade filantrópica dedicada à promoção do bem-estar psíquico, em colaboração com a AtlasIntel, empresa especializada em pesquisas e dados, aproximadamente 5,1% dos brasileiros encontram-se atualmente em tratamento com psicoterapia. Além disso, cerca de 19% da população procurou algum psicólogo ou psiquiatra em 2023, sendo que a maioria dessas consultas resultou em menos de cinco sessões.
Ao abordar o tema, surgem questionamentos sobre a relação entre saúde mental e transtornos mentais, em que a distinção entre ambas pode ser sutil. A saúde mental abrange o bem-estar emocional, psicológico e social de um indivíduo. Embora seja comum enfrentar momentos de estresse, tristeza ou ansiedade, isso não indica automaticamente um transtorno mental.
No entanto, se tais sentimentos persistirem, afetando as atividades diárias e causando sofrimento significativo, pode sinalizar a presença de um problema de saúde mental que requer cuidados profissionais.
Autoconhecimento é fundamental no tratamento
O desenvolvimento da capacidade de compreender emoções e limitações, aliado à adoção de práticas saudáveis como sono adequado, alimentação balanceada e exercícios físicos, incluindo meditação, yoga e respiração consciente, são aspectos essenciais na redução do estresse, um fator crítico associado a diversos transtornos mentais, como ansiedade, depressão e síndrome de Burnout.
É importante ressaltar o autoconhecimento e o autocuidado neste processo, uma vez que estão intrinsecamente interligados, pois desempenham um papel crucial na construção da confiança individual. Esses elementos não apenas fortalecem a autoconfiança, mas também influenciam diretamente nas decisões diárias de uma pessoa, além de oferecerem um entendimento mais profundo dos limites do corpo e da mente.
Luiza Khalil, psicóloga do Hospital Estadual de Formosa (HEF), unidade do governo de Goiás, destaca a valorização e o fortalecimento do desenvolvimento pessoal e das habilidades individuais. O objetivo é alcançar o equilíbrio emocional e a capacidade de encontrar novos significados ou perspectivas diante das situações vivenciadas.
Quando falamos em hábitos saudáveis, podemos citar a importância da boa alimentação e uma adequada condução ao sono. Esses aspectos, sob níveis fisiológicos, influenciam diretamente na estabilização psíquica, desempenhando um papel estrutural em conjunção”, ressalta Luiza.
A psicóloga pontua que a avaliação individualizada e a busca por esse processo permitem identificar quando há necessidade de complementar a terapia com abordagens medicamentosas. Segundo ela, a psicoterapia oferece uma escuta qualificada, juntamente com intervenções terapêuticas. Assim, quando indicado após uma análise cuidadosa, encaminhamentos para serviços psiquiátricos são realizados.
Hospital público de Goiás oferece musicoterapia diretamente no leito e passeios internos
O trabalho desenvolvido pela equipe de colaboradores do HEF, unidade administrada pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (IMED), demostra um papel muito importante quanto ao suporte aos pacientes. A abordagem é cuidadosamente direcionada por meio de mecanismos psicológicos que visam resgatar a subjetividade e promover uma melhoria significativa no bem-estar.
A estratégia da unidade envolve uma escuta qualificada e a aplicação de técnicas terapêuticas, especialmente centradas na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Além disso, no processo de humanização e resgate da subjetividade, o HEF implementa uma variedade de mecanismos lúdicos e terapêuticos, como a musicoterapia diretamente no leito do paciente, passeios externos dentro da unidade, e facilita chamadas de vídeo para conectar os pacientes com familiares que não podem visitá-los pessoalmente devido à distância.
Esses recursos são cuidadosamente escolhidos para otimizar o estado de humor e promover um ambiente mais acolhedor e terapêutico. Esta abordagem holística visa não apenas tratar condições específicas, mas também proporcionar um ambiente de cuidado que atenda às necessidades emocionais e psicológicas dos pacientes, contribuindo para sua recuperação integral”, afirma a especialista.
Com Assessorias