A adesão ao tratamento e o acompanhamento contínuo de um reumatologista são essenciais para controlar os sintomas, minimizar a progressão da doença e reduzir o risco de danos irreversíveis às articulações, tecidos e órgãos. É sempre bom lembrar que em caso de dúvida o paciente deve procurar um médico reumatologista”, afirma José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
Artrite reumatoide x artrose
A artrite reumatoide é uma doença autoimune, ou seja, caracterizada pelo ataque do próprio corpo às articulações, provocando inchaço, rigidez e dores. O distúrbio costuma atacar especialmente dedos, joelhos e tornozelos.
Já a artrose, também chamada de osteoartrose, é o desgaste da cartilagem que reveste as articulações ou juntas. Não é considerada uma doença e sim um processo natural que faz parte do envelhecimento do organismo.
Muitas vezes essas duas patologias são confundidas, contudo, a artrite é a inflamação enquanto a artrose é a degeneração das articulações”, explica Rodrigo Vetorazzi, ortopedista do Consulta Aqui (Grupo HAS).
A causa da artrite reumatoide é desconhecida, porém, fatores como infecções, genes, mudanças hormonais e até o tabagismo podem estar relacionados com a doença e seus sintomas mais frequentes são:
- Dor e inchaço nas articulações;
- Rigidez matinal;
- Nódulos reumatoides;
- Fadiga, febre e perda de peso.
Exames de imagem e laboratoriais são empregados para o diagnóstico da artrite reumatoide e o tratamento é feito de acordo com o grau da doença, muitas vezes com anti-inflamatórios, e, por se tratar de uma doença progressiva, deve-se começar imediatamente após o diagnóstico”, diz o ortopedista do Grupo HAS.
Já a artrose é um distúrbio considerado um dos principais da chamada melhor idade, pelo fato de a população mundial estar envelhecendo. De acordo com a ONU, até 2050 a quantidade de idosos duplicará no mundo.
No Brasil, a expectativa é que o número de pessoas com mais de 60 anos aumente mais do que a média mundial, passando dos atuais 12,5% para 30% e, entre as consequências, está o aumento de doenças degenerativas, como a artrose.
As causas podem ser variadas e são classificadas como artroses primária e secundária. A primeira ocorre, principalmente, devido ao uso excessivo de uma articulação. O uso repetitivo ao longo dos anos causa danos à cartilagem, que provoca dor e inchaço quando do envelhecimento natural do indivíduo. Já a secundária é uma consequência de doenças ou condições. Obesidade, trauma repetido, cirurgias articulares, anomalias congênitas, gota, artrite reumatoide, diabetes e outros problemas podem ocasioná-la.
São vários os sintomas da artrose. Entre eles estão:
- Dor nas articulações, que começa aos poucos e aumenta de intensidade no decorrer dos anos;
- Rigidez e diminuição da mobilidade articular.
- Perda de flexibilidade.
- Rangidos e estalos na articulação.
- Inchaço quando inflamada.
Pessoas com mais de 60 anos que percebam um ou mais desses sinais devem procurar auxílio médico especializado, no caso o reumatologista e/ou ortopedista, que, após análise clínica, solicitará exames como raio X, ressonância magnética e a análise do líquido sinovial para o correto diagnóstico”, alerta o Dr. Rodrigo.
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Ajustes no estilo de vida, apoio familiar e terapias medicamentosas fazem parte do tratamento
Predominante em mulheres, com uma incidência duas vezes maior em comparação aos homens, a artrite reumatoide costuma se manifestar antes dos 40 anos de idade, ao contrário da percepção da população geral de que afeta exclusivamente idosos. Esse, inclusive, é um dos mitos frequentes sobre a doença que contribuem para o atraso no diagnóstico.
Sem o diagnóstico e tratamento adequados, as articulações inflamadas podem causar rigidez matinal, limitar os movimentos e comprometer a realização de atividades cotidianas. Em casos mais graves, a doença pode evoluir para deformidades”, explica Betânia Longo, reumatologista do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS).
Fatores de risco e diagnóstico
A artrite reumatoide tem causa desconhecida, porém fatores genéticos podem influenciar o desenvolvimento da doença, como destaca a médica. “Pessoas com histórico familiar de artrite reumatoide têm maior predisposição para desenvolver a doença.
Contudo, hábitos saudáveis – como alimentação balanceada, prática regular de atividade física e controle de peso – podem reduzir o risco. A consulta com um reumatologista é essencial para uma avaliação especializada”, recomenda Dra. Betânia.
O diagnóstico da artrite reumatoide é realizado com base na história clínica, exame físico, exames laboratoriais e de imagem. “Radiografias, ultrassonografias e ressonâncias podem ser necessários, dependendo de cada caso”, esclarece a especialista.
Tratamento e controle da artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória sistêmica autoimune e pode estar associada a outras doenças desencadeadas pelo mesmo mecanismo. O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para controlar a progressão da doença.
O tratamento inclui reeducação do paciente e da família, terapia medicamentosa, fisioterapia, apoio psicossocial, terapia ocupacional e, em alguns casos, abordagens cirúrgicas. Muitos pacientes precisam adaptar suas atividades diárias, como vestir-se, cozinhar ou realizar tarefas domésticas, de modo a reduzir a sobrecarga mecânica nas articulações. Nesse contexto, o apoio familiar é essencial, além do acompanhamento com um terapeuta ocupacional, que orienta sobre práticas adequadas para preservar a função das articulações.
Dra. Betânia também destaca a importância de adotar um estilo de vida saudável no controle da artrite reumatoide. “Exercícios físicos regulares, supervisionados por profissionais qualificados, uma dieta equilibrada, evitar o tabagismo e manter uma boa qualidade de sono são fundamentais”, afirma.
O tratamento medicamentoso é outra peça-chave no manejo da doença. Anti-inflamatórios não hormonais e glicocorticoides podem ser utilizados no controle da dor e no processo inflamatório. Drogas modificadoras do curso da doença e agentes biológicos são opções de tratamento, a depender do quadro clínico, evolução e gravidade de cada caso. No Centro de Infusões do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), é possível fazer tratamentos imunobiológicos.
O tratamento correto, aliado ao acompanhamento regular com o reumatologista, pode levar à remissão da doença e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente”, finaliza a médica.
Outubro, mês de luta e conscientização contra o reumatismo
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 15 milhões de brasileiros são acometidos por doenças reumáticas
Além do Dia Mundial de Conscientização da Artrite Reumatoide, o mês de outubro é marcado por mais duas datas importantes para os reumatologistas. Em 20 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Osteoporose, doença que ocorre quando há uma diminuição de massa óssea, ocasionando o enfraquecimento dos ossos, gerando fraturas.
Essa enfermidade é a principal causa de rupturas na população com a idade acima de 50 anos, comum em mulheres pós menopausa, homens na andropausa e idosos”, explica a reumatologista Cláudia Goldenstein Schainberg.
Já o dia 30 marca o Dia Nacional de Luta Contra o Reumatismo. Doenças reumáticas ou reumatológicas caracterizam-se por comprometer o sistema músculo-esquelético, como cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Algumas doenças reumáticas podem, ainda, comprometer outras partes e funções do corpo, como rins, coração, pulmões, olhos, intestino e até a pele.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca de 15 milhões de brasileiros, independentemente de suas idades são acometidos por doenças reumáticas, que tem grupo de mais de 120 enfermidades. Os principais sintomas são dores e inchaços nas articulações. Conviver com doenças reumáticas sem um tratamento pode interferir nas atividades diárias, no desempenho profissional e em diversas áreas da vida”, diz
A falta de diagnóstico e tratamento precoce é uma das maiores preocupações quando falamos de combate a doenças reumáticas. Pois pode levar a uma perca de qualidade de vida e incapacidade física”, relata a especialista.
O recomendado é procurar por um acompanhamento médico especialista, para realizar o diagnóstico correto e tratamento adequado. Manter uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios regulares é fundamental para uma boa recuperação e alcance da qualidade de vida”, conclui a especialista Cláudia Goldenstein Schainberg.
Com Assessorias
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