Apesar de ter sua importância muito enfatizada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro antes do Carnaval fora de época, o passaporte vacinal, comprovando o esquema completo de imunização contra a Covid-19 – não era exigido na maior parte das entradas para a Avenida Marquês de Sapucaí, conforme observou a reportagem do Portal ViDA & Ação durante os 90 minutos em que permaneceu à espera da credencial na entrada do Setor 2, ao lado da Sala de Imprensa.

Questionada a respeito, a SMS-Rio reconheceu que, com o atraso na abertura dos portões, a Liga Independente das Escolas de Samba acabou liberando a entrada sem apresentação do documento, mas o  Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa-Rio)  notificou a Liesa, que é responsável pelo acesso, para corrigir a falha e fazer a cobrança do comprovante.

Além do grave acidente com a menina na área de dispersão do Sambódromo, a primeira noite de desfiles das escola de samba da Série Ouro foi marcada por 213 atendimentos nos sete postos médicos no local pela Secretaria Municipal de Saúde. Entre eles, 13 pacientes com quadros mais delicados foram transferidos para unidades de emergência da rede municipal.

Os postos médicos da SMS-Rio estão localizados nos setores 1 (concentração), 2, 7, 8, 10 (Rua Salvador de Sá), 11 e Apoteose (dispersão) da Marquês de Sapucaí e funcionaram até o fim da apresentação da última escola, Acadêmicos do Sossego. “Os postos reabrirão às 19h para a segunda noite de desfiles das agremiações nesta quinta-feira (21)”, informou a SMS-Rio.

A operação da SMS-Rio no Sambódromo também inclui ações de fiscalização da Ivisa, para verificação do cumprimento das normas sanitárias. Nesta noite, os agentes do instituto fizeram 81 vistorias no Sambódromo, Terreirão do Samba e áreas públicas de entorno ocupadas por ambulantes, com seis autos de infração expedidos.

Preços elevados e críticas a credenciamento

Credencial para trânsito livre na Sapucaí: jornalistas criticam falhas na entrega (Foto: Rosayne Macedo)

A falta de iluminação em alguns trechos para quem circulava com credencial de trânsito livre, por trás dos camarotes e frisas, também foi notada. Além do preço salgado e da qualidade dos alimentos servidos nos pontos montados dentro do Sambódromo – um espetinho de carne requentado era vendido por 16 reais -, em alguns desses pontos faltou energia elétrica e não foi possível preparar os petiscos e lanches.

Na saída, os preços exorbitantes praticados pela Táxi Rio – que cobrava tarifa especial, sem desconto – também foram criticados. Motoristas do Uber e outros aplicativos são impedidos de acessar as proximidades do Sambódromo, o que se tornou exclusividade do aplicativo criado pela prefeitura.

Muitas pessoas também reclamavam da demora na entrega de credenciais a profissionais que trabalhariam no evento. Entre jornalistas, houve espera de até 3 horas na Cidade das Artes, sede da Riotur  – empresa municipal que organiza o Carnaval – e de até 1 hora e meia do lado de fora do Sambódromo. Apenas duas profissionais de assessoria foram destacadas para atender toda a imprensa nacional e internacional que cobre o ‘maior espetáculo da Terra’.

A comunicação sobre a retirada das credenciais foi feita somente na véspera e, segundo a assessoria, uma série de exigências foi feita este ano pela comissão de credenciamento da Riotur e Liesa para evitar um vazamento de credenciais. “Chamavam jornalistas credenciados de vândalos”, disse uma assessora.

‘Foi praga do bispo’, diz jornalista

Quintino Gomes Freire, editor e colunista do Diário do Rio, fez duras críticas em sua coluna à organização do evento. “Impressionou a incompetência da Riotur para o credenciamento da imprensa para o Carnaval de Abril. Tem jornalista fazendo vodu com algumas figuras de lá”. Ainda segundo ele, o prefeito Eduardo Paes ficou irritado com a situação e mandou arranjar uma solução após ser marcado em uma das postagens de jornalistas que cobrem o Carnaval do Rio há décadas.

Quintino classificou a desorganização do credenciamento como ‘praga de bispo’ ao referir-se a Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus que foi prefeito do Rio durante quatro anos e sabidamente era avesso à ‘festa profana’ na Sapucaí. “É tanto problema e amadorismo que está pior que Crivella na frente do Carnaval. E olha que Eduardo Paes é do samba”, escreveu ele. Apaixonado por samba, o prefeito do Rio torce pela Portela, escola que desfila sábado (23) pelo Grupo Especial.

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