Aos 11 anos este cearense começou a beber, influenciado por familiares e amigos. Usou drogas e enfrentou suas graves consequências: foram 19 internações, processos e perdas financeiras. Hoje, aos 64, Antonio Tomé, está há 15 anos longe do álcool e das drogas. E se tornou terapeuta em dependência química, ajudando pessoas de todas as idades a enfrentar o problema.
Confira o depoimento de Antonio Tomé ao Blog Vida & Ação:
“Sou de Fortaleza, no Ceará. Tive uma infância onde eu presenciava muito minha avó beber, meus tios beberem, meu pai beber… Mas não me incomodava aquilo tudo. Aos 11 anos de idade, eu tomei a minha primeira dose de bebida, através de influência de amigos. A gente combinou beber, né. E eu iniciei de uma forma assim já pesada. Já iniciei usando aguardente, ou seja, cachaça. Naquela época, era comum pessoas de 12, 13 anos de idade beberem escondidas.Aí eu ia no bar e comprava uma garrafa de cachaça e dizia que era para o meu pai.
Eu morava numa casa e bebia escondido da minha mãe, dos meus irmãos e de todo mundo. Bebia com o meu amigo. Me lembro que eu disfarçava a bebida com tira-gosto de perfume, passava perfume nos lábios, na boca, pra ninguém notar que eu bebia. E minha família só veio a descobrir na festa de formatura do ginásio, quando teve uma grande festa no clube pra dançar valsa. Eu fui pro clube e levei escondido uma bebida chamada Rum Bacardi, que era uma garrafinha que cabia no bolso do paletó. Eu levei e bebi sozinho aquela garrafinha. Fiquei bêbado e na hora de dançar valsa com minha madrinha no salão e eu desapareci. Fui encontrado num local do clube perto da piscina, desmaiado, em coma já, aos 13 anos de idade, todo vomitado.
Foi aonde minha mãe, a minha família, tomou ciência de que eu bebia. Aí ela começou a ter um certo cuidado comigo, uma vigilância. Me proibia de certas amizades, mas eu sempre encontrava uma forma de burlar aquela proibição. Minha mãe era muito rígida, ao contrário do meu pai, que era mais liberal, descuidado… Talvez porque gostasse também do álcool, embora não aprovasse que eu bebesse – ele me chamou muito a atenção seriamente.
Me lembro que minha mãe sempre me proibiu de andar com duas pessoas do meu bairro que eram mal vistas assim, eram maconheiros, bebiam, desordeiros, quebravam bares, essas coisas, e aqueles caras me fascinavam, e eu sempre encontrava uma maneira de estar perto dessas pessoas. E com 17 anos de idade, perdi meu pai. Ele era um alcoólatra e no dia 25 de dezembro de 1969 foi assassinado dentro de um bar, às 7 horas da noite. Isso me chocou bastante, porque meu pai era um parceirão que eu tinha”.
* Colaboração de Patrícia Terra, especialmente para o Blog Vida & Ação (com Redação)
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