Um paraíso ecológico ameaçado pela febre amarela. Conhecida internacionalmente por suas belas ilhas, Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, vê despencar a entrada de turistas, por medo da doença. Até o momento, 14 pessoas já morreram no município, das 43 confirmadas com a febre amarela silvestre. É a cidade do Estado do Rio de Janeiro mais atingida pela epidemia da doença que já matou 63 pessoas, de um total de 167 casos confirmados. Em todo o ano passado, foram confirmadas 27 pessoas com a doença, das quais nove faleceram.
Numa ação inédita para tentar barrar o avanço da epidemia, nesta quinta-feira (15), a Secretaria de Estado de Saúde, em parceria com o município de Angra dos Reis, começou a instalar telas com inseticida em residências de pessoas que não podem tomar a vacina contra a febre amarela. O projeto piloto tem o objetivo de conter o avanço da doença em regiões com casos já registrados. As telas são fornecidas pelo Ministério da Saúde e serão entregues às prefeituras, responsáveis pela instalação do equipamento. Angra é o primeiro município a receber o material.
“Estamos trabalhando com todas as ferramentas possíveis para evitar que tenhamos mais casos de febre amarela. As telas vão ajudar a proteger quem não pode tomar a vacina, mas esse público é bem reduzido. Já vacinamos 10,7 milhões de pessoas, mas precisamos alcançar um total de 14 milhões para que todo nosso público-alvo esteja protegido”, disse o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.
Telas protegem contra mosquitos transmissores
As telas funcionam como uma barreira física contra os mosquitos Haemagogus e Sabethes, além de estarem impregnadas com inseticida piretroide, que elimina os mosquitos quando entram em contato com o material. A medida é uma aliada na proteção de pessoas que não podem tomar a vacina, mas deve ser acompanhada também de outras precauções, como uso de repelentes.
Neste primeiro dia, foram instaladas telas em cinco residências da Praia Vermelha, na Ilha Grande. A área foi escolhida por ser a região com mais casos da doença. A previsão é que ao longo de duas semanas outras residências também recebam as telas, ao todo, cerca de 80 pessoas serão beneficiadas com a medida.
As telas já foram usadas antes no Brasil para auxiliar no combate à malária e também durante o surto de zika. Agora, pela primeira vez estão sendo fornecidas para o combate à febre amarela. O Ministério da Saúde fornece as telas já impregnadas com o inseticida e a prefeitura fica responsável pela instalação. Nessa primeira etapa foram disponibilizados 100 metros de tela e a SES vai solicitar mais um quantitativo de acordo com a demanda dos outros municípios
“Estamos em contato com outras cidades para ofertar a ação e a partir da aceitação das prefeituras vamos disponibilizar esta ação para outras regiões. A medida é importante porque ajuda a proteger um público específico”, disse Mario Sérgio Ribeiro, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES. Nesta quinta, por exemplo, a tela foi instalada na casa de uma moradora com duas bebês de 4 meses. “Essas crianças não podem sair da Ilha por conta do trabalhos dos pais e ainda não têm idade para tomar a vacina, então as telas vão ajudar na proteção”, explicou.
Na quarta-feira (14), em mais uma ação para ampliar a cobertura vacinal, inclusive entre os idosos e outras pessoas que estariam fora da faixa de segurança da vacina contra a doença, o Centro Estadual de Diagnósticos de Imagem – Rio Imagem, no Centro do Rio, passou a oferecer a vacina de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h. O espaço contará com médicos de plantão para fazer avaliação de idosos e pessoas que precisam de recomendação. Cerca de 350 leituristas da Enel vão orientar e informar a população sobre a importância da vacinação para o combate da febre amarela nas cidades de Niterói, São Gonçalo e Magé, num total de cerca de 1,8 milhão de moradores.